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segunda-feira, novembro 25, 2019

MAKTUB



Eu também sou Rodrigues, mas, não sou Nelson. Se fosse escreveria que já estava escrito nas palimpsestos gregos, nas pedras ancestrais, nos primórdios da criação do mundo, nas línguas dos primeiros profetas que o Flamengo seria campeão da Libertadores este ano. Este time do Flamengo é um grande time? É, inexplicavelmente é. Feito mais por obra do acaso, embora também fruto de trabalho de excelentes técnicos, é uma obra das mais improváveis. É que nele estão juntos velhos talentos, talvez, movidos também por antigas paixões reavivadas, com promessas, agora, cumpridas e até com desconhecidos talentos, como Pablo Marí. Trouxeram Diego, Diego Alves, Rafinha e Filipe Luís, veteranos consagrados, para juntar com nomes conhecidos, todavia, que ainda não tinham marcado seus nomes nos campos, como Bruno Henrique, De Arrascaeta, Gerson, Everton Ribeiro, Rodrigo Caio e, até mesmo, Gabigol, que, mesmo tendo sido artilheiro do brasileiro, não tinha ainda títulos que sedimentassem sua carreira. Com a mão do português, Jorge Jesus, arranjando as peças, fizeram história e se tornaram campeões da Libertadores de 2019. É verdade também que sobraram no campeonato brasileiro. Tudo indica que alcançarão a maior quantidade de pontos que um time ganhador já conseguiu, desde que o campeonato de pontos corridos foi estabelecido. Sua campanha, com vitórias memoráveis, o seu bom futebol rápido e demolidor,  credenciavam o Flamengo como favorito contra o River Plate. Ainda que Gallardo, que ignorava o destino, tivesse razão em dizer que se o Flamengo era superior que provasse nos gramados. Que foi provado, foi. Mas, convenhamos, da forma mais cruel possível. Sejamos justos. Não há como negar que o River foi melhor durante exatamente 93 minutos da partida. Jogou uma partida impecável durante todo este tempo. Dominou o campo, impediu que o Flamengo jogasse. O Flamengo foi irreconhecível, ao ponto, de permitir um gol inacreditável, que foi uma falha coletiva, porém, quase espírita. Era uma jogada que teve tudo para não acontecer. Não pensavam assim os deuses do futebol que permitiram ao River o sabor de pensar que poderiam vencer. Depois de uma hora e meia sem conseguir fazer uma única jogada, adormecido em campo, dominado, submetido, o Flamengo despertou. Do triste Flamengo, que não acertava passes, que não fazia uma jogada certa, que não ganhava um rebote, que desanimava o torcedor, reapareceu o time vencedor e, em três minutos, em apenas três rápidos minutos, fulminou o River Plate. Acertando uma jogada! Só uma! E, com ela, desmontou tudo o que o River havia feito. O golpe foi tão mortal, tão fatal, tão perfeito, tão monumental que nem precisou de uma segunda. De um lance improvável, de uma bola lançada mais para a defesa do que para um provável ataque, de um lançamento sem futuro, o faro de goleador de Gabigol, a vocação de artilheiro, brilhou. E ele, que só havia tido o fácil trabalho de empurrar a bola nas redes no primeiro gol, como um tanque, se impôs aos zagueiros, que atrapalhados, assistiram o seu chute implacável, certeiro, matador. Não havia o que fazer mais. Era só levantar a taça. Foi sorte? Foi. Porém, quem disse que os grandes times não precisam de sorte para vencer? A sorte foi tanta que, no domingo, foi campeão brasileiro sem entrar em campo. Agora, sejamos cirúrgicos, precisos no exame: ninguém é um grande campeão apenas com sorte. O Flamengo fez história jogando muito. E foi premiado ganhando a Libertadores quando fez sua pior partida dos últimos tempos. Porém, não é todo time que só precisa de três minutos jogando bem para ganhar do River Plate. A verdade é que estava escrito!

