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domingo, maio 30, 2010

Eles estão entre nós



“Viver é muito perigoso... Porque aprender a viver é que é o viver mesmo... Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e abaixa... O mais difí¬cil não é um ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra” (Guimarães Rosa)

Como não é segredo para ninguém gosto de ler. E, nos últimos dias, li um livro ultrainteressante denominado corretamente de "Meu vizinho é um psicopata", da psicóloga Martha Stout. Como o nome já aponta ela escreve sobre os psicopatas, mas, não quaisquer psicopatas e sim sobre aqueles que estão próximos a nós, aqueles que gozam de nossa intimidade, com os quais convivemos sem, muitas vezes, nos conscientizarmos que eles são psicopatas. O livro é muito bem feito tanto que começa por nos esclarecer o termo "psicopatia". Ela escreve que psicopatia é um termo mais popular para o distúrbio chamado de sociopatia. E classifica como psicopata uma pessoa que não tem vestígios de emoção, não sente culpa e é capaz de fazer qualquer coisa para saciar seus desejos, por mais simples que eles sejam. De tal forma que tramam, manipulam, roubam e até matam para alcançar seus objetivos. Claro que, sem muito trabalho, já comecei a pensar na quantidade de psicopatas que já conheci, inclusive muitos políticos bastante conhecidos e não, como costumamos pensar, os psicopatas de filmes de suspense e terror como os Hannibal, que são asassinos sanguinários ou mesmo serial killers. Pela primeira vez, me dei conta que esta não é a realidade. A realidade é que os psicopatas vivem entre nós, como se fossem "normais" e, a grande maioria deles, não tem sede de sangue nem vontade de matar. Eles são, na verdade, pessoas aparentemente comuns que só querem ganhar dinheiro, poder, influência, ser um grande empresário, um grande político, um governador ou presidente da república..Meu Deus! Agora, depois de tanto tempo, entendo do que são capazes! De tudo, absolutamente tudo. E, como não sentem culpa, remorso e nem nenhuma intenção de assumir as consequências dos seus atos estão completamente livres para culpar qualquer um. Por incrível que pareça os psicopatas só querem uma coisa: vencer. E o que me assusta (só agora vejo) é que eles estão vencendo.
Bem, raciocinando com lógica, isto não é de admirar. Afinal com a falta de escrúpulos que possuem e a capacidade de destruir a vida dos que atravessam seu caminho não é de espantar que consigam vencer. O problema real é que se é assim, na prática, desconfio que acabaremos ( se é que já não estamos) sendo governador por psicopatas. E a autora comenta que tratou de muitas pessoas que tiveram suas vidas devastadas por psicopatas com quem conviveram e que, muitas delas, chegaram até a tentar o suicídio. Vejam como os psicopatas são perigosos e imagine que a pior notícia vem aí: uma em cada vinte e cinco pessoas é um psicopata! Já pensou em que mundo perigoso nós vivemos? Você pode até ignorar o que estou dizendo (e a autora escreveu) e negligenciar, fingir que eles não existem, porém, o perigo está em que o psicopata pode estar na sua família, ser seu amigo ou você se apaixonar por ele, de forma que eles são perigosos e estão entre nós! Pode crer: mais cedo ou mais tarde você irá conviver ou já conviveu com um psicopata! Assim, tome cuidado, quando alguém estiver tentando justificar e defender alguém que lhe fez algum mal dizendo que ele é assim mesmo... sofreu muito... teve uma vida difícil e outras baboseiras, não vacile. Diga que tem razão, mas, se afaste. Este pode ser o seu psicopata.

