Apesar do ex-presidente Lula ainda afirmar, numa coletiva
a veículos internacionais, que o governo deve buscar uma “coalizão” com parte
do PMDB que ajudará a barrar o impeachment da presidente Dilma Rousseff, esta
hipótese parece, cada vez mais, remota diante do andar da carruagem. Sua avaliação
se assenta no passado, no tempo em que possuía credibilidade e governava. Hoje,
ele e o governo gastaram seu capital de confiabilidade e passaram da hora de
mudar. Não dá mais. Ainda que vá continuar lutando até o fim com o apoio de
sindicalistas e militantes, não se tem mais dúvidas, segundo os melhores
analistas, que, agora, a queda é só uma questão de tempo. Não adianta mais
agrupar militantes para impedir um novo pedido de impeachment da OAB, nem
buscar denegrir a entidade. O moinho da política se moveu e, até mesmo o
ex-presidente Collor, que já passou por isto, sabe de sua inexorabilidade. Com
Dilma, as coisas só piorarão e a população está avida por esperança que este
governo não tem condições de suprir.
O anúncio de que o PMDB do Rio Janeiro se vergou à
realidade foi a gota d’água. Com sua adesão irá todo o PMDB,
e no seu rastro todos os partidos da base aliada abandonarão o governo. Com
certeza só o PCdoB pode ser exceção por sua natureza, intrinsecamente, de
esquerda, mas, ninguém, de sã consciência, nem internamente no governo, avalia,
com realismo, que o governo não conseguirá obter 171 votos para impedir o
impeachment, que será aprovado pela Câmara folgadamente. O Senado somente
confirmará o afastamento, como o próprio presidente Renan Calheiros, mesmo contragosto,
já admitiu. No Congresso, todos já
trabalham com um governo de união nacional de Michel Temer, que tentará repetir
a formula de Itamar Franco. Como não é Itamar Franco, e conviveu com o PT e
seus desvios e erros, é inevitável que, no decorrer do processo, como já se
iniciou com a fala do líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE)
comecem a acusá-lo, por diversos meios, e tentar impedir o processo com o “risco
Temer”, como afirmou Costa que o vice-presidente Michel Temer “será o próximo a
cair” caso a presidente Dilma Rousseff sofra o que ele chamou de um “golpe
constitucional” (pelo menos, já admitiu que o golpe não é golpe com a
adjetivação).
Porém, um olhar para o
futuro mostra que Michel Temer já se prepara para convocar um governo de união
nacional. Ou seja, vai convocar todos os partidos para governar junto, indicar ministros
e integrantes dos primeiros escalões do Executivo. É o mesmo método de Itamar
que, na época, somente encontrou recusa por parte do PT. Talvez, agora, só o
PSOL recuse, pois, o PCdoB não tem um histórico de resistir a cargos públicos.
O novo governo deve enfrentar a “herança maldita” do PT: a maior crise
econômica da história, o mais alto patamar de gastos públicos, uma inflação
alta, o descontrole da dívida pública e a falta de investimentos. Será preciso
tomar medidas difíceis, porém, é preciso dar o primeiro passo para recriar as
condições para o país crescer. Não será um caminho fácil nem de recuperação
rápida, mas, pelo menos, se acena com a esperança, que estava morrendo à míngua
com um governo que, nos últimos três anos, somente cuidou de tentar se manter
no poder.
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