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terça-feira, julho 15, 2014

A necessidade inadiável do bom jornalismo brasileiro




Todo governo antidemocrático a primeira coisa que pretende é manietar a imprensa. O governo, e muitas vezes o partido do governo, que vive pretendendo colocar rédeas na imprensa é um governo, por definição, fascista ou totalitário- seja de esquerda ou de direita. Thomas Jefferson, com seu pensamento revolucionário e democrático já havia dito que a imprensa é indispensável para a democracia. Os jornais, as redações, mesmo com a pobreza mental que o estreitamento dos meios de manutenção tem tornado uma realidade, ainda são a melhor maneira de apreender a realidade mesmo com sua falta de cultura pela simples razão de que, ainda que de forma cada vez menos culta, possuem algum método de determinar o que é relevante e, ainda que de forma imperfeita, discutir os seus diversos lados.
É uma mentira deslavada do Partido dos Trabalhadores desejar fazer crer que são vítimas da imprensa, logo o PT que usou e abusou da liberalidade e até mesmo da conivência da imprensa. Culpam a TV Globo de ser oposição quando a Globo, de fato, sempre lhes deu guarida. Ao contrário do que se espalha, e, muitas vezes, com o apoio da direita, a Rede Globo não é um mal. A Rede Globo é competente e sempre deixou espaço para diversas opções e opiniões e, nunca antes neste país, foi tão governista quanto agora. É claro que por uma questão empresarial. Mas, os valores e as crenças da empresa não são de seus jornalistas que produzem o que bem querem e, para sermos justos, na sua grande maioria, comungam com o conservadorismo mais arcaico: o de esquerda. Tivéssemos uma imprensa contra, como os petistas alegam, nem teriam chegado ao poder nem, jamais, poderiam ter reeleito Lula depois do Mensalão. Foi a leniência da imprensa, seu conúbio com o processo político que permitiu a reeleição do metalúrgico e, mais ainda, não dissecar a candidatura Dilma, como a imprensa norte-americana, mais livre e mais rica, teria feito que permitiu uma eleição, por todos as razões lógicas, improvável.

O que a grande imprensa não pode fazer, sob pena de acabar como meio, é negar a realidade. Submergir na visão cor de rosa do governo que quer esconder que temos péssimos serviços públicos, que nossa infraestrutura está sucateada, que nosso competitividade é cada vez menor, que a inflação sobe e o Produto Interno Bruto-PIB desce. Jornalismo, em especial, é uma forma de conhecimento da realidade e tem que se aproximar dela. Não pode ser o Diário Oficial do governo como os governistas desejam. O que o PT, e seus adeptos, almejam não é jornalismo. Trata-se de publicidade, propaganda pura e simples. Uma forma de fazer com que a realidade seja como imaginam que deve ser. Que a imprensa brasileira faça jornalismo de verdade para que a eleição possa, no mínimo, não ser uma caricatura e que possamos nos aproximar mais de uma verdadeira democracia. 