segunda-feira, maio 24, 2010

COMO UM PASSARINHO



Hoje, infelizmente, devo fazer uma homenagem singela que não deve tocar senão aqueles que amaram seus cães e o perderam. È verdade que não se trata de uma experiência inédita e que, outras vezes, talvez, até tenha sentido mais, porém, é sempre uma dor, um sentimento quase de se perder um grande amigo quando se perde um cachorro. No caso, para ser verdadeiro, uma cachorra, a Jade, uma cofapizinha dessas bem sem vergonha que fazia jus ao nome. Era uma brava cachorra. Tanto que avançava sem medo em cães enormes e, muitas vezes, muito mais ferozes. Uma caçadora por excelência. Nada lhe escapava da atenção e pressentia tanto seus donos, os moradores, qualquer pessoa que se avizinhasse de nossa casa e latia, latia feito uma desesperada mesmo quando se tratava apenas da meninada que parava por ali para brincar ou namorar.
A falta da Jade, sei, ainda será sentida por um longo tempo. Foi uma cachorra fiel que, no entanto, não podia ver uma brecha no portão sem cair fora e passear na rua. Também comia tudo e com um desespero de quem passava fome, embora criada com ração, não perdia qualquer coisa que lhe dessem. De frutas a macarrão passando por doce ou por um osso ou um peixe e, enquanto teve saúde o apetite era imenso e infindável. Nada lhe escapava da boca. E era uma caçadora, pois, perseguia de baratas, ratos se houvesse e pombos, mesmo que, com estes, como via que a caçada era inútil, logo passou a conviver, o que a fazia ser objeto do achincalhe da Mag, minha mulher, que detesta a sujeira que os pombos fizeram e fazem nas paredes e nos toldos.
Histórias da Jade não faltaram para contar. De suas escapadas que davam trabalho para trazer de volta na medida em que fugia pelos quarteirões ou o fato de que, por mais que ralhasse com ela, minha moral era zero. Ela sabia que minhas ameaças eram ameaças apenas. Que, invariavelmente, iria lhe dar de manhã e de noite a ração e fazer cócegas com os pés na sua barriga. Só obedecia mesmo como um soldado ao general a Mag ou a Ana, que a criou e educou de que forma não sei, pois, era ineducável. A Jade era birrenta no sentido de que, quando contrariada, dava o troco e fazia coisas inexplicáveis como roer o para-choque do carro. Quem sabe a pintura tivesse algum sabor...
Apesar de ter começado o ano bem na medida em que lhe comprei uma ração especial e uns ossos para roer ela apresentava um bucho estranho, meio gordo. No começo se aventou a hipótese de falsa gravidez. Não era. Era um tumor que detectaram como câncer e como câncer ficou, pois, a desenganaram, apesar dos antiinflamatórios e a falsa impressão de que melhorava. Que não melhorava era claro pela quietude que tomou conta dela. Já não corria para a rua quando o portão se abria para o carro ou ia muito lentamente. O apetite esmoreceu. Comprei ração especial, passei a dar carne para ela e até comprei uns biscoitos de ossos, porém, sempre parecia mal alimentada e passou uns dias comendo só melancia e mamão. Nós sabíamos que seu fim era próximo e que era valente: não gemia, não parecia sentir dor fora dos olhos tristes com que nos olhava. Hoje, inesperadamente, morreu de uma hora para outra. Morreu mais silenciosamente do que viveu. Diria mesmo que morreu como um passarinho, mas, em nós, durante muito tempo, há de ecoar a ausência dos seus latidos.

quinta-feira, maio 20, 2010

NÃO É O QUE PARECE...



