Os índios, os cidadãos especiais
Se as declarações não viessem de um intelectual respeitado como é o caso de Eduardo Viveiros de Castro, professor do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, por muitos tido como “o” antropólogo, poderiam ser consideradas dignas de qualquer dos pelegos que vivem pendurados na Funai. Dizem que se trata de um grande pensador. Longe de mim desacreditar, mas, por maior pensador que seja, sua visão da Amazônia e da questão indígena parece um bocado distorcida. Primeiro, por sua colocação de que, praticamente, apesar de dizer que são os brasileiros de outros rincões que comandam a região, que todos são praticamente índios, ao mesmo tempo, que, ao tentar responder quem é índio no Brasil, afirma textualmente: “Vamos mudar a pergunta: quem está autorizado a dizer que é índio? Eu não estou. Esse é um problema fundamental: quem está autorizado a dizer quem é quem, quem é o quê. Fazer disso uma questão de peritagem me parece uma coisa monstruosa. Ninguém se inventa índio, ninguém sai por aí reivindicando uma identidade escondida, recalcada, eu diria. Vá ver de perto e descobrirá que é assim que a coisa acontece. Portanto, não é índio quem quer. Mas quem pode. Não é negro quem quer. Mas quem pode”. Ou seja, não é a questão de questionar quem é índio ou não. Ocorre que os índios, ou outros por eles, reivindicam terras e, muitas delas, já ocupadas e plantadas. Agora o índio pode matar que não tem responsabilidade civil o que, é muito interessante, têm direitos, mas, não tem nenhum dever. Ser índio, portanto, é ser um cidadão especial.
Ocorre que, por exemplo, com os dados dele, um punhado de índios tem direito à 43% do território de Roraima e fica 57% para mais um milhão de pessoas que mora lá? Maravilha. Ainda mais quando a terra fica na fronteira e, sabidamente, missionários estrangeiros dizem aos índios quem pode passar ou não. No olhar do professor não há interesse externo nenhum pela Amazônia. Só creditando à ingenuidade acadêmica a afirmação de que “A terra ianomâmi está demarcada desde o governo Collor e nunca houve isso. Alguém imagina que os ianomâmis queiram reivindicar um Estado independente, justamente um povo que vive numa sociedade sem Estado? Chega a ser engraçado”. Não tem nada de engraçado quando, só agora, de fato, estão retirando todos os não-índios e o governo brasileiro, numa ação anti-nacional, concordou em aprovar na ONU a Declaração dos Direitos Indígenas, uma verdadeira cabeça de ponte para a formação de mais de uma centena de nações indígenas na Amazônia, sem contar que até o mais desinformado dos cidadãos tem conhecimento que até a constituição de nações e governos indígenas já são formados no exterior. E mais: como os índios podem ir e vir à vontade nas terras não indígenas, então, nós, todos, somos, brasileiros de segunda classe porque nosso direito de ir e vir é restrito nas áreas indígenas.
Não apenas isto. O próprio Viveiros afirma sobre as atividades dos índios “Sim, podem plantar e vender. Podem até virar arrozeiros. Mas terão de produzir dentro de limites muito estritos, sujeitos a leis ambientais severas, não se esqueça de que a reserva integra o Parque Nacional de Roraima. Também não podem explorar o subsolo, a não ser o que há no solo de superfície. Mas francamente acho que a população indígena jamais entrará de cabeça no modo de produção do agronegócio, que eu chamo de modelo gaúcho, porque isso simplesmente não bate com seu modelo de civilização”. Será? Esta parece ser a visão de que os índios permaneceram incólumes aos brancos e à civilização. Não parece ser esta a realidade. Basta ver a Reserva de Roosevelt que dizem ter uma das tribos mais ferozes da região. Lá índios de Hilluxs, celulares, roupas da moda e até avião não parecem endossar a opinião do renomado mestre.
Se as declarações não viessem de um intelectual respeitado como é o caso de Eduardo Viveiros de Castro, professor do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, por muitos tido como “o” antropólogo, poderiam ser consideradas dignas de qualquer dos pelegos que vivem pendurados na Funai. Dizem que se trata de um grande pensador. Longe de mim desacreditar, mas, por maior pensador que seja, sua visão da Amazônia e da questão indígena parece um bocado distorcida. Primeiro, por sua colocação de que, praticamente, apesar de dizer que são os brasileiros de outros rincões que comandam a região, que todos são praticamente índios, ao mesmo tempo, que, ao tentar responder quem é índio no Brasil, afirma textualmente: “Vamos mudar a pergunta: quem está autorizado a dizer que é índio? Eu não estou. Esse é um problema fundamental: quem está autorizado a dizer quem é quem, quem é o quê. Fazer disso uma questão de peritagem me parece uma coisa monstruosa. Ninguém se inventa índio, ninguém sai por aí reivindicando uma identidade escondida, recalcada, eu diria. Vá ver de perto e descobrirá que é assim que a coisa acontece. Portanto, não é índio quem quer. Mas quem pode. Não é negro quem quer. Mas quem pode”. Ou seja, não é a questão de questionar quem é índio ou não. Ocorre que os índios, ou outros por eles, reivindicam terras e, muitas delas, já ocupadas e plantadas. Agora o índio pode matar que não tem responsabilidade civil o que, é muito interessante, têm direitos, mas, não tem nenhum dever. Ser índio, portanto, é ser um cidadão especial.
Ocorre que, por exemplo, com os dados dele, um punhado de índios tem direito à 43% do território de Roraima e fica 57% para mais um milhão de pessoas que mora lá? Maravilha. Ainda mais quando a terra fica na fronteira e, sabidamente, missionários estrangeiros dizem aos índios quem pode passar ou não. No olhar do professor não há interesse externo nenhum pela Amazônia. Só creditando à ingenuidade acadêmica a afirmação de que “A terra ianomâmi está demarcada desde o governo Collor e nunca houve isso. Alguém imagina que os ianomâmis queiram reivindicar um Estado independente, justamente um povo que vive numa sociedade sem Estado? Chega a ser engraçado”. Não tem nada de engraçado quando, só agora, de fato, estão retirando todos os não-índios e o governo brasileiro, numa ação anti-nacional, concordou em aprovar na ONU a Declaração dos Direitos Indígenas, uma verdadeira cabeça de ponte para a formação de mais de uma centena de nações indígenas na Amazônia, sem contar que até o mais desinformado dos cidadãos tem conhecimento que até a constituição de nações e governos indígenas já são formados no exterior. E mais: como os índios podem ir e vir à vontade nas terras não indígenas, então, nós, todos, somos, brasileiros de segunda classe porque nosso direito de ir e vir é restrito nas áreas indígenas.
Não apenas isto. O próprio Viveiros afirma sobre as atividades dos índios “Sim, podem plantar e vender. Podem até virar arrozeiros. Mas terão de produzir dentro de limites muito estritos, sujeitos a leis ambientais severas, não se esqueça de que a reserva integra o Parque Nacional de Roraima. Também não podem explorar o subsolo, a não ser o que há no solo de superfície. Mas francamente acho que a população indígena jamais entrará de cabeça no modo de produção do agronegócio, que eu chamo de modelo gaúcho, porque isso simplesmente não bate com seu modelo de civilização”. Será? Esta parece ser a visão de que os índios permaneceram incólumes aos brancos e à civilização. Não parece ser esta a realidade. Basta ver a Reserva de Roosevelt que dizem ter uma das tribos mais ferozes da região. Lá índios de Hilluxs, celulares, roupas da moda e até avião não parecem endossar a opinião do renomado mestre.