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quinta-feira, setembro 25, 2025

O REI QUE NUNCA PERDEU A COROA

 


É impossível, e centenas de tentativas já provaram isso, desmerecer o notável e duradouro sucesso de Roberto Carlos. Ele reina absoluto na música brasileira há décadas, tornando-se um fenômeno que transforma até canções simples em sucessos inesquecíveis, cheios de brilho e vida. Não há como negar o imenso talento de alguém que conseguiu se enraizar na memória musical de tantas gerações. E, convenhamos, essa longevidade não se constrói sem muito trabalho, empenho, uma disciplina incomum e, sobretudo, um carisma inegável.

Manter-se no topo, sob os holofotes, através de tantas mudanças na mídia e na indústria musical, é uma façanha. Para continuar relevante e expandir seu público para as novas gerações, o Rei demonstra não apenas talento musical, mas uma intuição afiada e uma capacidade única de sintonizar com os desejos do público.

O sucesso sempre foi uma gangorra, e permanecer no alto, como Roberto Carlos, exige um padrão de qualidade e a capacidade de adaptar a sua obra. Isso, sem dúvida, mata de inveja os críticos que, na falta de argumentos melhores, insistem que ele se baseia apenas em uma "fórmula pronta" de canções "sentimentalóides". A ironia é que ele, que foi um triturador de tradições com a Jovem Guarda, hoje é chamado de "tradicionalista". Mas essa "tradição" é, na verdade, a autenticidade de um artista que se manteve fiel a si mesmo.

Muitos cobraram dele uma atuação política ou uma renovação estética, o que seria desonestidade intelectual. Roberto Carlos sempre foi o que se propôs a ser: um artista que busca exercer sua arte da melhor maneira possível. E, nessa jornada, ele só se aprimorou, em grande parte com a ajuda fantástica do maestro Eduardo Lages, seu arranjador e produtor musical por mais de 40 anos, e de uma plêiade de músicos excepcionais.

É comum também atribuir seu sucesso aos especiais de fim de ano na TV. A verdade é que a Globo não o manteve no ar por acaso; Roberto Carlos sempre esteve no topo. Não se fala em sucesso musical no Brasil sem pensar em seu nome.

Enfim, ele foi, é e continua a ser o maior sucesso da música brasileira por sua coerência, visão de vida e carisma extraordinário, que continuam a seduzir multidões e a criar sonhos. Sua voz pode ter envelhecido, como acontece com todos que não morrem, mas seu público fiel jamais irá faltar. Ele só parará de cantar se assim quiser. Pode falhar em uma canção ou outra, mas nenhum outro intérprete, até hoje, se compara a ele. Que os invejosos morram de inveja. Ele continua a ser o maior fenômeno da música brasileira.

 

 


A ENCRUZILHADA DA ECONOMIA BRASILEIRA

 

O Brasil, como sabiame
nte disse Tom Jobim, "não é para principiantes". Essa frase se aplica perfeitamente aos desafios econômicos que o país enfrenta, especialmente quando se olha para a desindustrialização. É um problema de longa data, agravado por um ambiente de negócios hostil, marcado por burocracia excessiva, alta carga tributária e insegurança jurídica.

O cenário é alarmante. Em agosto, a Sondagem Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou o pior desempenho do setor desde 2015, com queda na produção e redução de empregos. Essa situação não é culpa dos empresários, que lutam para manter seus negócios, mas sim de um sistema que dificulta a competitividade.

A situação é ainda mais complicada com o avanço de plataformas de e-commerce chinesas como Shein, AliExpress, Shopee e Temu. O Brasil é o único país do mundo onde todas essas gigantes operam conjuntamente, criando uma concorrência predatória. A Confederação Nacional do Comércio (CNC) aponta que, entre 2019 e 2024, as vendas online no Brasil cresceram 75%, impulsionadas por essas plataformas que oferecem preços baixos e vantagens fiscais.

Para as empresas brasileiras, especialmente as pequenas e médias, competir com um país inteiro é quase impossível. O resultado é um dilema crucial: a produção nacional versus preços mais baixos. Essa concorrência desleal, com plataformas estrangeiras submetidas a uma carga tributária menor, coloca a indústria e o varejo brasileiros em uma posição de desvantagem.

O dilema é claro: ou o país protege seu mercado interno para garantir a sobrevivência da indústria, ou assiste à aceleração da desindustrialização, voltando a ser uma economia primário-exportadora. Proteger a indústria não significa fechar o mercado, mas criar condições para que ela se modernize e se torne competitiva.

Ignorar essa realidade é entregar o futuro da economia a mercados e produções estrangeiras. Estamos em uma encruzilhada, e a decisão que for tomada agora terá um impacto decisivo no futuro do Brasil. O que o Brasil deve fazer para resolver essa situação? É uma questão decisiva para o nosso futuro.