terça-feira, novembro 19, 2019

AS MUDANÇAS NO MUNDO DO TRABALHO RECLAMAM NOVAS FORMAS DE PENSAR O FUTURO





Leio no jornal português “O Público” que uma pesquisa do Instituto Nacional de Estatística (INE) revela que as empresas portuguesas contatam mais frequentemente os seus trabalhadores fora dos seus respectivos horários de trabalho atualmente mais do que há quatro anos. Segundo ainda a mesma pesquisa  quase 40% dos funcionários tiveram solicitações de trabalho no seu período de descanso pelo menos uma vez nos dois meses anteriores. Segundo o inquérito, em 2015 mais de metade (56,6%) da população empregada no 2º trimestre afirmava nunca ter sido contatada profissionalmente fora do horário de trabalho. No trimestre equivalente de 2019, aquele valor diminuiu 3,9%, sendo agora 52,7% os que fazem tal afirmação. Em sentido contrário, 39,2% dos trabalhadores empregados hoje dizem ter sido contatados por questões da empresa em horário de descanso, pelo menos, uma vez nos últimos dois meses – a diferença entre os dois indicadores são os entrevistados que não sabem ou não respondem. Destes, 20,2% receberam este tipo de contato “uma ou duas vezes”, enquanto os restantes 19% revelam uma prática mais frequente. Na maioria desses casos (13,2%), os contatos são feitos na expectativa de que o trabalhador interrompa o seu período de descanso para resolver algum problema.  Os contatos fora do horário de trabalho são mais frequentes entre homens (49,1%, contra 40,3% entre as mulheres); funcionários com formação superior (61,2%) e trabalhadores por conta de outrem (56,8% reportam a existência destas práticas nos últimos dois meses). Dentro destes, o fenômeno é particularmente sentido pelos funcionários que têm vínculos com termo (60,5%). Também é significativo na pesquisa que quase um terço dos trabalhadores (28,8%) afirma trabalhar “sempre, ou muitas vezes” sob pressão de tempo, “tendo de terminar tarefas e trabalhos ou tomar decisões dentro de prazos considerados insuficientes”. Pouco mais de um terço da população empregada (34,1%) afirma ter total, ou muita, autonomia para decidir a ordem e o modo como executa as suas tarefas ou trabalhos. Bem, a pesquisa é portuguesa, mas, não deve ser muito diferente no Brasil. Parece que, apesar do descanso ser considerado um direito fundamental do trabalhador, a jornada de trabalho, que é o período estabelecido no contrato com a empresa que deve ser cumprido pelo empregado, está, cada vez mais sendo menos respeitada, principalmente, quando se trata de trabalhadores de nível superior ou especializados. O que se percebe é que a legislação brasileira (e mundial) gira em torno do emprego que, com o desenvolvimento da tecnologia e da inteligência artificial, ao meu ver, tende a diminuir muito. Mas, se o emprego tende a diminuir, ou, talvez, como pregam alguns, a desaparecer, o trabalho, certamente, não desaparecerá. A verdade parece ser que é preciso que se pense em novas leis mais adequadas a uma nova realidade. O enfraquecimento sindical não se dá à-toa. Reflete o fato de que a classe trabalhadora é, cada vez mais, fragmentada e heterogênea. Pensar que se possa agrupar interesses crescentemente difusos é uma tolice. A questão do futuro será como remunerar melhor o trabalho ou como criar uma forma de renda universal que se sustente num modelo onde só uma parte muito pequena da força de trabalho será contratada por empresas. A dissolução entre o trabalho e o descanso, que aumenta a olhos (e pesquisas) vistos, é um sintoma das profundas modificações do mundo do trabalho. E é preciso que se pense em novas formulas e não, como faz grande parte da mentalidade de esquerda, desejar que “direitos” se sustentem, quando não possuem, como contrapartida, o substrato econômico que os viabilize. É um belo discurso, o de falar em direitos, mas, a história demonstra que eles só existem quando a economia permite que possam ser sustentados.


quinta-feira, novembro 14, 2019

CRIAR CIDADES INTELIGENTES É CUIDAR DO FUTURO



Cada vez mais merece atenção o tema de transformação das cidades em cidades inteligentes, ou, em inglês, Smart Cities, que são sistemas de pessoas interagindo e usando energia, materiais, serviços e financiamento para promover o desenvolvimento econômico e a melhoria da qualidade de vida.  Estes fluxos de interação são inteligentes por fazer uso estratégico de infraestrutura e serviços e de informação e comunicação com planejamento e gestão urbana para dar resposta às necessidades sociais e econômicas da sociedade. O Cities in Motion Index, do IESE Business School na Espanha, utiliza 10 dimensões para indicar o nível de inteligência de uma cidade: governança, administração pública, planejamento urbano, tecnologia, o meio-ambiente, conexões internacionais, coesão social, capital humano e a economia. A importância que se dá as cidades inteligentes pode ser medida pela criação do Ranking Connected Smart Cities, um estudo desenvolvido pela Urban Systems para o evento homônimo, idealizado pela Urban Systems e pela Sator e realizado desde 2015, criando uma plataforma de discussão e negócios sobre o de Cidades Inteligentes. Com 5 publicações já realizadas, as versões 2015 a 2019, o Ranking Connected Smart Cities se configura um esforço da Urban Systems para o entendimento e a definição dos indicadores que apontem o desenvolvimento inteligente das cidades.  A última edição do Ranking Connected Smart Cities, de 2019, avaliou 700 cidades brasileiras, levando em consideração 70 indicadores distribuídos nos eixos de mobilidade, urbanismo, meio ambiente, energia, tecnologia e inovação, economia, educação, saúde, segurança, empreendedorismo e governança. Campinas (SP) conquistou o primeiro lugar geral, seguida por São Paulo (SP) e Curitiba (PR), respectivamente. A liderança de Campinas se explica pelo quesito economia, com independência do setor público, uma vez que 94,5% dos empregos formais não estão na administração pública. Mas, também, pela tecnologia e inovação: Campinas possui cinco parques tecnológicos e cinco incubadoras de empresas, e apresenta 4,9% de crescimento do número de entidades de tecnologia, mesmo em período de crise econômica. No Norte, porém, entre as 100 cidades listadas como as mais inteligentes do Brasil só uma aparece: Palmas, a capital de Tocantins. É preciso, portanto, que nossos prefeitos e nossas lideranças passem a olhar com mais carinho a questão de como tornar nossas cidades inteligentes. Até porque para se ter uma cidade inteligente não se pode olhar os setores de uma maneira isolada. Todos eles precisam ser entendidos como fazendo  parte de um ecossistema integrado que afeta o dia a dia do cidadão. Daí, que  o processo para tornar as cidades mais inteligentes é sempre gradativo exigindo  não só gestão pública, mas, também a compreensão  dos próprios cidadãos de que são também responsáveis pelo futuro de suas cidades. É preciso que, urgente, se discuta como tornar nossas cidades inteligentes buscando soluções que atendam a realidade e a necessidade de todos nós.

