Não se pode negar as
grandes vantagens que as redes sociais nos proporcionam. Basta pensar como
facilitaram a nossa vida, inclusive sob o ponto de vista profissional, como
criaram espaço para novos tipos de profissões e negócios, bem como tornaram a
comunicação fácil e instantânea. Se, vinte anos atrás, alguém tivesse dito que
poderíamos compartilhar informações, notícias, fotos, eventos tão rapidamente;
que os acontecimentos do mundo poderiam ser acompanhados e divulgados em tempo
real, dificilmente, alguém teria acreditado. Hoje é um fato cotidiano. Com as
mídias digitais, podemos bater fotos, escrever, falar, encontrar pessoas. Criar
grupos por assuntos que nos interessam, fazer novos parceiros e/ou amigos ou até
mesmo reencontrar pessoas que fizeram parte de nossas vidas no passado. Fora encontrar
trabalhos, estabelecer ligações profissionais, divulgar nosso trabalho, vídeos,
desenhos, livros, enfim, mostrar nossas
habilidades, distribuir ou vender artesanatos ou produtos. Devo dizer que já
fui mais adepto delas. Hoje tenho um certo receio tendo em vista alguns
problemas que enfrentei de notícias falsas, e-mail e uso de meu nome. Assim,
hoje, me abstenho de dar opiniões, de discutir, até mesmo em particular, com os
amigos, pois, quem não nos conhece pode interpretar brincadeiras ao pé de letra
e se tornar uma dor de cabeça de graça. Estamos no tempo da boiada. Pensar
incomoda todos os lados. Assim só posto amenidades, alguma música, uma foto com
algum amigo ou personalidade, um evento que desejo enaltecer ou convidar
pessoas para participar. Minha visão, hoje, das mídias sociais, portanto, é de que
precisam de alguma regulação e/ou mediação para terem um papel melhor. Mas, me surpreendi, realmente, com uma
pesquisa feita pela Activate Inc., que revelou que o Facebook, nos últimos dois
anos, perdeu cerca de 26% do engajamento médio por usuário e o tempo a ele
dedicado caiu de 14 horas ao dia para
apenas durante 9 horas ao dia. Redes menos fortes, como o Twitter, o Snapchat e
mesmo o Instagram, conseguiram manter seu tráfego estável, o Facebook. Bem, não
acredito que isto vá afetar o negócio, a
empresa de Mark Zuckerberg. Considero, aliás, uma análise superficial afirmar
que há “uma debandada e desinteresse exponencial da gigantesca base de usuários
em sua rede social”. O negócio dele, ao meu ver, se mantém muito forte e os
efeitos atuais são, como acontece sempre com mídias novas que fazem sucesso,
uma certa acomodação. É claro que
fatores como a questão com a Libra, os fake news, a publicidade na política e
mesmo números falsos sobre vídeos não afetem seu desempenho, mas, de fato, sua
sobrevivência está garantida por muito tempo, exceto, se uma nova plataforma, que faça ou supere seu papel na vida das pessoas, apareça. Hoje, mesmo na mídia
social, não há nada de novo no horizonte.
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quarta-feira, outubro 30, 2019
sexta-feira, outubro 18, 2019
O VALOR NEGATIVO DO CORINGA
Não li as críticas,
mas, o filme “O Coringa” estava cercado de muita polêmica, de modo que fiquei
ansioso para vê-lo. Todavia, para mim, foi um anticlímax. Sinceramente não
gostei nenhum pouco do filme. O filme tem sim um bom roteiro, a fotografia é
excelente e muito bem dirigido. Enfim, sob o ponto de vista técnico é um grande
filme. Que a atuação de Joaquin Phoenix é genial, também, não resta dúvida.
Porém, diga-se a bem da verdade, é muito talento gasto num papel que não honra
nenhum grande ator. Horrível também a participação de Robert De Niro. Não sei o
que o levou a aceitar um papel tão medíocre. O filme é deprimente. Não sei o
que leva alguém a contar a história de Arthur Afleck, um palhaço com
transtornos mentais, que mata pessoas, inclusive a própria mãe. Mostrar que na
nossa sociedade existem pessoas loucas? Ou que nossa sociedade é injusta e
opressiva, daí, transformar pessoas com
problemas psicopáticos em assassinos? O filme não tem lições, nem moral. É um
filme sem noção feito para uma época sem noção. Um filme que isenta de
responsabilidades quem pratica o mal e, ao mesmo tempo, pune de forma indiscriminada
quem merece ou não. Enfim, me parece mais uma contribuição para justificar que
tudo é mesmo assim, sem jeito e sem remédio. E termina com uma música que diz
que a vida é mesmo assim. Claro que não concordo. Ainda mais que a arte, e o cinema
é uma arte, deve ser feita para glorificar a vida, para criar grandes momentos,
a ilusão de que podemos ser melhores. Por isto o filme é o mais violento que já
assisti. Não pelas mortes e sim por glorificar a falta de noção, inclusive,
quando cria um assassinato em pleno um programa de televisão ou quando, a
partir dos assassinatos num trem, faz de um louco, que mata três pessoas por
impulso, o gatilho de um movimento popular anárquico e irreal sob a alegação de
que se trata de uma revolta contra a opressão silenciosa dos ricos. É uma
inversão monstruosa da civilização sob o pretexto de crítica. Há violências que
se justificam ou não. No entanto, nada justifica se glorificar a violência pela
violência. A violência é uma coisa natural do homem sim, todavia, só a
civilização, com todos os seus problemas, pode por limites aos comportamentos
humanos. O filme é corrosivo por ser selvagem, no sentido de querer justificar
qualquer coisa, por ser anticivilizatório. De fato usar a figura arquetípica do
palhaço, um ícone do riso, para uma paródia lúgubre onde uma pessoa com graves
distúrbios se transforma num assassino em série me parece muito mais um
incentivo aos loucos de nossa época (que hibernam) para que ganhem seus 15
minutos de fama. Muitas pessoas devem achá-lo maravilhoso por diversos motivos.