 

 

domingo, setembro 21, 2025

Confraria 30+: Churrasco, Memória, Livro Exemplar

 


Na residência do Oscar Pirani, com a presença de Lúcia Reis e sua adesão à Confraria 30+, que patrocinou um churrasco variado, com bebidas, numa homenagem aos componentes da confraria. Não se poderia ter anfitrião melhor para uma confraria que reúne os jornalistas (no sentido geral porque nela há jornalistas empresários, redatores, repórteres, pessoal de televisão, de jornal e sites tendo em comum o longo tempo na atividade). Talvez até possa ser injusto com algum deles porque sou um participante quase que ocasional da turma, mas, me parece que, nomes como os de Lúcio Albuquerque, Abdoral Cardoso (Bidu), Carlos Araujo, Osmar Silva, Montezuma Cruz, Leo Ladeia, Marco Aurelio Anconi são os mais atuantes. Como se vê é um time de primeira mesmo sem considerar outros não menos significativos como os de Luiz Carlos Ribeiro (Luka), Jussara Gottlieb, Adaides Batista dos Santos (Dadá), Juscelino Amaral, Nilton Salinas, Mara Paraguassu, Mirian Penha Franco, Maríndia Moura, Edson Lustosa e do radialista Edson dos Anjos.

Os encontros, que são feitos aos sábados, sempre acontecem em algum restaurante, mas a generosidade do Oscar Pirani propiciou um dia diferente e festivo na medida em que foi uma reunião mais privada e, por isto mesmo, mais descontraída, de vez que, em locais públicos, se torna impossível uma turma assim não ter como deixar de atender amigos ou admiradores que sempre que os veem não perdem a oportunidade de lembrar de algum fato, noticia ou, simplesmente, dar um alô.

Como sempre a convivência com esta turma é muito prazerosa e ainda foi melhor por ter recebido de presente do Carlos Araujo o seu livro, com Hélio Vieira e Francisco Matias, “A Trajetória da Advocacia em Rondônia”, em sua segunda edição. É um livro precioso na medida em que recupera uma parte significativa da história da defesa da cidadania em nosso Estado. Por diversas vezes tenho reclamado de amigos meus talentosos, e com um grande legado ao ex-Território e ao atual Estado de Rondônia, por não registrarem o nosso passado. Aqueles que viveram as dificuldades de um tempo não tão distante, em termos de história, quando Porto Velho, Guajará-Mirim e algumas poucas localidades eram tudo que existiam escreveram muito pouco sobre o que se passou. Tanto que se contam nos dedos os que deixaram registros significativos desde Bohemundo Alvares Afonso, talvez, somente Antônio Catanhede e Esron de Menezes me venham à memória. Mais recentemente me lembro de Yedda Borzacov, com sua obra sobre os logradouros de Porto Velho e outras obras, Dante de Oliveira, que, recentemente, com o Lito Casara lançaram, em dois tomos, “Barranco Alto” recuperando a história maravilhosa e pouco conhecida de Américo Casara, um desbravador da Amazônia e de nosso território. No entanto, há toda uma história muito rica dos últimos 50 anos que deveria ser objeto de muitos livros de pessoas que, ainda vivas, possuem memórias dessas épocas e dela participaram ativamente. E fiquei mais feliz ainda pelo fato desta segunda edição trazer a história da implantação, na Fundação Universidade Federal de Rondônia-UNIR, do primeiro curso de Direito, inclusive com alusão importante ao papel que o seu primeiro reitor Euro Tourinho Filho teve e que, muitas vezes, tem sido esquecido. É um livro que serve de exemplo para muitas outras entidades e pessoas que necessitam preservar sua história, que é a nossa também. Grato Carlinhos pelo presente que se estende a todos que contribuíram para esta reedição- vivos ou mortos-deixaram um registro importante de parte de nossa história.

terça-feira, agosto 26, 2025

Uma reflexão sobre a morte, a imortalidade e suas visões

 


ORGANIZANDO A MORTE:  NO RITMO DO CANDOMBLÉ, DA CIÊNCIA E DA MEMÓRIA

(Para o cantador da vida José Valdir Pereira, um preservador de memórias)

Silvio Persivo

Vou me valer do candomblé, que  nos lembra uma verdade profunda: a morte não é um fim abrupto, mas uma transição. "Continuidade, não fim" é a essência que guia a compreensão de Orum, o espaço onde a pessoa se transforma em ancestral. Nesta visão, a morte é parte de um ciclo vivo, em que o indivíduo não desaparece, mas ingressa em uma nova função dentro de um todo que permanece. O guardião Iku, nesta tradição, emerge como a força que conduz os espíritos. Não é visto como inimigo nem como algo externo ao equilíbrio natural; é parte do vasto ecossistema espiritual que sustenta a ordem do cosmos. Esta percepção aproxima a morte da própria vida, em uma dança contínua que mantém a harmonia entre o que foi e o que será.