quarta-feira, novembro 13, 2019

A NECESSIDADE DA ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL DE RONDÔNIA



O Departamento Acadêmico de Ciências Econômicas da UNIR, com o apoio do Núcleo de Ciências Sociais Aplicadas também da Universidade de Rondônia e o Conselho Regional de Economia de Rondônia-CORECON/RO, realizam, no Auditório da UNIR Centro, um Seminário de Economia que tem como tema “A Economia do Estado de Rondônia no contexto do Desenvolvimento Regional” em três encontros, dois dos quais já aconteceram nos dias 4 e 12 de novembro, e o próximo, que acontece no dia 20, na próxima terça-feira, terá como mote “A Economia de Rondônia, tendo o Estado como agente mediador e indutor do Desenvolvimento” a ser apresentado pelo Coordenador da Secretária de Agricultura, economista Avenilson Gomes Trindade, e o emérito Conselheiro do Tribunal de Contas e professor Valdivino Crispim de Souza. Até agora, apesar do público estar quase limitado aos alunos de Economia da Universidade Federal de Rondônia, o seminário tem sido muito frutífero no sentido de apontar a falta de um projeto para o estado e das dificuldades de articulação, planejamento e recursos que Rondônia possui para o seu desenvolvimento.
É verdade, como defendeu um dos integrantes do governo durante o seminário, que Rondônia possui um Plano de Desenvolvimento Estadual Sustentável de Rondônia-PDES/RO 2015-2030, mas, como foi ressaltado por um dos debatedores, não há um nexo causal entre o plano, o plano plurianual de investimentos e o orçamento. Ainda que se tenha tentado defender o governo apontando que, dada a complexidade dos objetivos e metas e a pequenez dos recursos, seja feita uma redução das grandes ambições do plano para um planejamento estratégico que se concentraria no que é possível gerir, no entanto, também se contestou a gerência, que seria feita por ilhas setoriais do governo. Ainda, porém, que se aceitasse os argumentos em defesa do planejamento governamental é indiscutível que o PDES é um plano de governo. Não é de conhecimento da sociedade, apesar de terem tido, conforme foi afirmado, várias audiências públicas e se garantido espaço para as instituições e sociedade civil. O fato é que seus objetivos não são os objetivos da sociedade nem são por ela encampados. O que ficou patente, no decorrer do seminário, é que a definição do que desejamos, a falta de organização da própria sociedade, gera um hiato entre os anseios públicos e o governo. Há, por assim dizer, um diálogo entre diferentes línguas que não se entendem. Apesar disto, a economia estadual cresce, porém, é preciso, mais do que nunca, que a sociedade civil se organize para fazer com que suas demandas sejam incorporadas aos planos governamentais. Neste sentido, não importa a questão levantada da não participação da população na medida em que é chamada apenas para corroborar o que se planejou. Na verdade, em Rondônia, o que não é diferente do resto do país, a população e as próprias lideranças não têm informações nem conhecimento, por exemplo, sobre o orçamento e a utilização dos recursos públicos, o que, em tais condições, faz prevalecer as manipulações. A grande maioria não sabe quais são as possíveis formas de participação ativa nas deliberações públicas, de forma que o controle social acaba sendo só pro forma, como também o direcionamento dos recursos. Não importa se as pessoas tem, ou não, conhecimentos, inclusive burocráticos e digitais, o que importa é que suas demandas sejam incorporadas ao planejamento e se crie formas de controle social, sob pena de se criar um campo fértil para a ineficiência e se abrir as portas para a corrupção. Neste sentido, quanto menos permeável é um governo, quanto menos acessível, menor será a influência da sociedade sobre os recursos que lhes são retirados em forma de impostos. E menor também o retorno que deles recebem. O Seminário está sendo esclarecedor sobre este aspecto e, principalmente, de que a sociedade rondoniense precisa se organizar melhor para encontrar consensos sobre o que deseja e cobrar do governo uma atuação mais efetiva em prol do desenvolvimento do Estado.

