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sexta-feira, novembro 26, 2010

Os perigos das commodities para o nosso futuro


Ninguém que analise o aumento do consumo e os indicadores da economia brasileira pode deixar de constatar que, mesmo com todas as fragilidades, passamos por um bom momento com visões otimistas sobre o futuro. No entanto, alguns dados são preocupantes, em especial quanto ao cenário externo. Basta verificar, e os dados são do próprio Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que, na última década, a participação de matérias-primas, como soja, minério de ferro e petróleo, praticamente dobraram na pauta nacional de exportações, enquanto os produtos de alto valor agregado, como aviões, veículos automotores e equipamentos agrícolas recuaram significativamente acendendo a luz amarela da desindustrialização.
Embora o país, com a crise de 2008, tenha se beneficiado da pantagruélica fome dessas commodities, por parte da China, não se pode debitar na conta daquele país esta mudança. Em grande parte foram os problemas internos de falta de educação e de investimentos em P&D (Pesquisa & Desenvolvimento) que nos deixaram fora dos recentes desenvolvimentos em itens de maior conteúdo tecnológico. O país que comemora os sucessivos recordes de criação de empregos deveria lamentar que isto acontece em detrimento dos empregos de maior escolaridade e renda com um problema adicional: o desestímulo ao investimento na modernização do nosso parque industrial. Este é um problema que, intrinsecamente, está ligado ao fato de que as reformas indispensáveis para que possamos avançar para sermos desenvolvidos, como a tributária, a das relações de trabalho e a desburocratização, encalharam na república sindical em que não se avança no que é essencial para promover a modernidade.
Acrescente-se que, além do aumento da exportação de produtos básicos influir na desindustrialização, com graves reflexos sobre a renda e o emprego, também deixa o país ao sabor das oscilações de preços-as commodities são definidas pelas bolsas de mercadorias- tornando insegura as receitas externas e prejudicando um planejamento de longo prazo. É um fato inconteste, que nenhum economista respeitável irá desmentir, que quando se exporta grãos ou minérios, se exporta um produto de baixo valor agregado que só compensa em grandes volumes, como é o caso da soja, mas, se abre mão de desenvolver o parque fabril e se renuncia, na prática, a consolidar a economia por meio de uma indústria exportadora mais robusta e que, ao contrário dos produtos primários, exige que se tenha permanente atenção com a inovação e a competitividade.
Neste sentido urge que o Brasil desperte desta modorra, aparentemente venturosa, da exportação do agronegócio e dos minerais e aproveite o enorme potencial que advém do crescimento do crédito e do mercado interno para investir na remodelação de sua indústria e retomar a produção de artigos de ponta ou, sem dúvida, iremos comprometer nosso futuro sendo, novamente, um país somente agrário-exportador.

sábado, novembro 06, 2010

A primeira traição a gente nunca esquece



Somente de pode classificar como uma vergonha que mal saída da campanha eleitoral em que prometeu sob as luzes da imprensa conter os gastos, controlar sua qualidade e aliviar a tributação que é uma unanimidade que é excessiva e prejudica a competitividade dos produtos nacionais a presidente Dilma Roussef se declare disposta a discutir a recriação do indigitado (e morto e enterrado sem honras) imposto sobre o cheque, a CPMF, uma das maiores aberrações já criadas no sistema tributário brasileiro.
É uma vergonha não apenas por desmentir todo o discurso de reformas e de empenho para modificar o país e levá-lo ao maior desenvolvimento e justiça social, mas, por fazer com que o seu discurso que já era considerado ambíguo se torne, agora, completamente desacreditado aumentando a oposição inicial ao seu governo até mesmo para quem não recebeu com ceticismo o seu pronunciamento generalista de domingo à noite.
Acrescente-se que a presidente eleita não desacredita somente a ela mesma ao afirmar que os governadores estão mobilizados para a defesa da volta da CPMF referindo-se a um movimento anunciado pelo governador reeleito do Piauí, Wilson Martins (PSB) que teria conversado sobre o assunto com Lula da Silva. Além de Martins, também os governadores Cid Gomes (PSB-CE), Eduardo Campos (PSB-PE), Renato Casagrande (PSB-ES) e Jacques Wagner (PT-BA), segundo anunciado, defendem a proposta. E Lula prestou-se a abrir o “saco de maldades” ao levantar o assunto na quarta-feira, antes da entrevista de sua sucessora. Mais uma vez, com o ilusório argumento, de que com a extinção da CPMF a oposição havia prejudicado a maioria dos brasileiros. Para não ser desrespeitoso com o cargo que Lula ocupa deve-se alertar que se trata de “menas” verdade. Apesar de lastimar sempre que o governo perdeu R$ 40 bilhões anuais da CPMF o presidente ou não quer saber, ou finge não saber, que os recursos suprimidos nunca fizeram falta para a política de saúde. Seja porque os recursos nunca foram totalmente aplicados na saúde, seja porque a arrecadação e a carga tributária continuaram a aumentar nos anos seguintes, ou seja, o que se arrecadava se arrecadou por outras fontes muito menos nociva que o imposto em cascata altamente prejudicial ao setor produtivo e ao bolso do consumidor.
Não foi a falta de recursos que impediu a saúde de ser melhor. É, como historicamente, tem sido a gestão. E se fosse o caso de recursos bastaria o presidente conter despesas menos importantes como, por exemplo, as de propaganda ou improdutivas como colocar um freio ao empreguismo, ao inchaço da folha de pessoal por meio da criação de funções gratificadas. Bastaria promover, por exemplo, uma comparação entre os preços públicos e privados e verificar que estes, em grande parte, são superfaturados e podem ser facilmente diminuídos com um bom choque de gestão. Não há a menor dúvida que a CPMF é desnecessária. Há recursos suficientes para custear a saúde que não cumpre seus compromissos por ineficiência e falta de administração. Dinheiro existe. Falta mesmo é usá-lo bem, usá-lo de forma correta. A CPMF somente serve para dar maior liberdade de gasto ao governo e fazer com que continue a ser um mau gestor e um perdulário sem atentar que a carga tributária é tão pesada quanto, acima de 35% do Produto Interno Bruto (PIB) que entrava a produção. A tributação brasileira é maior que a de economias desenvolvidas como Estados Unidos, Japão, Suíça, Espanha e Canadá que possuem bons sistemas de saúde, mas, muitos emergente com tributação bem menor, como o México, Chile, têm padrões sanitários e educacionais superiores aos brasileiros. É também ridículo argumentar que só os ricos pagavam a CPMF, como argumenta o governador Wilson Martins. È uma tolice e indício de desinformação. O imposto do cheque incidia sobre toda e qualquer liquidação financeira, portanto, sobre toca operação da cadeia produtiva. Quanto mais complexa a cadeia, maior o peso da tributação, maior o dano ao poder competitivo dos produtos e maior o prejuízo para a criação de empregos. E no fim quem paga? Os consumidores que, na sua grande maioria, são pobres. Dilma Rousse, que prometeu seriedade fiscal e a eficiência administrativa, começa por trair seus compromisso se não for definitivamente contra a criação de impostos para financiar a gastança ainda mais com um imposto tão nocivo quanto a CPMF. È bom, enquanto é tempo, parar com esta iniciativa insana que sinaliza de forma tão negativa o início de seu governo.