Por isto o uso do branco no luto, associado a Oxalá, simboliza paz, pureza e proteção. É a cor que acolhe a passagem, marcando o momento de transição com uma energia de serenidade. Os cantos, rezas, oferendas e a presença coletiva atuam como bússolas emocionais e espirituais, oferecendo consolo, sentido à perda e acolhimento aos enlutados. Nessas práticas, o laço entre os vivos e os falecidos não se rompe; ele se transforma e se expande pela ancestralidade que nos conecta.  A ideia de que laços são eternos pode soar paradoxal frente ao impulso humano por explicações racionais. É verdade que, quando nos faltam explicações, criamos lendas, crenças e mitos. Mesmo assim, muitos de nós, que tentamos ser mais céticos, reconhecemos uma transformação fundamental na maneira de entender o mundo: Lavoisier nos lembra que “nada se perde tudo se transforma”. Assim, a memória, a presença dos ancestrais e a prática espiritual continuam vivas dentro de nós, moldando escolhas, valores e identidades. Neste sentido, a crença na continuidade não é apenas consolo; é uma forma de preservação do que nos torna humanos.

Esta visão não nega a ciência; pelo contrário, a coloca em diálogo com ela. A percepção de que a consciência pode permanecer de alguma forma, seja na memória coletiva, na herança de ensinamentos ou na continuidade de rituais, resiste à dissolução absoluta. Mesmo quando sentimos o peso da ausência, a lembrança, os ensinamentos e o legado daqueles que partiram permanecem. E é neste sentido que a ideia de eternidade se aproxima da nossa experiência cotidiana: não como imutável imortalidade física, mas como uma presença contínua que se reencontra na prática, no afeto e no compromisso com o bem comum. Em última análise, a experiência humana de luto e memória se entrelaça com a sabedoria ancestral que preserva a paz, a dignidade e o sentido da vida. O Candomblé oferece, assim, não apenas um ritual de despedida, mas um mapa para entender a continuidade: a morte como passagem, a ancestralidade como presença, e a prática coletiva como abrigo que nos impede de nos  perdermos no vazio, que a ciência diz que é o nosso fim, ser o que fomos: matéria sem consciência.

Numa forma simples de dizer:  penso que sim, a continuidade da vida, em sentido amplo, nos torna eternos. A partir desta percepção, a “ausência”, com a morte não estarei aqui,  não é o fim do ser, mas a passagem para uma forma de presença que molda quem somos. No entanto, reconheço o peso da mudança-a percepção de que vou sentir muita falta da consciência que temos do mundo, do nosso senso do eu e do nosso tempo partilhado com os outros. Isto é a vida e também a morte. Afinal vivemos  morrendo e acumulando, enquanto possível, memórias.

Ilustração: Issuu.

terça-feira, agosto 12, 2025

Empreendedorismo no Brasil: a inglória luta pela sobrevivência


O empreendedorismo no Brasil desempenha um papel fundamental na economia e na transformação social. No entanto, a sua realidade está longe de ser um meio de oportunidades e inovação. Para a grande maioria, empreender é uma necessidade imposta pelas circunstâncias, uma luta diária para sobreviver em um ambiente de negócios cada vez mais hostil. Apesar de existirem mais de 23 milhões de empresas ativas no primeiro quadrimestre de 2025, a maioria delas enfrenta um ambiente instável e cheio de obstáculos. A burocracia excessiva, a escassez de apoio financeiro e um mercado desafiador tornam a sobrevivência uma luta constante. Neste cenário, formalizar um negócio já é um desafio por si só, com custos de abertura elevados que afugentam muitos empreendedores em potencial. Como afirma o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Rondônia, Raniery Coelho, "O empresário é um otimista que abre suas portas todos os dias na esperança que os clientes venham", mas está sendo preciso, no momento, muito mais do que ser otimista nas atuais condições. O empresário tem que se virar de todas as formas com o aumento dos custos, dos impostos, das obrigações que mudam quase diariamente.

Além disto, a insegurança jurídica se aprofundou, gerando incertezas sobre as regras do jogo e deixando os empreendedores vulneráveis a mudanças abruptas na legislação. O que deveria ser um ambiente de previsibilidade para o crescimento, tornou-se um campo minado de incertezas.

Em meio a este cenário, a reforma tributária surge como mais um desafio. Com a promessa de simplificação, ela exige o uso de tecnologias e eleva a carga tributária, impactando diretamente o caixa de pequenos e médios negócios. A exigência de novas ferramentas tecnológicas, muitas vezes, é um luxo que o empreendedor comum não pode se dar, e o aumento dos impostos funciona como um sócio que só exige e nada oferece.

Enquanto nas redes sociais especialistas e influenciadores discutem tecnologias de ponta, automação e inteligência artificial, a realidade do cidadão comum é bem diferente. Para a grande maioria, esses recursos são inacessíveis, e o que realmente importa é conseguir manter as portas abertas, mesmo que isso signifique trabalhar em condições precárias. O que parece é que, apesar do empreendedorismo ser a força vital que sustenta a economia, gerando empregos e promovendo mudanças sociais, o governo federal ignora as necessidades e problemas da iniciativa privada. O Estado, muitas vezes, é visto como um sócio parasita, um obstáculo, e não como um parceiro que deveria impulsionar o crescimento.

Assim, o empreendedorismo no Brasil não surge como uma escolha por um sonho, mas como uma estratégia de sobrevivência. E só os mais resilientes, obstinados e criativos conseguem resistir às adversidades, embora muitos acabem desistindo pelo caminho forçados por golpes inesperados como novas tarifas ou aumento de insumos. No fim das contas, empreender no Brasil é uma luta por uma tábua de salvação, para aqueles que não têm outra alternativa a não ser lutar para sobreviver.