quarta-feira, outubro 30, 2019

FACEBOOK É UMA MÍDIA AINDA MUITO DOMINANTE



Não se pode negar as grandes vantagens que as redes sociais nos proporcionam. Basta pensar como facilitaram a nossa vida, inclusive sob o ponto de vista profissional, como criaram espaço para novos tipos de profissões e negócios, bem como tornaram a comunicação fácil e instantânea. Se, vinte anos atrás, alguém tivesse dito que poderíamos compartilhar informações, notícias, fotos, eventos tão rapidamente; que os acontecimentos do mundo poderiam ser acompanhados e divulgados em tempo real, dificilmente, alguém teria acreditado. Hoje é um fato cotidiano. Com as mídias digitais, podemos bater fotos, escrever, falar, encontrar pessoas. Criar grupos por assuntos que nos interessam, fazer novos parceiros e/ou amigos ou até mesmo reencontrar pessoas que fizeram parte de nossas vidas no passado. Fora encontrar trabalhos, estabelecer ligações profissionais, divulgar nosso trabalho, vídeos, desenhos, livros, enfim,  mostrar nossas habilidades, distribuir ou vender artesanatos ou produtos. Devo dizer que já fui mais adepto delas. Hoje tenho um certo receio tendo em vista alguns problemas que enfrentei de notícias falsas, e-mail e uso de meu nome. Assim, hoje, me abstenho de dar opiniões, de discutir, até mesmo em particular, com os amigos, pois, quem não nos conhece pode interpretar brincadeiras ao pé de letra e se tornar uma dor de cabeça de graça. Estamos no tempo da boiada. Pensar incomoda todos os lados. Assim só posto amenidades, alguma música, uma foto com algum amigo ou personalidade, um evento que desejo enaltecer ou convidar pessoas para participar. Minha visão, hoje, das mídias sociais, portanto, é de que precisam de alguma regulação e/ou mediação para terem um papel melhor.  Mas, me surpreendi, realmente, com uma pesquisa feita pela Activate Inc., que revelou que o Facebook, nos últimos dois anos, perdeu cerca de 26% do engajamento médio por usuário e o tempo a ele dedicado caiu de  14 horas ao dia para apenas durante 9 horas ao dia. Redes menos fortes, como o Twitter, o Snapchat e mesmo o Instagram, conseguiram manter seu tráfego estável, o Facebook. Bem, não acredito que isto vá afetar o negócio,  a empresa de Mark Zuckerberg. Considero, aliás, uma análise superficial afirmar que há “uma debandada e desinteresse exponencial da gigantesca base de usuários em sua rede social”. O negócio dele, ao meu ver, se mantém muito forte e os efeitos atuais são, como acontece sempre com mídias novas que fazem sucesso, uma certa acomodação.  É claro que fatores como a questão com a Libra, os fake news, a publicidade na política e mesmo números falsos sobre vídeos não afetem seu desempenho, mas, de fato, sua sobrevivência está garantida por muito tempo, exceto, se uma nova plataforma, que faça ou supere seu papel na vida das pessoas, apareça. Hoje, mesmo na mídia social, não há nada de novo no horizonte.

sexta-feira, outubro 18, 2019

O VALOR NEGATIVO DO CORINGA



Não li as críticas, mas, o filme “O Coringa” estava cercado de muita polêmica, de modo que fiquei ansioso para vê-lo. Todavia, para mim, foi um anticlímax. Sinceramente não gostei nenhum pouco do filme. O filme tem sim um bom roteiro, a fotografia é excelente e muito bem dirigido. Enfim, sob o ponto de vista técnico é um grande filme. Que a atuação de Joaquin Phoenix é genial, também, não resta dúvida. Porém, diga-se a bem da verdade, é muito talento gasto num papel que não honra nenhum grande ator. Horrível também a participação de Robert De Niro. Não sei o que o levou a aceitar um papel tão medíocre. O filme é deprimente. Não sei o que leva alguém a contar a história de Arthur Afleck, um palhaço com transtornos mentais, que mata pessoas, inclusive a própria mãe. Mostrar que na nossa sociedade existem pessoas loucas? Ou que nossa sociedade é injusta e opressiva, daí, transformar  pessoas com problemas psicopáticos em assassinos? O filme não tem lições, nem moral. É um filme sem noção feito para uma época sem noção. Um filme que isenta de responsabilidades quem pratica o mal e, ao mesmo tempo, pune de forma indiscriminada quem merece ou não. Enfim, me parece mais uma contribuição para justificar que tudo é mesmo assim, sem jeito e sem remédio. E termina com uma música que diz que a vida é mesmo assim. Claro que não concordo. Ainda mais que a arte, e o cinema é uma arte, deve ser feita para glorificar a vida, para criar grandes momentos, a ilusão de que podemos ser melhores. Por isto o filme é o mais violento que já assisti. Não pelas mortes e sim por glorificar a falta de noção, inclusive, quando cria um assassinato em pleno um programa de televisão ou quando, a partir dos assassinatos num trem, faz de um louco, que mata três pessoas por impulso, o gatilho de um movimento popular anárquico e irreal sob a alegação de que se trata de uma revolta contra a opressão silenciosa dos ricos. É uma inversão monstruosa da civilização sob o pretexto de crítica. Há violências que se justificam ou não. No entanto, nada justifica se glorificar a violência pela violência. A violência é uma coisa natural do homem sim, todavia, só a civilização, com todos os seus problemas, pode por limites aos comportamentos humanos. O filme é corrosivo por ser selvagem, no sentido de querer justificar qualquer coisa, por ser anticivilizatório. De fato usar a figura arquetípica do palhaço, um ícone do riso, para uma paródia lúgubre onde uma pessoa com graves distúrbios se transforma num assassino em série me parece muito mais um incentivo aos loucos de nossa época (que hibernam) para que ganhem seus 15 minutos de fama. Muitas pessoas devem achá-lo maravilhoso por diversos motivos. Não sou psicólogo. Tento conservar o pouco de racionalidade que ainda penso ter. Para mim, é um filme deprê. Uma pena que não tenham feito algo mais proveitoso com tantos recursos e atores maravilhosos.

