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quarta-feira, fevereiro 13, 2008

AH! COMO É DIFERENTE O AMOR EM PORTUGAL...

NOVA YORK CONTRA O CRIME
Não posso deixar de assinalar que são muito interessantes, interessantíssimas mesmo, as declarações feitas, numa palestra no Rio de Janeiro, pelo diretor de Política para a Amazônia da organização não-governamental de conservação da natureza WWF, Pedro Bara Neto, que, entre outras coisas, afirmou que o governo federal "não tem interesse político" de enfrentar o desmatamento da floresta. Para ele, a regularização fundiária é uma medida "óbvia" que não avança porque as áreas pertenceriam a políticos e juízes. O ambientalista disse ainda que para o governo federal "é melhor continuar discutindo o cartão corporativo, porque ocupa a agenda, do que coisas mais importantes como o desmatamento". E concluiu dizendo que "Agora, o bagre é o cartão corporativo", em referência à polêmica declaração do presidente Lula sobre os bagres do rio Madeira, ameaçados pela construção de usinas hidrelétricas. Bara Neto lembrou que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária-Incra criou um sistema de informação rural há 10 anos, quando começou a mapear a malha fundiária do País, porém, o programa foi abandonado. "É melhor deixar como está", declarou, para concluir com a brilhante frase: "Desmatamento é falta de poder de polícia".
A primeira pergunta pertinente é: onde mora o sr. Bara Neto? A resposta é que se trata de um morador de Nova York que foi convidado para a palestra no Rio pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais-Cebri. Bem, é claro, que alguém que mora em Nova York pode entender de Amazônia, mas não vive a Amazônia. Que tal se nós, com o notável saber que possuímos da “Big Apple”, entendermos que a questão real da baixa qualidade de vida da cidade exige uma reorganização? Será que, por mais capacitados e informados, os nova-iorquinos aceitarão, por exemplo, a sugestão de que devem derrubar alguns quarteirões de Manhattan para plantar arvores? Ou que, para melhorar os níveis de criminalidade, a questão é impedir novos negócios ou obrigar moradores a sair de certos espaços em que vivem há anos? Bem, é claro, que o Brasil não é os EUA, nem Nova York é União Bandeirantes, porém, o que determina o dinamismo de uma região já disse uma presidente americano “È a economia, estúpido!”. A questão do desmatamento na Amazônia pode ser sim uma questão de polícia, todavia é muito mais uma questão de falta de políticas. Neste sentido a opinião do senhor Bara se insere, e tem o mesmo teor, da maneira como se tratavam as reivindicações sociais no passado. A questão de organização fundiária é importante? É. Porém, nem o Incra, que nunca esteve tão inoperante, nem o governo brasileiro têm capacidade de impedir que a Amazônia cresça. Se querem diminuir o desmatamento, fazer alguma coisa de fato, precisam, em primeiro lugar, criar novas opções econômicas que não as existentes, hoje, e, neste caso, precisam criar políticas e investir em Ciência e Tecnologia. Não há polícia capaz de impedir o desmatamento e a experiência ensina que, quanto mais rigor na fiscalização, mais se criam formas criminosas de enriquecimento ilícito. O resto é ensaboar o bagre.

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