Ilustração: Jornal do Empreendedor. 

Um olhar sobre a mente de um outsider


 

O livro, recentemente lançado pela Editora Citadel, “Elon Musk-Gênio ou Louco?”, que se pode pensar que seja uma biografia tradicional, foge, e muito, de tal padrão, pois o autor, Dennis Kneale, um jornalista que escreve como se estivesse conversando, tenta, efetivamente, compreender a mentalidade do bilionário, os seus princípios, o que faz com que as opiniões alheias e os fracassos sejam vistos como alimento para uma busca permanente de metas que parecem inatingíveis.  É uma tentativa de compreensão do comportamento de um empresário que confronta de peito aberto autoridades, políticos e jornalistas e se guia por formas consideradas "contraintuitivas", como "Provoque seus críticos e torture seus inimigos", "Trabalhe em horários impossíveis e faça com que os outros acompanhem", “Reduzir, reduzir, reduzir”. “A liberdade de expressão é tudo” e “Sonhe Alto”, que são princípios, que Dennis Kneale transforma em “Lições”. Não são lições, mas sim a base da lógica incomum de Musk, que inclui uma visão de decompor os problemas em partes mais simples , fundamentais. Confesso que li o livro de uma vez só, sem parar. Kneale realiza, com propriedade, um passeio provocador pela vida de Musk na medida em que trata cada capítulo como meio de mostrar como, a partir da ideia de que, para ele,  a vida é uma simulação, suas posturas contra os críticos, o foco no trabalho, a obsessão de produzir mais com menos e os sonhos altos, em projetos tidos como irrealizáveis (povoar Marte), fazem com que, mesmo nos fracassos, sua visão acabe por ter sucesso. Talvez o título, "Gênio ou Louco?", não seja tão bom, mas reflete o paradoxo de que, por um lado,  o visionário que fundou e lidera empresas revolucionárias como Tesla, SpaceX, Neuralink e X (o antigo Twitter) é a mesma figura controversa que desafia normas, causa polêmicas, transforma amigos em inimigos e inimigos em amigos, com uma enorme facilidade, por não sair um milímetro dos “princípios” em que acredita. O livro, muito diferente, por exemplo, da biografia Walter Isaacson, que louva o biografado, busca a imparcialidade sem, em nenhum momento, perder a capacidade de procurar iluminar o comportamento e a trajetória de quem foi capaz- e isto é inegável- de revolucionar diversos setores, como o automotivo, aeroespacial, comunicações, com a improvável combinação de autoconfiança, ousadia e independência. Até mesmo quando, como com Trump, por um breve tempo, ocupa um cargo no governo, Musk continua a ser um outsider, por isto prossegue sendo uma das figuras mais influentes no mundo, sempre buscando novos desafios e ideias para transformá-lo.  Isto, e quem confessa é o próprio autor, torna difícil escrever o fim do livro. Como o resultado mais provável é o mais irônico, o tema de que tratou ainda não teve fim. É um livro instigante que não se pode deixar de ler. 

Uma digressão sobre o uso do Chatgpt e a herança genética


Foi, recentemente, divulgado um estudo dos pesquisadores do Laboratório de Mídia do MIT que apresentou como resultado o fato de que os usuários do ChatGPT apresentaram menor engajamento cerebral e "desempenho consistentemente inferior nos níveis neural, linguístico e comportamental" numa comparação entre 54 participantes, divididos em três grupos, aos quais se pediu que escrevessem redações usando o ChatGPT da OpenAI, o mecanismo de busca do Google e nada, respectivamente. Os pesquisadores usaram um eletroencefalograma (EEG) para registrar a atividade cerebral e descobriram que, dos três grupos, ao longo de vários meses, os usuários do ChatGPT ficaram mais preguiçosos a cada redação subsequente, e, com grande frequência, recorreram ao recurso de copiar e colar ao final do estudo. O resultado foi considerado preocupante mesmo que o artigo ainda não tenha sido revisado por seus pares e sua amostra seja relativamente pequena. Mas a autora principal do artigo, Nataliya Kosmyna, alegou ser importante divulgar os resultados para levantar preocupações de que, à medida que a sociedade depende cada vez mais dessas ferramentas para sua conveniência imediata, o desenvolvimento cerebral a longo prazo pode ser sacrificado no processo. É uma tese muito interessante que, no fundo, tem por base o conceito de uso e desuso, popularizado por Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829). Foi ele quem propôs que órgãos muito usados se desenvolveriam, e os pouco usados atrofiariam, transmitindo essas mudanças aos descendentes. Embora depois Darwin tenha concordado que o desuso poderia levar à redução funcional do órgão, num indivíduo, acrescentou o pensamento de que apenas mutações vantajosas herdáveis e a seleção natural explicariam mudanças evolutivas reais. De modo que esta ideia não é aceita integralmente hoje, pois sabemos que características adquiridas pelo uso ou desuso não são herdadas geneticamente desta forma. Porém, é preciso acentuar, que cientificamente, “o órgão que não se usa deteriora” é verdadeiro como princípio fisiológico de adaptação e atrofia por desuso em organismos vivos. Ainda que com a ressalva de que não se aplica como teoria evolutiva de herança de características adquiridas. Bem, o fato é que há uma diferença significativa entre a visão de Lamarck vs Darwin sobre “uso e desuso” dos órgãos. Enquanto Lamarck acreditava que o desuso causava atrofia e está atrofia era herdada, a posição de Darwin foi de que apenas poderiam ser transmitidas se conferissem alguma vantagem à espécie. Bem, o que sabemos é que este processo é uma parte fundamental da evolução, onde as características que ajudam na sobrevivência e reprodução tendem a se perpetuar. Então, podemos dizer que, em última instância, as mudanças nos indivíduos podem se transformar em mudanças na espécie, contribuindo para sua evolução ao longo das gerações. Com base nisto, como tudo é relativo, é bem possível também que a hipótese de Darwin possa não estar 100% certa e que também possam ser hereditários mudanças que não contribuam para a evolução da espécie. Até porque a seleção é aleatória. Considerando isto, de fato, os resultados sobre o uso do ChatGPT podem ser muito preocupantes. E uma evolução que contribua para a involução humana. E mesmo que não passe de geração à geração persiste o fato de que o desuso atrofia o órgão.