sexta-feira, outubro 04, 2019

O FUTEBOL NO FUNDO DO POÇO




O Brasil anda de pernas para o ar. Decididamente as pessoas perderam a noção das coisas. Assisto estarrecido algumas pessoas próximas se comportarem de uma forma que está longe de ser crível que tenha algo de racionalidade. Nem vou citar qualquer coisa de posições políticas porque, algum tempo atrás, prometi a mim mesmo que, dado a falta de noção (e conhecimento, inclusive histórico, que as pessoas demonstram), não é muito sensato, nem conduz a nada, discutir posições políticas. Vou escrever mesmo é sobre o que acontece nos campos de futebol que, como dizem, não é só futebol. É também um retrato de nossa sociedade. A loucura que invade nossos campos, por exemplo, se demonstra nas agressões entre torcidas. E, faz algum tempo, se transporta para as agressões gratuitas. A grande realidade é que futebol é um esporte. Um esporte que apaixona e que gera muito dinheiro, mas, ganhar e perder depende de muitas condições. Não é só o querer de dirigentes, de técnicos, de jogadores ou de torcidas.
Neste mundo, no Brasil, em especial, a posição mais frágil é a do técnico, mas, o jogador também está extremamente exposto. Não importa como esteja. Se exige dele é o resultado. E os julgamentos são implacáveis. Neymar, que é um indiscutível craque, tem sua vida esquadrinhada, cada ato seu examinado, pesquisado, analisado como se tivesse a obrigação de ser um ser perfeito. Cito um jogador de grande sucesso. Porém, se exige do jogador que, além de jogar muita bola, em toda e qualquer situação, se comporte como uma primeira dama. Garrincha, o anjo das pernas tortas, o maior gênio, que este esporte já teve, se vivo, seria execrado por mau comportamento e, no campo, já teria sido agredido por “desmoralizar” o adversário. Empurraram para o campo o politicamente correto, apesar de toda a tecnologia do VAR, não se conseguir nem correção nas arbitragens, de só servir para impedir gols e tornar o jogo mais chato. Em suma, o que se espera, hoje, é que, num campeonato brasileiro, como o atual, em que os times são extremamente parecidos, todos sejam feitos de super-homens e de gentlemen. E, levada a lógica vigente, como temos, no mínimo, doze grandes clubes, todos teriam que ser campeões! O que é certo: ter um campeão com onze torcidas conformadas com o fracasso de seus times ou um campeão com onze torcidas invadindo centros de treinamentos e agredindo dirigentes, técnicos e jogadores? O que diz o seu bom senso?
Lembro, agora, que, ultimamente o técnico do Santos, Jorge Sampaoli, parece até um analista do Brasil.  Não que diga nada errado. Muito pelo contrário. Tem acertado com uma frequência muito maior do que seu time joga bola. Ele afirmou:  “Vitória gera satisfação para nós. A pressão que se gera em uma derrota chega a ser ridícula. São críticas que chegam ao ponto de se invadir um CT. É assim que funciona e o que temos que viver nesta profissão”. É um diagnóstico do absurdo nosso de cada dia. O futebol, que deveria ser uma fonte de prazer e de diversão, se transformou também numa demonstração de que a ignorância é ousada. Não respeita a ordem, nem a civilização. Até nos tempos mais bárbaros sempre se preservou o circo. A luta sempre foi pelo pão. No Brasil conseguiram subverter tanto a ordem que nada é sagrado. Nem o pão, nem a igreja, nem o circo. Aí do nosso futebol!

