Segundo o Sebrae, em
2024, no Brasil foram abertos 4.141.455 novos negócios, o que representa 9,9%
de crescimento em relação ao ano anterior. Este resultado, sem uma análise,
parece ser excepcional e indicar que a economia brasileira passa por um momento
ímpar e que as políticas governamentais estimulam o empreendedorismo. Ledo
engano. Se formos examinar atentamente o primeiro sinal que desmancha este
olhar superficial é a constatação de que, nada mais, nada menos, que 2.100.000
negócios fecharam suas portas, o que representa 50,5% dos novos negócios. No
setor varejista é pior ainda: para cada 10 novos negócios 6 fecharam suas
portas, o que mostra que o ambiente de negócios está longe de ser favorável e
em expansão. E, é preciso assinalar, que dos novos negócios 3,1 milhões foram
Microempreendedores Individuais (MEIs, 74,4%) e 874,1 mil (21%), microempresas,
ou seja, os novos negócios que surgem são predominantes pequenos, de uma faixa
com pouco capital e alta mortalidade. Ainda mais o saldo líquido anual das
empresas revela uma tendência preocupante quando examinado no atual governo
Lula da Silva, pois, em 2022, foi de 778.749 empresas, caindo para 642.184 em
2023, e, em 2024, declinando para 628.554. Esta progressão, no governo atual,
torna muito discutível as políticas atuais de estímulo ao comércio e ao
empreendedorismo pelo resultado ser inferior ao último ano do governo
Bolsonaro, principalmente levando em conta que este enfrentou uma pandemia. É
difícil, portanto, defender a eficácia das políticas atuais em relação ao setor
empresarial. Isto, aliás, se reflete nas queixas do empresariado que alegam que
os problemas aumentaram no atual governo por conta de impostos, de alterações
na legislação, aumento dos combustíveis, juros mais altos, problemas de câmbio e
de inflação. Em suma: o ambiente de negócios ficou mais hostil do que era. Por
conta, principalmente de uma carga tributária mais alta, de aumento da
burocracia, da insegurança jurídica, que aumentou muito, embora o governo
alegue que facilitou mais a abertura de empresas, efetivamente, no conjunto
pioraram muito as condições estruturais para que as empresas passem da fase de
abertura e sobrevivam ao longo do tempo. Pelo menos no que tange aos negócios a
grande realidade que o problema não é de comunicação. Os publicitários oficiais
têm se esforçado em promover fatos e números positivos, a imprensa também ajuda
(e até esconde os negativos), porém a economia é uma ciência triste porque, no
final, sempre o que importam são os índices, os números e, em particular, para
as empresas e pessoas o impacto que sentem no bolso. É isto que separa a visão
otimista que o governo tenta vender, via publicidade oficial, de quem tem ou abre
um negócio e tenta sobreviver e progredir: não há um caminho onde não esbarre
com o estado impondo dificuldades e ônus para os que produzem e desejam criar
um negócio sustentável. Até mesmo quem mais ganha com os juros altos, o mercado
financeiro, reclama do governo por sentir que o ambiente de negócios não é nada
favorável para a economia real.