Não sou psicólogo. Tento conservar o pouco de racionalidade que ainda penso
ter. Para mim, é um filme deprê. Uma pena que não tenham feito algo mais
proveitoso com tantos recursos e atores maravilhosos.
sexta-feira, outubro 04, 2019
O FUTEBOL NO FUNDO DO POÇO
O
Brasil anda de pernas para o ar. Decididamente as pessoas perderam a noção das
coisas. Assisto estarrecido algumas pessoas próximas se comportarem de uma
forma que está longe de ser crível que tenha algo de racionalidade. Nem vou
citar qualquer coisa de posições políticas porque, algum tempo atrás, prometi a
mim mesmo que, dado a falta de noção (e conhecimento, inclusive histórico, que
as pessoas demonstram), não é muito sensato, nem conduz a nada, discutir
posições políticas. Vou escrever mesmo é sobre o que acontece nos campos de
futebol que, como dizem, não é só futebol. É também um retrato de nossa
sociedade. A loucura que invade nossos campos, por exemplo, se demonstra nas
agressões entre torcidas. E, faz algum tempo, se transporta para as agressões
gratuitas. A grande realidade é que futebol é um esporte. Um esporte que
apaixona e que gera muito dinheiro, mas, ganhar e perder depende de muitas
condições. Não é só o querer de dirigentes, de técnicos, de jogadores ou de
torcidas.
Neste
mundo, no Brasil, em especial, a posição mais frágil é a do técnico, mas, o
jogador também está extremamente exposto. Não importa como esteja. Se exige
dele é o resultado. E os julgamentos são implacáveis. Neymar, que é um
indiscutível craque, tem sua vida esquadrinhada, cada ato seu examinado,
pesquisado, analisado como se tivesse a obrigação de ser um ser perfeito. Cito
um jogador de grande sucesso. Porém, se exige do jogador que, além de jogar
muita bola, em toda e qualquer situação, se comporte como uma primeira dama.
Garrincha, o anjo das pernas tortas, o maior gênio, que este esporte já teve, se vivo, seria execrado por
mau comportamento e, no campo, já teria sido agredido por “desmoralizar” o
adversário. Empurraram para o campo o politicamente correto, apesar de toda a
tecnologia do VAR, não se conseguir nem correção nas arbitragens, de só servir
para impedir gols e tornar o jogo mais chato. Em suma, o que se espera, hoje, é
que, num campeonato brasileiro, como o atual, em que os times são extremamente
parecidos, todos sejam feitos de super-homens e de gentlemen. E, levada a
lógica vigente, como temos, no mínimo, doze grandes clubes, todos teriam que ser
campeões! O que é certo: ter um campeão com onze torcidas conformadas com o
fracasso de seus times ou um campeão com onze torcidas invadindo centros de
treinamentos e agredindo dirigentes, técnicos e jogadores? O que diz o seu bom
senso?
Lembro,
agora, que, ultimamente o técnico do Santos, Jorge Sampaoli, parece até um
analista do Brasil. Não que diga nada
errado. Muito pelo contrário. Tem acertado com uma frequência muito maior do
que seu time joga bola. Ele afirmou: “Vitória
gera satisfação para nós. A pressão que se gera em uma derrota chega a ser
ridícula. São críticas que chegam ao ponto de se invadir um CT. É assim que
funciona e o que temos que viver nesta profissão”. É um diagnóstico do absurdo
nosso de cada dia. O futebol, que deveria ser uma fonte de prazer e de diversão,
se transformou também numa demonstração de que a ignorância é ousada. Não
respeita a ordem, nem a civilização. Até nos tempos mais bárbaros sempre se
preservou o circo. A luta sempre foi pelo pão. No Brasil conseguiram subverter
tanto a ordem que nada é sagrado. Nem o pão, nem a igreja, nem o circo. Aí do
nosso futebol!
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