A
discussão trazida à baila pela Federação Nacional das Empresas de Navegação
Aquaviária- FENAVEGA, no debate sobre a Hidrovia do Madeira, a Importância do
Transporte Sustentável em Rondônia, Amazônia e Impactos pós-UHE’s, acontecido
na sexta-feira, 18 de agosto, serviu para mostrar como a nossa realidade se
encontra distante da nossa política. Embora contando com o apoio da
ANTAQ-Agência Nacional de Transportes Aquaviários, num momento onde a questão
da dragagem do Madeira assume um imenso relevo- até por estar atrasada e ser
questionada pela forma como tem sido conduzida- é sintomática da falta de
atenção às demandas públicas, em especial às da Amazônia- a ausência de autoridades
e de órgãos que não poderiam estar ausentes de questão tão relevante como é o
caso do Ministério do Meio Ambiente, do IBAMA e do DNIT, entre outros.
Vale
frisar que a Hidrovia do Tiete, a única de fato que merece o nome, segundo foi
mencionado nos debates, possui, no máximo, embarcações que transportam cerca de
7 mil toneladas, enquanto no rio Madeira já transita o 2º maior comboio do
mundo, com capacidade de 32 mil toneladas, o que
corresponde a 20 balsas e ao que transporta 1.300 carretas, e já está
autorizado o uso de comboios que irão transportar 50 mil toneladas. É
importante também acentuar, como disse o presidente da FENAVEGA, Raimundo
Holanda, que, apesar de se transportar anualmente 13 milhões de toneladas de
cargas, quando é possível, no mínimo, dobrar esta quantidade, “Nós não temos
uma hidrovia”. Sim, o rio Madeira, pela falta de atenção, pela falta de
investimentos, de uma política pública de aproveitamento de nossos caminhos
fluviais, não é senão um rio navegável com toda a sua importância para a
região.
De
fato, o que o debate demonstrou amplamente é que há a necessidade vital de se
transformar o rio Madeira, efetivamente, numa hidrovia. E, foi dito, e muito
bem dito, que é um mito opor o transporte fluvial ao rodoviário. Ambos se
complementam e, como também se sabe, é indispensável que haja a integração
multimodal, inclusive com a implantação da Ferrovia da Soja-Porto
Velho/Sapezal, uma forma eficiente e rentável de escoar a soja do Mato Grosso. É
indubitável também que as questões pós-UHE’s, como a do desbarrancamentos e das
toras, não podem ser, como estão sendo, descuidadas com enormes prejuízos para
a navegação e para as cidades, empresas e cidadãos atingidos. Do questionamento
não escapou nem mesmo o fato de que até mesmo a dragagem, da forma que está
sendo feita, se será uma solução ou um mero paliativo. Uma coisa, porém, ficou
evidente: não se pode continuar impassível diante da falta de soluções dos problemas
que o rio Madeira vem atravessando. A questão não é apenas econômica. É uma
questão, como a da conclusão da BR-319, que entrava o nosso futuro. Rondônia e
a Amazônia são dependentes dos caminhos, sejam os das terras ou das águas, e
não se pode, como se tem feito, emperrar a vida de milhares de pessoas em nome
de interesses distantes, e obscuros, enquanto nós sofremos na pele o descaso e
a desatenção do poder público aos nossos problemas.
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