Ilustração: Revista Fapesp. 

O Manchester City herdou o sobrenatural de Almeida

 


O futebol, hoje, como todas as coisas é globalizado. É verdade que, até por uma questão econômica, a Europa apresenta-se como num patamar superior, mas, esta copa tem demonstrado isto, futebol se joga é dentro das quatro linhas e lá, muitas coisas, fogem da questão de estrutura, do talento dos jogadores e até da capacidade dos técnicos. Entram, de forma decisiva, fatores como o psicológico, as circunstâncias e a sorte. Porém, de uma forma geral, o jogo está muito equalizado. Uma coisa provada no atual mundial é que não existe jogo fácil. Somente um time, aliás de amadores, o Auckland City, esteve fragilizado nos seus jogos. Todos os outros times, mesmo quando perderam, deram trabalho aos adversários e demonstraram terem jogadores de qualidade. A visão, por exemplo, de que os times da América do Sul estavam num nível inferior se dissolveu com o Botafogo impondo uma derrota ao favorito maior do torneio, o PSG, que havia estreado esplendorosamente metendo 4x0 no Atlético de Madrid. Mas, uma demonstração clara de que há diferença, mas não tanta é que, até agora, dos sete jogos realizados entre os times brasileiros e europeu, três foram vencidos pelos brasileiros, dois pelos europeus e aconteceram dois empates. A sensação de distância veio de que o Flamengo, do qual se esperava muito mais, perdeu, de forma surpreendentemente fácil para o Bayern. Mas, foram os vacilos e as circunstâncias, tanto que o time europeu venceu o Boca Juniors por 2x1, mas não foi um jogo tão fácil quanto como o do Flamengo. A prova definitiva de que o futebol está pasteurizado, ou seja, quase todos num nível semelhante, foi a espetacular vitória do Al-Hilal por 4x3 sobre o Manchester City. O Al-Hilal já havia demonstrado que seria um osso duro de roer, pois empatou com o Real Madrid e o RZ Salzburg. Apesar disto ninguém apostava, inclusive eu, que não fosse esmagado pela máquina de jogar futebol do time inglês. Não foi o que se viu. Apesar de sua predominância no jogo, as qualidades do time saudita foram ajudadas pelo famoso Sobrenatural de Almeida, que o Fluminense emprestou para o Manchester City. Por mais que tenha jogado muito bem certas coisas são inexplicáveis num jogo maravilhoso e inesquecível como foi este. Em primeiro lugar o acerto de um passe preciso como o de Cancelo para o primeiro gol. Depois não há como não atribuir ao sobrenatural o gol de cabeça de Koulibaly, que aparece do nada e cabeceia como um matador de forma inapelável. Mas, a presença do Sobrenatural de Almeida foi soberba no quarto gol de Marcos Leonardo. Claro que é um goleador nato, um atacante vocacionado para fazer gol, porém estava morto em campo, deveria até ter saído e não saiu. E aparece no chão para fazer um gol devastador, mortal. O Al-Hilal fez história. Mas, não se pode deixar de acentuar que os dois melhores times do momento, favoritos disparados, que poderia se apontar como destinados a serem campeões invictos, o PSG e o Manchester City, já foram derrotados nesta Copa do Mundo de Clubes.  Podem dizer o que quiserem, mas a frase de Renato Paiva é antológica; “O cemitério do futebol está cheio de favoritos”. 