A CAUDA EXPOSTA
Sempre afirmo que o Partido dos Trabalhadores-PT tem um vicio de origem que usa como se fosse virtude: o estatismo. E quando falo em estatismo falo na tendência nem sempre oculta de tentar fazer prevalecer sua vontade como se fosse o “dono da verdade” e tivesse na mão a bola de cristal que desvenda o futuro de modo que pudesse, a partir do governo central, criar a sociedade desejável. É evidente que douram esta pílula com a propaganda e a missa ensaiada de que “fazem” a vontade do povo, porém, esta é, em geral, obtida por meio de convenções onde são maioria ou assembleias que dominam e, algumas vezes, por vontade expressa dos grandes e pequenos lideres. Não consta que Dilma, por exemplo, tenha vencido nem mesmo uma eleiçãozinha no Palácio quanto mais no partido para ser indicada candidata. Como nos melhores exemplos do comunismo internacional foi sacada pelo chefe e pronto. Efetivamente, como agora na eleição, tentam “dominar”, criar a hegemonia, ganhar a maioria da população, usando todos os métodos e meios.
È o caso visível do episódio da censura ao vídeo dos prefeitos na 13ª Marcha dos Prefeitos. Vetaram um vídeo que retrata as dificuldades dos prefeitos terem acesso a recursos porque a verdade da via crucis e o título de “Calvário” faria mal a campanha governista que, como Lula da Silva, prega que vivemos no melhor dos mundos possíveis e que está se fazendo o Brasil de uma hora para outra por encanto, a narrativa desmentiria. O episódio somente demonstra a escolha intelectual e a natureza do partido. Não há meio termo no tratamento que é dado as coisas. Ou se está com “eles”, ou seja, os iluminados que nos darão o novo mundo, ou se está contra e se vira tucano e adepto do FHC, como se o mundo se dividisse entre PSDB e PT. Nem o Brasil, justiça seja feita, é tão pobre de opções. O problema é que o PT continua ideologicamente a ser um partido de tradição leninista onde se sonha com o governo mandando na sociedade, com a vida pública sendo orientada pela “vontade dos homens revolucionários”, que enxergam o futuro, que sabem o que devem fazer e qualquer manifestação contrária à opinião de tais iluminados é vista como uma ameaça e deve ser banida. Assim os outros partidos, os intelectuais, quem não aceita uma sociedade de comando, quem não gosta de viver sendo mandado e quer pensar por conta própria ou expressa uma opinião contrária aos desejos do partido, acaba sendo atacado por discordar, por exercer a democracia. Assinala com extrema precisão o blogista Reinaldo Azevedo que “Se ‘O Partido’ está na oposição, cumpre mobilizar ‘a sociedade” contra o ‘estado autoritário’; se ‘O Partido’ está no poder, aí, então, mobiliza-se o ‘estado autoritário’ (que passa a ser ‘democrático’) contra ‘a sociedade’, que passa a ser manifestação do atraso” e, conclui, com brilho que “Em qualquer dos casos, quem se ferra é a liberdade, já que o único espaço legítimo de divergência passa a ser aquele que existe no ambiente do próprio ‘Partido’”. De fato, entendo que nem neste onde se exerce, hoje, com mão de ferro a vontade de Lula. Assim o PT se passou a conviver com a economia de mercado e a gere no Brasil e é o condutor da nossa economia ainda sonha com uma opinião única, com a “sociedade planificada” que já provou ineficiente e antiliberdade. Não é à-toa que Lula cultua Fidel e Chávez. O ideal dele, e do partido, continua no século passado, na via chamada de “revolucionária”, porém, que, na verdade, representa a morte da liberdade política. A supressão do vídeo sobre os prefeitos é a cauda exposta do animal escondido. O que se diz, porém, não adianta nada. O que vem de fora do partido está sempre errado.