sexta-feira, setembro 27, 2019

O INFERNO ASTRAL DOS TÉCNICOS



A bem da verdade não há nada de muito novo no fato de que três técnicos de futebol sejam demitidos de uma hora para a outra, exceto ser em lote e as decisões terem sido noturnas. A tônica forte da vida dos técnicos brasileiros é um retrato da nossa mentalidade: o imediatismo. Basta uma sequência de maus resultados para qualquer técnico, por melhor que seja, ficar com uma espada sobre a cabeça. No caso atual, se olharmos para o trabalho do Cuca, ainda que possa ter seus problemas, é um reflexo também da falta de um ambiente estável no São Paulo. Já Zé Ricardo nem teve tempo, a rigor, de mostrar nada. Inclusive, se comparado ao grande rival do estado, o Ceará, que se encontra a 7 jogos sem vencer, os quatro dele deveriam ser tolerados. Ainda mais que a defesa do Fortaleza, mesmo com Ceni, não apresentava um bom rendimento. Já Oswaldo de Oliveira é uma ironia das grandes. O Fluminense, mesmo com dois a menos, fez seu melhor jogo dos últimos tempos. A vida de técnico não é mesmo nada fácil.
Aliás, numa entrevista muito feliz, Sampaoli, se queixava das críticas aos técnicos, de não compreender nossa mentalidade. E apontava para Mano Menezes, um treinador de qualidade, que saiu do Cruzeiro, depois de uns resultados ruins, e só obteve vitórias no Palmeiras. Ele seria ruim em Minas e bom em São Paulo? Não. O exemplo inverso é o de Rogério Ceni que estruturou o Fortaleza e teve uma trajetória vitoriosa, a ponto de ser aclamado como o melhor técnico que a equipe já teve, mas, não conseguiu, na sua curta passagem pelo Cruzeiro, nada de relevante. É um técnico ruim? Claro que não. Tem toda razão Sampaoli quando afirmou que “Não se crê em alguém, o resultado muda tudo e torna alguém bom ou ruim. Há mais modificações do que do treinador em si. Que treinador é descartável e só é bom quando ganha e mal quando perde. Acaba sendo mais importante o roupeiro do que o treinador. Treinador se vai sempre”. É a pura verdade. É indispensável se mudar esta mentalidade de curto prazo e dar estabilidade aos técnicos para fazer um bom trabalho. Lembro aqui os técnicos Odair Helmann, do Internacional e Tiago Nunes, do Atlético Paranaense. Trata-se de dois grandes técnicos. Este ano o Internacional, até agora, não ganhou nada. Já o Atlético Paranaense ganhou a Copa Brasil. Será que por isto o trabalho de Tiago é melhor do que o de Odair? Difícil de dizer. Futebol também é acaso, é sorte, inclusive dos jogadores. Odair perdeu o campeonato gaúcho nos pênaltis. Tiago conseguiu eliminar o Flamengo e o Grêmio nos pênaltis. Um lance diferente podia ter mudado tudo. O Edenílson, por exemplo, foi crucificado por um lance que, dificilmente, Marcelo Quirino fará outro igual. E, aqui, entra o imponderável, inclusive a condição física e psicológica dos jogadores. Muitos deles não jogam o que podem por falta de treino ou por excesso de jogos. E, se o resultado não vem, a culpa será sempre do técnico. Os dirigentes deveriam ser muito mais cuidadosos tanto para contratar técnicos (e jogadores) como para dispensar. Pensar em criar um estilo de jogo e uma equipe, como no passado, quando se sabia quem iria jogar e se decorava o nome dos jogadores. Os times mais vitoriosos fazem isto. Cito o Grêmio que, em parte pela estrela e a competência de Renato, busca manter e reforçar uma equipe. De qualquer jeito a vida de técnico não tende a ser nada fácil mesmo. Lembro de, pelo menos, dois deles que tiveram um imenso sucesso com seu time e, mesmo assim, foram dispensados: Diego Aguirre, no São Paulo, e Lisca, no Ceará. Se houvesse bom senso e uma visão de longo prazo, certamente, as equipes seriam bem melhores e o inferno astral dos técnicos mais atenuado.

quinta-feira, setembro 05, 2019

A (IN) VERDADE NAS REDES SOCIAIS



Ninguém, que analisar a vida moderna, pode negar que as redes sociais expandiram a comunicação e são presentes na vida da maioria das populações, especialmente urbanas, bem como se tornaram importantes na relação clientes/consumidores. Na prática, os canais de comunicação ficaram mais abertos à interação, o que, sem dúvida, gera oportunidades, porém, também cria grandes desafios. O maior deles diz respeito as informações que circulam nas redes. Todos nós, empresas ou pessoas, estamos sujeitos ao uso do nosso nome por outros e isto se torna, cada vez mais, um problema na medida em que, por incrível que pareça, um estudo do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), dos Estados Unidos, garante que as notícias falsas se espalham pelas redes sociais com uma velocidade seis vezes maior do que as notícias verdadeiras. E, para tornar o estrago maior ainda, as pessoas retêm as notícias falsas por longos períodos, principalmente, quando estão aliadas às crenças que as pessoas alimentam. Assim, se uma informação falsa sobre um político que não gosto circula, eu (e você também) estamos mais propensos a lembrar desta informação por muito mais tempo.
Como alguém que já foi vítima de informações falsas sei muito bem que isto é verdade. Já tive blog invadido com post que nunca colocaria sendo colocado em meu nome. Já experimentei o dissabor de veicularem e-mails em meu nome com fins escusos e até mesmo postarem no Facebook informações que não postaria porque, no momento, só posto poesias ou músicas, justamente, porque as disputas político-partidárias altamente emocionais, derivadas das eleições presidenciais, criaram um clima que tornou o Facebook o maior palco da insensatez e da sem noção. Aliás, faz tempo que não opino, nem discuto em redes sociais. E até, diante da insensatez do que se posta, escrevi um livro (já publicado) com o nome de “Troféus de Caça-Contos da Era Digital” onde demonstro que as pessoas, nas redes sociais, talvez, por pensarem erroneamente, que são anônimas, perdem completamente o bom-senso e se comportam como se tivessem perdido, no mínimo, metade dos neurônios.
A verdade é que, queiramos ou não, o  ambiente digital se impõe na nossa vida e não podemos prescindir dele. No entanto, também traz muitos desafios.  Cabe a todos nós, pessoas e empresas, saber utilizar bem essas ferramentas. Embora muitos falem e escrevam sobre elas, de fato, ainda são muito recentes e estamos aprendendo a utilizá-las. É um processo educativo, porém, penso que as pessoas devem ter muito mais cuidado com o que dizem e escrevem nas redes e, em especial, se certificar se o que veem, realmente, partiu de quem aparece como autor. Nunca é demais lembrar que o que mais circula nas redes são as notícias falsas, as fake news. E que, como escreveu Mark Twain, muito antes de existirem as redes sociais: “Para quem só tem um martelo, todo problema parece um prego”. Verifique e pense antes de bater. Não que vá fazer muita diferença, mas, pelo menos, não estará contribuindo para o festival de falta de bom senso que inunda as redes sociais.