Livro inédito sobre Elon Musk é um convite para pensar sobre nossas convicções

 


Há certas pessoas que são impossíveis, se goste ou não, de ser ignoradas pela diferença que fazem no seu tempo. Um César, um Alexandre, um Napoleão, um Leonardo Da Vinci, só para citar os que me chegam sem dificuldade, fizeram muita diferença no seu tempo. No mundo contemporâneo há diversas personalidades que, com certeza, serão lembradas no futuro, porém nenhuma me parece ter tido uma vida tão repleta de polêmicas e importância quanto a de Elon Musk, que, além de ter acumulado uma fortuna que o coloca entre os homens mais ricos do mundo, influenciou muito em campos tão diversos como os setores automotivo, aeroespacial, de comunicações e de tecnologia com uma combinação de ousadia, em certos momentos até de  provocação e outros de uma atuação surpreendente, como foi sua rápida passagem pelo governo de Trump. Sempre que leio alguma coisa sobre Musk mais fico interessado na trajetória deste que, sem dúvida, faz parte de uma minoria que muda as condições de nosso mundo. Assim estou muito interessado na obra do premiado jornalista Dennis Kneale , que assina o livro Elon Musk: gênio ou louco?, que, agora, foi traduzido e publicado no Brasil como novidade do catálogo da Citadel Editora. A obra, segundo release que recebo, apresenta os bastidores da trajetória do bilionário. O autor, ainda segundo o texto, apresenta o homem mais rico do mundo sob múltiplas camadas: empreendedor radical, visionário inquieto e figura que desafia as convenções de poder e autoridade em todo o mundo. Kneale não se limita em narrar sucessos, como os da Tesla e da SpaceX, mas procura entender o que há por trás das decisões que moldaram o império do sul-africano, até mesmo aqueles que resultaram em fracassos. Ele revela como Elon Musk opera a partir de uma lógica incomum, baseada em chamados “primeiros princípios”, um método de raciocínio que decompõe problemas até suas verdades fundamentais. O livro supera os limites de um perfil sendo mais uma reflexão sobre os limites da inovação e o preço de perseguir metas futuristas com total desprezo por normas determinantes. O autor mostra como Musk confronta abertamente reguladores, políticos e jornalistas, e como transforma críticas e crises em combustível para crescer. Em episódios marcantes, como sua recusa em ativar a rede Starlink na Crimeia ou sua famosa baforada de maconha em um podcast, vemos como ele lida com riscos extremos, muitas vezes com consequências bilionárias.  A relação de Musk com os políticos também ganha espaço no livro, inclusive sua atuação durante a campanha e governo de Donald Trump. Embora afirmasse agir de forma independente, o bilionário foi fundamental, em momentos estratégicos, fazendo parte do governo e apoiando a agenda trumpista. Este envolvimento, assim como sua defesa radical da liberdade de expressão no X (antigo Twitter), reforça a imagem de um outsider com poder suficiente para dobrar ou ignorar as instituições tradicionais. Aliás, esta é uma das facetas de Musk que mais me impressionam. De certa forma ele sempre foi um libertário, um defensor da liberdade pessoal e de expressão até mesmo quando isto impactou muito fortemente em seu bolso diferentemente de outras personalidades que colocam sua fortuna acima das convicções. Efetivamente estou esperando, ansiosamente, que os Correios me entreguem o livro de Dennis Kneale “Elon Musk: Gênio ou Louco?” para ver as novidades que traz sobre esta figura intrigante. O livro, de qualquer forma, é uma leitura obrigatória para quem busca compreender as estratégias empregadas por uma das personalidades mais influentes da atualidade. É também um convite para ampliar os limites, idéias e ambições e refletir sobre até onde estamos dispostos a seguir nossas convicções e ideais. 

Ilustração: Fox Business.

Gefion: o supercomputador que está transformando a inovação

 Você já ouviu falar no Gefion? Ele é o primeiro supercomputador da Dinamarca, e uma verdadeira potência tecnológica! Inaugurado em 23 de outubro de 2024, com a presença do CEO da Nvidia, Jensen Huang, e do rei Frederik X, o Gefion é muito mais do que uma máquina - é um símbolo de inovação e progresso para o país.

Equipado com 1.528 GPUs H100 da Nvidia, o Gefion foi criado para impulsionar pesquisas avançadas em áreas como saúde, inteligência artificial, ciências da vida, clima e até computação quântica. Imagine só: ele ajuda a descobrir novos remédios, a entender melhor o nosso planeta e a enfrentar desafios sociais complexos. É como uma fábrica de inteligência, que transforma dados em soluções inovadoras!

O nome Gefion tem uma forte conexão cultural: vem da mitologia nórdica, onde a deusa Gefion transformou seus filhos em bois para arar a terra que se tornaria a maior ilha da Dinamarca. Uma metáfora perfeita para um supercomputador que está arando novos campos de conhecimento e inovação no país.

E os números impressionam ainda mais! O Gefion ocupa um espaço maior que uma quadra de basquete, pesa mais de 30 toneladas e foi construído em apenas seis meses-um verdadeiro feito de engenharia. Tudo isto com um investimento de 100 milhões de dólares, fruto de uma parceria público-privada entre a Fundação Novo Nordisk e o Fundo de Exportação e Investimento da Dinamarca.



Segundo Jensen Huang, na inauguração, o Gefion é muito mais do que um centro de dados: “É uma fábrica de inteligência”. Ele promete revolucionar a pesquisa e o desenvolvimento dinamarquês e do mundo, abrindo caminhos para avanços na farmacêutica, tecnologia e sustentabilidade.