domingo, maio 02, 2010

O esforço do governo Lula na busca do bom jornalismo



Embora o Partido dos Trabalhadores, e em especial Lula da Silva, reclamem muito da imprensa, tanto que se aproveita de qualquer ocasião, ou evento, para criticar e, muitas vezes, atacar a imprensa, que não se pense que não a usam exaustivamente. Lula só costuma bater quando lhe é conveniente. Em geral, quando repetem sem crítica os releases governamentais ou distribuem elogios não são mal vistas pelo presidente. Até, como se sabe, foi o mais generoso dos governos mesmo com jornais e revistas que, aparentemente, lhe são adversários, porém, que, no final, seguem uma estratégia governamental até porque lhe$ interessa. O problema é quando as mídias, mesmo com todos os vícios e jogos de interesse, adotam uma posição crítica, analítica, ou seja, tentam cumprir seu verdadeiro papel e investigar o que, realmente, o governo Lula fez de importante. Como o governo atual fez mais propaganda do que avançou na consolidação do país, é claro, que o governo não deseja que haja análise. Sua comparação é feita sempre em relação aos números passados, mas, o normal é que, apesar de tudo, o país cresça e, para ser mais fiel à realidade, o governo faz a comparação com o final do mandato de Fernando Henrique justamente quando todos os índices deterioram em função de que o PT iria assumir! Ou seja, o PT usa o desgaste que ele mesmo gerou para se elevar.
Na realidade não é, nem deve ser papel da imprensa adocicar coberturas oficiais e jogar confetes em governo. Jornalismo só existe quando é crítico e, antigamente, o próprio Lula cobrava contra os governos anteriores o fato de que a imprensa não fazia suficiente oposição, ou seja, Lula sempre gostou da imprensa quando está do lado dele. Mas, quem tem que fazer publicidade dos governos são as assessorias de imprensa e as agências de publicidade. A boa imprensa não pode se curvar aos interesses de quem está no poder. É assim que tem de funcionar. Que cada um cuide das suas respectivas funções, dos seus respectivos interesses. E somente neste tipo de ambiente, com posições pros e contras pode vicejar a democracia.
Na verdade o governo Lula segue a velha receita de todo governo: faz o maior e melhor uso possível dos espaços e, quando aparecem fatos que não lhe são favoráveis reage mal, tenta impor seu ponto de vista, reclama contra a divulgação, grita que há monopólio, conspiração e outras coisas. A verdade é que se acostumou mal a gozar da cegueira da imprensa com a qual teve uma relação muito estreita, na abertura política, nos anos 1980, no passado. Porém, o PT era oposição. Com a gradativa chegada do PT ao poder e a conquista da Presidência da República, as coisas mudaram e, mesmo o partido sendo vidraça, ainda continuou a ser tratado com muita benevolência. Até porque nunca antes neste país um governo gastou tanto com propaganda. São gastos anuais da ordem de R$ 7,7 bilhões. Este é o maior gasto que já se viu com a propaganda do Governo Federal, segundo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, entidades da área e veículos especializados no setor. Os gastos do ano passado, foram de R$ 1,17 bilhão, superaram em 48% os R$ 796,2 milhões investidos no primeiro ano de governo. Os dados representam o total geral de ministérios e estatais. Para se ter uma idéia da força avassaladora disto basta ver que, em 2003, o governo Lula se promovia em 499 mídias (rádio, jornal, revista, televisão e internet). No ano passado, foram 7.047 veículos. Um incremento de 1.312%. E espacial, de vez que, no primeiro ano de governo, os veículos que divulgavam publicidade federal estavaam espalhados em 182 municípios. Hoje, estão por 2.184 municípios. Em suma, o PT é bom mesmo em propaganda, pois, aumentou, diversificou e regionalizou o uso da imprensa pelo governo distribuindo o bolo da propaganda oficial em mais fatias e distribuindo mais horizontalmente, ou seja, também os grandes jornais e fortes veículos de comunicação viram minguar as verbas publicidade. Mas, antes que pensem que foram para todos e aceitem a teoria da conspiração da chamada grande imprensa, que algumas vezes é caustica com o governo Lula, convém lembrar que a Rede Globo, a Folha & outros muitos importantes continuam a ser regiamente aquinhoados obtiveram empréstimos e financiamentos que FHC, por exemplo, havia negado. Ou seja, Lula só reclama da imprensa quando não serve aos seus interesses tanto que, para aumentar ainda mais seu esquema de propaganda, a partir desta segunda-feira, dia 3, coloca no ar a Rede Nacional de Comunicação Pública (RNCP). A RNCP é formada pelos quatro canais da TV Brasil, e vai alcançar 1.716 municípios. Ou 30,8% das cidades brasileiras, com um público estimado de cerca de 100 milhões de pessoas - mais da metade dos 190 milhões de habitantes. É mais uma tentativa de tentar minimizar o poder das grandes redes de televisão. Não vai dar certo. Nada que o governo faz dá certo, mas, demonstra que o governo tenta usar a propaganda da melhor forma possível para seus objetivos de moldar a opinião pública. Não basta domesticar a imprensa. O governo Lula quer dizer o que a imprensa deve fazer e noticiar. Esta é a essência do que entende como bom jornalismo. Neste sentido o bom jornalismo será sempre o melhor diário oficial que se puder editar.