Há
os que, e são tanto as viúvas do antigo regime sindicalista, como os
esquerdistas de plantão, que não dão crédito nenhum ao governo de Michel Temer.
Estes somente querem por Temer para fora. Mas, existe a grande massa dos
brasileiros que, evidentemente, não tem nenhuma adoração por Temer, porém,
entendem que seu governo é o mal menor; que fosse quem fosse colocado, pegaria
uma situação muito difícil de administrar, que teria que tomar medidas duras e
tentar consertar a maior recessão já herdada de um governo, esta sim, uma herança maldita.
Não
é fácil se sair bem numa situação assim, mas, Temer tem sido habilidoso. Claro
que não pode ser, nem de longe, o santo que exigem dele, nem o diabo como o
pintam. Mas, tem a seu favor que tem procurado tomar as medidas necessárias,
ajustar as contas públicas e retomar o crescimento. Neste ponto é que reside
sua maior dívida. Entre as medidas que tem tomado muito pouco fez em relação à
burocracia. E a burocracia no Brasil é uma praga histórica herdada dos tempos
da Colônia da qual nunca nos livramos. Só lembro de um esforço sério do
ministro Hélio Beltrão.
A
burocracia brasileira é o maior exemplo do processo de Kafka, o escritor. No Brasil existe complexidade para tudo, inclusive para pagar
tributos. E o que dizer de empreender? De abrir uma firma? O brasileiro tem uma
tendência sim de ser empreendedor, até por necessidade, mas, é sufocado por
processos desnecessariamente complicados e demorados. A burocracia brasileira é
um imenso buraco negro criado por uma legislação cruel, adminstrada com rigor por abnegados funcionários
públicos e privados, em que não se leva em conta os interesses dos contribuintes
ou clientes, mas, sim a lei do esforço mínimo, da falta de zelo e da acomodação.
Veja o exemplo do imposto de renda. Já é um absurdo ter que se declarar para pagar, pois, é do governo a obrigação de buscar as informações. O pior é que, para se ter acesso a um documento de
pagamento, é preciso dar o número do CPF, fazer uma senha, gerar um código que
requer os números dos recibos dos dois últimos anos, ou seja, não se leva em conta as dificuldades, nem o tempo das pessoas. Mas, apesar desses
supostos cuidados, os dados dos contribuintes vazam...E, muitas vezes, não se
consegue pagar o imposto em dia por falta de acesso. E não é só no setor público.
Um grande banco, quando se perde ou esquece a senha, não tem jeito de criar uma
nova. Só é feita na matriz. Ou seja, é possível se passar vários dias sem ter
acesso a sua conta, com seu dinheiro inacessível, por injunções burocráticas.
Nem vou falar de reclamações, de telefones, de obter o crédito das milhas que
se tem direito e, nem vamos falar do que é necessário para se obter um
empréstimo. O mais irônico é que tantas exigências, tanto na esfera pública
quanto na privada, surgem sob a desculpa de que são para dificultar as fraudes
e os crimes. E, quando esses acontecem, o que se sabe é que, para os
criminosos, as coisas correram com uma velocidade que nem se imaginava
possível! Na verdade, o que se atesta é que, ao se presumir que todos, em
princípio, são criminosos, a burocracia eleva o custo das transações exigindo
de todos um preço alto em nome dos desonestos. É um preço alto e uma inversão
dos valores democráticos. É claro que o “jeitinho brasileiro” nasceu disto. É
tanta exigência que sempre se procura burlar. O Governo Federal precisa, na
medida em que não há, no curto prazo, meios de diminuir os impostos, nem baixar
o desemprego e os juros, pelo menos, atacar a burocracia para melhorar o
ambiente dos negócios. Esta é, hoje, a grande dívida do governo de Temer.
Ilustação: Alec.
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