Construído com componentes de última geração, o Gefion possui uma capacidade de processamento de petaflops-ou seja, um milhão de bilhões de operações por segundo! Esta velocidade faz dele um dos supercomputadores mais poderosos do mundo, capaz de realizar cálculos complexos em frações de segundo, tarefas que levariam anos para um computador comum.

Além de sua potência, o Gefion foi pensado para ser sustentável. Seus sistemas de refrigeração aproveitam a temperatura do ambiente para economizar energia, e grande parte da eletricidade vem de fontes renováveis. Assim, ele ajuda a Dinamarca a seguir um caminho mais verde e responsável.

O Gefion é, portanto, uma verdadeira revolução tecnológica, que coloca a Dinamarca na vanguarda da inovação mundial. Como a deusa Gefion, ele está arando novos caminhos, transformando o cenário de pesquisa e abrindo as portas para um futuro mais inteligente, sustentável e repleto de possibilidades. 

domingo, maio 25, 2025

O Impacto Negativo da Instabilidade Jurídica no Crescimento Econômico Brasileiro

 


No cenário atual, fica cada vez mais evidente que muitas autoridades e políticos parecem não entender o que realmente significa ter um negócio ou investir de forma segura e previsível. A ausência de estabilidade jurídica e a constante mudança de regras representam o maior dano que o ambiente de negócios pode sofrer. Mais do que altos custos ou burocracia excessiva, a maior ameaça ao crescimento econômico do Brasil é a insegurança jurídica que permeia o sistema regulatório.

A imprevisibilidade das ações do governo, exemplificada recentemente pela mudança na cobrança do IOF, reforça esta triste realidade. Alterações na alíquota, que antes era de 0,38% para investimentos, passaram para 1,1%, enquanto remessas sem destinação específica saltaram de 1,1% para 3,5%. Estas mudanças não afetam apenas o custo imediato, mas criam um ambiente de incerteza que desestimula investimentos de longo prazo e prejudica a confiança do investidor brasileiro.

Países como os Estados Unidos oferecem segurança jurídica e estabilidade normativa, permitindo que investidores planejem suas estratégias com clareza, o Brasil permanece refém de decisões pontuais, muitas vezes motivadas por interesses políticos de curto prazo. Esta instabilidade fragiliza o ambiente de negócios, desincentiva a diversificação internacional e penaliza quem busca proteger seu patrimônio e expandir suas oportunidades além das fronteiras nacionais.

Investidores, especialmente, que buscam proteção contra riscos locais, encontram dificuldades crescentes devido às mudanças regulatórias. A preocupação de que fundos com exposição internacional, como multimercados com hedge cambial, fossem obrigados a pagar impostos a cada movimentação, exemplifica o quanto o cenário é hostil à liberdade de atuação. Embora esta ameaça tenha sido neutralizada, o alerta permanece: o ambiente regulatório brasileiro ainda é marcado por insegurança, dificultando a internacionalização e o planejamento de longo prazo.

O que fica claro é que o governo e a classe política parecem não valorizar quem realmente gera riqueza e empregos no país. A falta de uma política consistente de estabilidade jurídica não só prejudica os negócios existentes, mas também afasta novos investimentos, impede o crescimento sustentável e compromete o futuro econômico do Brasil.

Se quisermos avançar, é imprescindível que as autoridades compreendam que a previsibilidade e a segurança jurídica são pilares essenciais para o desenvolvimento econômico. Sem isto, o Brasil continuará a perder terreno para países que oferecem um ambiente mais confiável para investidores e empresários. Chegou a hora de priorizar a estabilidade e criar um ambiente de negócios que realmente incentive o crescimento e a geração de empregos. Não é possível que nosso futuro fique à mercê de decisões apressadas e que somente visam resolver problemas pontuais. É preciso, urge, mudar a forma da política econômica brasileira.

 

sábado, maio 24, 2025

BERNARDINHO NA “SEMANA S” INSPIROU JOVENS E LÍDERES A SUPERAR DESAFIOS

 

Fui, na sexta-feira 16 de maio, ao Talismã 21 participar da Semana S no dia dedicado aos empresários. Confesso que sem muita expectativa na medida em que, o que é normal, ao ficarmos mais velhos tendemos a ficar mais céticos quanto ao resultado de mesas redondas e palestras de um modo geral. Mas, tenho de reconhecer, que palestra de Bernardinho na Semana S de Rondônia foi, sem dúvida, um momento inspirador e de grande aprendizado para todos que tiveram a oportunidade de assisti-la. Como um dos maiores treinadores de vôlei do Brasil, Bernardinho trouxe à tona, de forma indireta ao usar exemplos, sua trajetória de sucesso, fundamentada em valores essenciais que devem ser ensinados às novas gerações. Sua história demonstra que o caminho para a vitória é pavimentado com disciplina, empenho constante, resiliência e, acima de tudo, muito trabalho.