Ilustração: https://www.rappler.com/.


quinta-feira, junho 06, 2019

OS DANOS DA INSEGURANÇA JURÍDICA


No começo do ano o novo ministro da Economia, Paulo Guedes, andou apontando caminhos que poderiam mudar muito o País. Em primeiro lugar, disse que a carga tributária atual de 36% representa um fardo muito pesado e estava muito acima da existente em outros países similares em tamanho ao nosso. E disse que a carga tributária ideal para o Brasil seria de 20%, porém, que para chegar a isto a velocidade dependeria dos gastos. E apontou o excesso de gastos na publicidade e na compra de influência parlamentar como formas que deveriam ajudar a diminuir as despesas. Uma parte, de fato, está aí, no entanto, o enxugamento do governo exige mais. Exige, principalmente, que se atente aos custos das compras, ao controle das despesas também. Fazer este dever de casa é essencial sim para sanear as contas públicas. Ocorre que isto somente não será capaz de mudar o Brasil. Para mudar será preciso que se faça um trabalho profundo de desburocratização e de criar segurança jurídica para a economia.
A segurança jurídica é uma categoria de direito que indica estabilidade nas relações judiciais, seja na questão da não alteração arbitrária das normas legais, seja  na  previsibilidade do resultado de uma ação judicial. Este princípio serve como um dos pilares fundamentais do estado de direito, pois,  a organização social depende da confiança que os  cidadãos têm no Estado, ou seja, na confiança de que, quando tiver um direito violado, esse estado o protegerá. Trata-se de um princípio que, embora não inscrito na Constituição, está implícito em muitos dos seus artigos, mas, que é continuamente desrespeitado a todo e qualquer instante. Basta verificar que pouco países dispõem de um cipoal de leis tão complexo quanto o  Brasil. Mas, o problema não é somente a quantidade. É o fato de que as regras do jogo mudam a cada dia, o que deteriora o ambiente de negócios, afasta investidores e emperra o crescimento econômico. Principalmente, os estrangeiros, de vez que nós já nos acostumamos com a insegurança cotidiana, não conseguem entender como até mesmo um agente público estadual ou municipal, por exemplo, com um simples parecer afeta toda uma pratica de anos de tramitação comercial. E o que é pior: quando se recorre ao judiciário custam a decidir contra o governo ou até mesmo coonestam mudanças que, a rigor, careceriam de uma nova legislação. Isto é, particularmente sensível, quando se trata do setor tributário onde a complexidade por si só já é um problema que torna difícil, para qualquer um, entender como as coisas funcionam por aqui, como as decisões são tomadas, como se dá o ordenamento jurídico. O que se conclui é que o excesso de leis, de regulamentos, de normatizações e suas mudanças constantes, aliadas ao fato de que as diversas interpretações da Justiça no Brasil, criam incertezas que impedem a previsibilidade e desencorajam investimentos, novos negócios. Um exemplo recente é a discussão sobre uma nova lei dos dividendos. A isenção dos tributos sobre os dividendos é um incentivo para pessoas físicas e fundos investirem mais, porém, até parece que o país não necessita de investimentos. Necessita sim. E necessita muito mais ainda de simplicidade e permanência no seu ambiente de negócios. Somos extremamente prejudicados como nação pelo permanente estado de insegurança jurídica que faz dos planos de negócios e projetos econômicos tabula rasa. Efetivamente, há uma ignorância econômica muito grande sobre a necessidade de estabilidade no ambiente de negócios para que o país possa ter crescimento econômico e se criam leis, decretos, regulamentos e normas que aumentam as despesas das pessoas jurídicas e físicas como se os recursos de que dispõem estivessem à disposição dos agentes públicos. Diariamente se criam despesas inesperadas para o contribuinte sem que, muitas vezes, quem usa a caneta tenha a menor noção do que é uma empresa e de seus custos. É indispensável que as leis sejam simplificadas e haja segurança jurídica dos negócios ou estaremos condenados a ser sempre o país do futuro.



segunda-feira, abril 01, 2019

Viva a poesia



Sinceramente os tempos não são propriamente bons para os que, igual a mim, gostam de refletir, antes de discutir, e procurar ter uma visão construtiva, diria mesmo que, de futuro, das coisas. E, como estamos numa época onde tudo que é sólido se desmancha no ar, estou quase virando um monge, um eremita. De fato, sair de casa só se for por uma boa conversa, uma boa música, um jantar ou um vinho com os poucos (e bons) amigos que tenho. Estou mais para uma tartaruga ou como a avestruz que, todos pensam que, nas situações difíceis, enterram a cabeça na areia. Pura lenda: se parecem comigo, pois, correm mesmo (e muito). A diferença é que tanto corro, quanto durmo. O sono é meu antidoto contra muitos males. Durmo muito. A preguiça deve ser minha companheira de alma. Vou devagar, devagarinho... Bem, isto tudo foi somente para dizer que, como não desejo me ocupar de assuntos traumáticos, vou me ocupar de arte. De paixão para arte. Nada melhor, portanto, que lembrar os versos de Jorge de Lima:
PAIXÃO E ARTE
Jorge de Lima
Ter Arte é ter Paixão. Não há Paixão sem Verso…
O verso é a Arte do Verbo – o ritmo do som…
Existe em toda a parte, ao léu da Vida, asperso
E a Música o modula em gradações de tom…

Blasfemador, ardente, amoroso ou perverso
Quando a Paixão que o gera é Marília ou Manon…
Mas é sempre a Paixão que o faz vibrar diverso;
Se o inspira o Ódio é mau, se o gera o amor é bom…

Diz a História Sagrada e a Tradição nos fala
dum amor inocente (o mais alto destino):
A Paixão de Jesus, o perdão a Madalena.