terça-feira, novembro 02, 2010

Oposição já!



Precisa-se urgente de um partido de oposição

“Um governo que não tenha críticos implacáveis é um governo sem razão de existir. E empobrece a democracia” (Tomás Vasques).


Até onde me permite minha vontade de sonhar sou um homem prático. Assim não sou de chorar as pitangas perdidas. Aliás, Serra nunca foi meu ideal de presidente embora fosse o possível. Votei em Serra por considerar que, devido às circunstâncias, entre dois jogadores burocratas preferia o mais experiente, o que havia demonstrado maior eficiência nas suas ações públicas. Votei também contra a vocação incontrolável de Lula, que está acima do Partido dos Trabalhadores, de ser um déspota, um ditador. Meu voto foi um voto a favor da democracia, contra a continuidade de um governo que mina as bases da liberdade de imprensa, que tem como ideal claramente exposto a predominância do partido e da opinião única, em que pese os discursos generalistas em favor da liberdade religiosa e de imprensa.
È uma constatação que quem, de fato, foi derrotado, foi o país que irá continuar tendo um governo pouco eficiente, de muita propaganda, que aumenta, subrepticiamente, nossas dívidas enquanto propaga que pagou, que beneficiou os banqueiros e rentistas e que, logo nos dois primeiros anos fará o que sempre fez: um arrocho sobre o orçamento e sobre os salários sem um pio das entidades sindicais com seus pelegos gozando as delícias dos altos salários das estatais. Também, é claro, e peço a Deus que a crise cambial não nos leve a uma situação pior, o crescimento será menor em 2011 para compensar as imensas despesas que fizeram às vésperas das eleições. Roussef é o terceiro mandato de Lula terceirizado, apesar de afirmarem que são contra a privatização, de modo que não se pode esperar nada de muito novo. Será o rame-rame de sempre, agora, com os dirigentes, pelo menos, no inicio, mais cautelosos na medida em que a grande aprovação que esperavam ter não se consumou. Até o fim estavam receosos da derrota mesmo com a quantidade imensa de recursos gastos, mesmo com a propaganda maciça e concentrada em cima de sua candidata.
Não me perguntem se estou contente ou conformado. Não estou. È de minha natureza nordestina ser teimoso e confiante no futuro. È por isto que, na minha opinião, está na hora de surgir um novo partido realmente de oposição. O PSDB, que saiu desta eleição mostrou sua face leniente e adesista, deixando Serra sozinho. O PSDB que está aí é, no mínimo, preguiçoso e se mostrou incompetente em alcançar o povo, palco real da guerra política. Não adianta demonstrar que onde existe escolaridade e renda Serra e o partido ganharam. Os votos da população que não tem escolaridade ou renda contam como qualquer outro e não se pode desqualificar sua capacidade de escolha. Eles votam e votam em quem sabe lhes mostrar que é melhor para eles. È preciso que, a partir do primeiro momento, do próximo governo comece a se mostrar seus erros, seus escândalos, que muitos haverão, suas inconsistências, sua falta de capacidade de realizar. Se isto não for feito com persistência e com capacidade, se não houver uma oposição real, se esta ficar a cargos dos oportunistas e de políticos de espinha dorsal flexível não tenham dúvidas iremos nos transformar numa Cuba tamanho família com uma cópia piorada de Fidel Castro nativo. Do jeito que estamos indo, sem dúvida, o nosso futuro é o atraso. Se não criarmos um partido de oposição o nosso país será mesmo o eterno país das bananas habitado por bananas eternos.