Ele ressaltou que o vencedor não nasce pronto, mas se constrói a partir de tentativas, erros e persistência. Bernardinho reforçou que o verdadeiro sucesso vem de uma mentalidade de aprendizado contínuo, onde o esforço diário é indispensável. Segundo ele, o vencedor é, na essência, um perdedor que tentou mais uma vez, uma mensagem poderosa para quem busca alcançar seus objetivos. E ainda destacou que, quando se tem sucesso, é preciso ainda mais determinação, trabalho e humildade para ouvir os outros, aprender e continuar a ter a mesma motivação para manter o sucesso. Com conhecimento e, até com lembrança do amargor de certas passagens, mostrou que é preciso ter mais ainda determinação para continuar ganhando depois que se chegou ao topo de algum certame ou carreira.

Outro ponto importante destacado foi a necessidade de não viver permanentemente ligados às redes sociais, pois elas muitas vezes distorcem a percepção da realidade. A mídia social, embora seja uma ferramenta de conexão, não deve substituir o esforço genuíno e a dedicação ao que realmente importa. O sucesso, afirmou Bernardinho, só é possível quando se desenvolvem bons hábitos, se mantém a persistência e se busca fazer aquilo que se gosta com paixão.

A motivação, concluiu, nasce do amor pelo que se faz, e é esta paixão que impulsiona a superação de obstáculos. Sua mensagem é um verdadeiro manual de vida para jovens e adultos, mostrando que o caminho do sucesso é trilhado com disciplina, dedicação e amor pelo que se faz. Uma palestra que certamente ficará marcada como um exemplo de determinação e resiliência para todos. Se antes já o considerava um exemplo relevante, agora, o tenho como um exemplo não apenas para empresários e líderes, mas, em especial, para os jovens de hoje em dia que, como ele falou, são diferentes, porém precisam de inspiração para buscar dentro de si as forças para fazer o que devem fazer. Bernardinho, como outros técnicos que são apontados por sua dureza na cobrança, faz, de fato, o que deve ser feito: buscar inspirar as pessoas a dar o máximo de si num trabalho em equipe. Quando encontro pessoas com esta forma de ser, que são grandes exemplos, passo a acreditar ainda mais que o Brasil tem jeito.

Ilustração: Na Prática.

sábado, maio 03, 2025

DESVENDANDO O AMANHÃ: O QUE RICARDO AMORIM NOS ENSINOU

 


No Fórum de Desenvolvimento Econômico de Rondônia, realizado nesta última terça-feira (29 de abril), o Governo de Rondônia marcou um gol ao encher o auditório do Teatro Palácio das Artes, em Porto Velho, para uma palestra do economista e consultor Ricardo Amorim. Foi um momento de reflexão sobre desenvolvimento e Amorim explica economia para qualquer leigo sem perder de vista a complexidade do cenário. Sua palestra demonstrou que o Brasil peca muito por não agregar valor aos produtos com o exemplo do café. E acentuou como a burocracia e os impostos são nocivos, hostis mesmo, ao ambiente de negócios. Acentuou que a reforma tributária irá destravar, daqui a anos, o crescimento do país, mas que os impostos continuam a ser um entrave ao desempenho econômico das empresas. Depois mostrou a irracionalidade  da falta de controle das contas públicas apontando que o país possui o maior gasto público e é o 2º mais endividado entre os emergentes. Para ressaltar que o relacionamento entre saúde fiscal e crescimento, daí o fiasco do crescimento brasileiro. Sem saúde fiscal o país encolhe e sua moeda perde valor. Mostrou também que a inflação é  responsável pelas taxas elevadas de juros e que as expectativas das MPEs têm deteriorado. Mas, apesar disto, nos últimos anos, o Brasil tem crescido acima das expectativas. Aqui, a análise dele, de que observando os dados dos últimos cem anos, o comportamento do crescimento brasileiro tem se dado por ciclos e injeção de recursos externos (o que concordo, pois o Brasil não possui poupança interna), daí a conclusão de que, não importa a ideologia do governo, como estamos num ciclo de crescimento, precisaremos fazer muita besteira para não crescer (o que temos feito, por sinal). E foi otimista por considerar o Brasil a bola da vez quase que por falta de opção. É uma visão muito correta e estimulante na medida em que Trump e a China ajudam o Brasil a crescer.  Interessante foi a leitura que fez a partir deste cenário sendo também muito otimista em relação à Rondônia, em especial pelo seu crescimento nos últimos dez anos, sua base agrícola, o crescimento dos serviços e o espaço para crescimento industrial, afora o mercado de trabalho. Quem conhece a economia de Rondônia não deixou de apreciar a leitura que fez para realizar sua palestra. Não sou tão otimista por causa da questão da infraestrutura, mas compartilho de sua visão da grande oportunidade que o momento representa. Em especial considero a cereja do bolo da palestra seu encerramento incitando os presentes a usar a Inteligência Artificial. E deu o exemplo do seu impacto no Ifood. De fato, como Ricardo Amorim acentuou, não usar a IA é como ter um trator à disposição e usar um arado. Nada mais preciso de que sua fala de precisarmos usar a IA como parceiros para pensar sobre tudo. Eu fiz isto para o título pedindo ao Chatbot para chamar atenção sobre a palestra de Amorim como se fosse Washington Olivetto.