domingo, julho 13, 2014

O mundo ficcional do pensamento conservador


Bruno Garschen defende com uma argumentação bem feita, no seu artigo “Os anticapitalistas estão contra nós”, divulgado pelo jornal Gazeta do Povo (http://www.gazetadopovo.com.br/colunistas/conteudo.phtml?tl=1&id=1422138&tit=Os-anticapitalistas-estao-contra-nos), a tese correta de que “Defender o capitalismo é uma tarefa inglória” porque, na sua quase totalidade o anticapitalista não é um interlocutor intelectualmente honesto. E não o é porque, previamente, já hostiliza quem pensa diferente com acusações pessoais de odiar os pobres e os beagles, além de elencar sobre o capitalismo pecados que não tem, de vez que, na definição de capitalismo, vaga e aberta a qualquer significado, pode-se atribuir, como Marx fez com vigor e crença, tanto que existe uma força sobrenatural que governa acima da razão de todos (um espírito imaterial, todo-poderoso e onipresente), bem como que o empresário, o dono do capital, age  sempre para explorar a mão de obra do coitadinho do trabalhador.
E aqui, nada melhor que usar as palavras do próprio Garschen “Não é uma coincidência o fato de muitos anticapitalistas serem intelectuais e/ou indivíduos que constroem suas vidas fugindo da realidade. Essa fuga, justamente o vínculo entre ambos, é alicerçada numa teoria utópica (geralmente socialista ou comunista) que a estrutura, legitima e que pavimenta a construção idealizada de uma realidade abstrata na qual o mundo concreto e as pessoas reais não são o que eles veem, mas, o que gostariam de ver, como bem apontou o economista americano Thomas Sowell em seu excelente Os Intelectuais e a Sociedade (p. 182-184)”. O que fazem com tal discurso estes ideólogos militantes, muitas vezes, disfarçados de professores é atribuir todos os males sociais, políticos e econômicos do mundo a um sistema que, ao contrário do que dizem, é o único que tem sido capaz de melhorar as condições dos pobres do mundo e dar liberdade política. Fazem isto para restringir o debate a uma zona de conforto e pobreza mental, de vez que não procuram rebater argumentos e sim caracterizar o adversário político como de “direita”, “tucano”, “coxinha” e outros adjetivos que são uma fuga da realidade. Eles criam uma representação ficcional que ignora que os sistemas têm defeitos e virtudes. O pior é que, crentes neste tipo de ópio político, se acreditam de vanguarda quando são, efetivamente, o pensamento mais retrogrado e conservador do presente.
O mais grave, todavia, é que esquerdistas são, por natureza, revestidos por si mesmos de um sentido sem precedentes de superioridade moral e política. Acreditam, piamente, que transportam as grandes bandeiras da humanidade, como liberdade, igualdade e solidariedade, e que representam a vanguarda da luta contra o poder opressor mesmo quando, como agora, são os que governam e respondem pelos péssimos serviços públicos. Ocorre que, por ser a minoria do progresso humano, estão isentos de qualquer tipo de crítica, daí, que a imprensa é “imperialista”, “associada aos grandes interesses financeiros”, “`PIG” e “conspiradora”. Afinal, mesmo não sabendo o que fazer, eles estão convencidos de sua relação intrínseca com a verdade, o futuro da humanidade, o “homem novo” que pretendem fazer não se sabe quando. Por isto só apontam os culpados: imperialistas, capitalistas, fascistas, traidores, burgueses. A repetição como farsa de velhas fórmulas de Lenin e Stalin. 
O que não conseguem responder é como isto será feito, de vez que a queda do Muro de Berlim, no século passado, enterrou de vez a utopia de uma sociedade planificada na medida em que as supostas excelências dos regimes socialistas (a igualdade social, a segurança do trabalho e a moradia, o futuro brilhante do ‘socialismo real’- jamais foi visto). A triste realidade legada por este tipo de regime, e de sistema de engenharia social, é uma só, basicamente uniforme na sua materialização em que existiu (ou onde ainda sobrevive, nos casos cubano e norte-coreano): ditadura política, polícias secretas, delação dos vizinhos, controle estrito das populações, miséria econômica, quando não Gulag ou extermínio dos ‘inimigos do povo’. Defender a estatização é defender a cegueira dos que ignoraram  por 70 anos, os crimes hediondos cometidos por seus líderes: Lenin, Stalin,Trotsky, Mao, Fidel. Nem querer ver os crimes de Yanukovych e de Maduro. Assim como somente criticar o que Israel faz, mas, não ver os crimes da OLP, do Hamas, do Hizbollah. Esquecer o que o Sendero Luminoso, as FARC, os Montoneros, a ERP fizeram. Não ver a morte dos que tentam atravessar o mar que separa Havana da Flórida na tentativa de fugir de um regime opressivo e violento. Por isto é que  Bruno Garschen tem razão quando diz que  “Sempre que um anticapitalista exibir o arsenal de equívocos contra o capitalismo, tenha a certeza de que o prejudicado com a alternativa política e econômica que defende não será ele nem os seus companheiros de ideologia e/ou de partido”. Seremos todos nós brasileiros que desejamos uma vida melhor e não a participação crescente do estado em nossa realidade e nossas vidas. Não precisamos de mais estado. Precisamos é que o estado nos deixe mais livres para cuidar de nossas vidas. Pode ser que venha a existir uma alternativa real melhor do que a do mercado. Mas, nos tempos atuais e no horizonte visível, não há. E não se pode perder a liberdade em nome de uma utopia que, repetidamente, tem se mostrado frustrante, castradora e mortal. Errar é humano, mas, devemos aprender com os erros. 

sexta-feira, julho 11, 2014

O vexame do Brasil na Copa afeta as eleições?


Bem, não há dúvida que o fatiamento da vida em caixinhas é uma forma dos homens entenderem sua complexidade. A vida, a realidade, se é que existe fora da percepção de cada um, é una, interligada, com suas partes indissolúveis. Em outras palavras: tudo nos afeta. A questão real é até onde a desastrosa derrota de 7x1 da seleção brasileira interfere nas eleições. Ou seja, se interfere significativamente.  Ao meu ver, e não há nesta observação nada científico, de vez que, cientificamente, não há correlações demonstráveis nem positivas nem negativas, a calamitosa derrota influi sim, no curto prazo, mas, muito pouco, até as eleições. É claro que a derrota acachapante do futebol brasileiro se reflete no imaginário popular como mais um fator que acentua o mal estar do povo brasileiro no momento. Porém, seu efeito deve se diluir também no curto prazo.

É provável, quase certo, que haverá um impacto imediato nas pesquisas sobre a imagem da candidata do governo. Dilma deve voltar a cair, talvez até um pouco mais do que levemente subiu com o bom humor que a seleção ao vencer inflou no País. Aliás, a tendência de queda que se sentia na sua candidatura deve continuar. A Copa do Mundo, como é praxe, paralisa, em grande parte, as atividades do País e, mesmo as convenções, a política, se resumiu ao essencial e, agora, deve ser retomada com mais intensidade. E, como é natural, a rotina também. E não se pode esconder que na rotina do brasileiro, desde o ano passado, dos famosos movimentos de rua de junho, produz um olhar para o cenário com uma perspectiva muito negativa, o que, é lógico, não favorece o governo. Favorece, isto sim, à mudança. Este é um fenômeno que ultrapassa o futebol e foi por ele, digamos assim, amortecido, mas, deve retornar com força total. Porém, não tem a haver com futebol. Tem muito a haver com o fato de que o brasileiro possui uma carga muito pesada de impostos e não os vê revestidos em serviços públicos de qualidade. Não é o resultado do futebol que altera isto, daí, que a campanha eleitoral não irá passar pelo mau resultado da seleção. Deve passar, obrigatoriamente, pelas estratégias eleitorais de cada candidato. De qualquer forma será um pleito difícil e irá girar sobre as mudanças que a população deseja.  Logo, a influência da Copa do Mundo na hora do voto, a meu ver, será muito pequena. Até porque políticos jogam em outro campo. E quem deseja ganhar deve encarnar os desejos de mudança da população.