Homem, faze do Verso o teu culto pagão
E canta a tua Dor e talha o alexandrino
A quem te acostumou a ter Arte e Paixão”.

É, meus amigos, recorrer à poesia é sempre um modo de cantar a vida. Pode-se até mesmo deixar de lado a forma alexandrina, mas, não, jamais, de buscar na arte, na poesia, um bom motivo para viver. Como escreveu Friedrich Nietzsche "A arte e nada mais que a arte! Ela é a grande possibilitadora da vida, a grande aliciadora da vida, o grande estimulante da vida". Em suma, a arte é, de fato, uma ode à vida, de modo que vida e poesia se confundem. Assim dar uma viva à poesia é dar um viva à arte e à vida!

Ilustração: Travessia Poética.

quarta-feira, março 13, 2019

IDÉIAS USADAS POR LOJAS E NEGÓCIOS DE SUCESSO



O varejo, em qualquer lugar do mundo, está se tornando muito mais competitivo. É verdade também que a escala pesa, ou seja, e isto é observável em Porto Velho, as grandes redes, com compras muito maiores e, via de consequência, preços mais baixos, abocanham pedaços crescentes do mercado. No entanto, há lojas e empresas micros e pequenas que se modernizam e criam formas de relacionamento com os clientes que alcançam também muito sucesso. Sem dúvida, um fator importante, fundamental para isto é o uso das informações, dos dados obtidos sobre os seus clientes. Na prática, todo mundo colhe dados sobre seus clientes, mas, usam bem? Aí é que reside o problema da grande maioria. Ou não colhem bem os dados ou colhem, porém, não sabem usar os dados que possuem. Hoje, para um negócio ser bem sucedido, é indispensável que se tenha informações como as do aniversário do cliente, a sazonalidade e o intervalo de suas compras para chamar sua atenção, estimular suas visitas e compras. Assim manter um cadastro dos clientes e usá-lo bem é uma das formas mais eficientes de aumentar e manter sua clientela.
É verdade que, muitas vezes, existe uma resistência ao cadastro. Em geral o cliente quer ser atendido o mais rápido possível e a coleta de dados é vista como algo indesejado. Mas, existem formas de driblar este empecilho. Uma delas é prover os vendedores de um sistema móvel que permita que registrem dados durante o atendimento, afora as compras por crediário que possibilitam isto sem grandes problemas. Outro jeito indolor de obter dados é oferecer wi-fi grátis, desde que o cliente se cadastre. Muitas empresas fazem isto, via o próprio celular do cliente, o que facilita ainda mais. Também uma forma atrativa é a de criar promoções onde os clientes precisam se cadastrar. De qualquer forma, quem pretende ser competitivo precisa usar bem seu cadastro. E existem outras ações simples que melhoram o seu atendimento e o aproxima dos clientes. Eis algumas delas de forma resumida:

     1)     Investir no pós-venda- Todo cliente fica satisfeito quando, por um telefonema, whatsapp ou via e-mail, a empresa procura saber de sua satisfação. Então, fazer pesquisas como o cliente foi atendido na sua empresa é uma forma muito boa de manter a gestão de sua clientela;
2   2)     Presenteie no aniversário- Em geral as empresas se limitam a mandar uma mensagem de parabéns que é tida mais como uma ação de marketing do que uma atenção real. Inove. Ainda que seja uma lembrancinha sem grande valor econômico, se for original ou engraçada ou tiver um diferencial que o cliente reconheça como direcionada para ele, pode ter certeza, que vai gostar. Algumas empresas oferecem cupons de descontos para o aniversariante o que também é válido;
    3)      Personalize seu cadastro- Na medida em que seu relacionamento com o cliente aumenta também melhore a qualidade de seu cadastro. Recolha mais informações sobre ele para fazer ofertas e promoções. Sempre dá resultado;
4 4)   Crie uma forma de fidelização- Muitas empresas usam cupons, que quando atingem uma certa quantidade, dão direito a alguma coisa; outras criam um clube de vantagens que oferece mais ofertas e descontos na medida em que se compra mais;
5  5)   Mantenha uma loja virtual- Hoje quem não está na internet, de fato, não está no mundo. Assim não basta usar o Facebook ou o Instagram para divulgar sua empresa. Também outros meios que permitam a visualização ou a compra via internet são essenciais para os negócios modernos. É indispensável associar a loja física a um site; e
6 6)    Segmente por perfis- É preciso acessar o cliente de acordo com suas características. Logo aglutinar seus clientes por faixa etária, assiduidade, tíquete médio, etc. ajuda a direcionar eficientemente sua comunicação levando a melhores resultados.

De qualquer forma, é indispensável o uso da tecnologia para se relacionar com o consumidor. É uma  enorme vantagem competitiva para as empresas, em especial as pequenas. E, no mercado, existem soluções para negócios de todos os portes e capacidades financeiras (aplicativos). Pode ser difícil, às vezes, mudar a forma como se atua, porém, se a empresa  não realizar ações com base nos dados dos clientes, no mercado, hoje, tende a ser superada por seus concorrentes.