O governo comemora o
fato de que a economia cresceu 1,5% no 2º semestre. Não há como não concordar
que o comportamento
da economia foi melhor que o esperado e melhor que o anterior, mas, é preciso
lembrar que isto já aconteceu inúmeras vezes na história recente e não assegura
nada a respeito do comportamento futuro. Há dados que, se forem mantidos no
tempo, são muito bons. Um deles é o aumento da taxa de investimento e do
consumo privado que cresceu, mas, perdendo participação no PIB. O consumo
público também, ao aumentar, nos leva a ter certeza de que a poupança está
crescendo como proporção do PIB. Bem como a agropecuária e indústria cresceram
sua participação na economia deslocando os serviços. É uma mudança necessária
por causa do imenso passivo externo. O governo alega que este rombo está sendo
coberto por investimento direto, produtivo. Mas, capital externo tem de ser remunerado,
seja por juros, lucros e dividendos e, num prazo maior, isto é insustentável e
se transforma, como sabe quem entende o mínimo de finanças, numa bola de neve. Neste
sentido é bom que a taxa do câmbio tenha se depreciado. O exame, portanto, dos
dados nos induz a pensar que o resultado foi mesmo muito bom e alguns setores
econômicos, se mantiverem o comportamento, farão uma grande diferença, todavia,
deve-se olhar com a frieza do curto prazo e de que foi uma oscilação. Nada nos
dá certeza, pelo menos por enquanto, que se trata de uma tendência.
Para manter, porém, o foco é
preciso afirmar que a produção atual depende do investimento passado. E, como
se sabe, a taxa de investimento em relação ao PIB, de 18,6%, com muito esforço
19%, têm sido muito baixa. Mesmo o crescimento apontado no trimestre, embora
acima do passado, ainda está muito longe dos desejados 23 a 25% que nos
permitiriam ter um crescimento sustentável em torno de 5%. Por isto não é
crível argumentar com um crescimento trimestral anualizado de 6%. A causa está
no baixo investimento do passado. Também não existem, pelo menos de forma
visível, fatores que indiquem que os bons resultados do trimestre se devam a
algum tipo de política pública. O governo parece continuar a querer insistir no
esgotado modelo de incentivo ao consumo, mas, o crédito, seu motor, bateu no
teto e os índices da taxa de emprego já acendem o sinal amarelo mostrando que
os caminhos devem ser outros. Não dá para acreditar que, com as eleições na
porta, o governo mude de rumo. Deverá insistir na formula de tentar incentivar
o consumo. Como o governo já sinalizou, com a relutância em diminuir
ministérios, que não fará uma política fiscal mais dura nem, em compensação,
melhorará os gastos e investimentos públicos de forma significativa, não há
como não considerar que continuaremos a verificar oscilações na atividade
econômica e o termômetro delas são as expectativas: os empresários demonstram
muito pouco otimismo em relação ao futuro. E sem o otimismo deles é impossível
pensar que as taxas de crescimento alcem voos mais altos. O previsível são as
oscilações.
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