As
participações, a chamada “defesa” da presidente Dilma Roussef, na Comissão
especial de impeachment do Senado, nesta sexta-feira, somente podem ser
classificadas de um teatro mal enjambrado. Se não houvesse já uma melancólica
nomeação de um ministro de Turismo que parece mais uma piada sem graça, o que o
ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, fez, sob o ponto de vista técnico, não
deixa de ser um strip-tease
intelectual contra toda argumentação lógica, pois, nega que o governo tenha
praticado fraude fiscal ao editar decretos para liberação de recursos
suplementares ao orçamento em 2015 afirmando que os fez! Também chega a ponto
de dizer, sem o menor pudor, aos senadores, que Dilma está isenta de responsabilidade
na liberação de subsídios do Plano Safra, programa que, segundo a denúncia por
crime de responsabilidade contra a petista, foi alvo das chamadas pedaladas
fiscais. É ou uma confissão de completo desconhecimento, o que não é aceitável
num ministro de uma pasta como a Fazenda ou, como afirmaram senadores, uma
completa distorção dos fatos. Comprovadamente, é documental, inclusive atestado
pelo Tribunal de Contas da União-TCU, que tanto foi feita a liberação de
crédito suplementar sem aval do Congresso, por meio de decretos não numerados,
como existiram os atrasos no pagamento de subsídios do Plano Safra, os dois
argumentos usados pela Câmara dos Deputados para dar seguimento ao processo de
impedimento. Afora muitos outros que já justificariam o afastamento, mas, os
interesses espúrios limitaram o pedido a estes. Um escândalo, como o Petrolão,
em qualquer país democrático, enterraria qualquer governo ou participante dele,
como é o caso de Dilma.
Somente
a dificuldade técnica do entendimento permite que se tente, como se tenta,
dizer que não houve o que é flagrante. E mais: se joga com dois argumentos
completamente furados. O primeiro de que foi feito no passado e não se responsabilizou
os outros. Ora, este é um argumento maravilhoso. Digno de um advogado de porta
de cadeia: houve roubo sim, mas, outros também roubaram e estão soltos! Me
poupem! Mas, o segundo não é menos indigno. Alega-se que os créditos feitos à
revelia da lei tinham finalidade social! É um exercício permanente de sofisma,
como a história de dizer que é golpe o que a Constituição permite ou que é
golpe por não ter fundamento (o que, pela lei, é atribuição do Senado dizer se
existe ou não), o que mostra, de forma clara, o comportamento continuado da
falsidade, de promessas e dados, da administração Dilma. A falta de bom senso e
noção de realidade é tão grande que o senador Jorge Viana, em programa de
Miriam Leitão, tem o desplante de dizer que Dilma vai deixar o Brasil melhor do
que FHC deixou, agredindo os índices econômicos, e o advogado geral da União,
na comissão do Senado, defendendo o indefensável, não cora de vergonha em dizer
que Temer não tem legitimidade por “não ter votos” e que, por isto, não pode
assumir a presidência quando, é cristalino, para qualquer iniciante de Direito,
que vice é eleito e, constitucionalmente, sua única função é substituir o
titular nos impedimentos. Constituição, leis, documentos, lógica, verdade, nem cerca
de 80% da população pedindo a saída da presidente, nada disto importa. O que
importa é se manter no poder e, sem pudor nenhum, fazem tudo para não largar o
osso. O problema é que o País não aguenta mais os neosofistas. A economia é
mais forte do que qualquer discurso falso quando começa a doer no bolso.