Walter Benjamin foi quem disse que o capitalismo era
uma forma de religião. Não deixava de
ter uma visão correta ao pensar que, como qualquer pessoa obcecada, o
capitalista é uma pessoa que só tem uma ideia: ganhar dinheiro. Mas, fico
tentado, por pura ironia, a dizer que, quem se pensa de esquerda, hoje, no
Brasil, é também um religioso. É, no mínimo, um adepto do fervor
anticapitalista. Foi Marx quem, num momento impensado, estimulou, sem desejar,
é claro, a religião mais autêntica do país, no momento, ao dizer que “os filósofos
limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modificá-lo”.
As palavras, como grande parte do Marx escreveu, são poderosas, mas, ele
acreditava que o capitalismo estava prestes a ruir, quando, na verdade, estava
ainda na infância. Como vidente Marx se não foi cego, no mínimo, teve uma
visão muito deficiente. No entanto, incitou os idiotas a agir sem pensar, daí, a multiplicação do marxismo vulgar e ativista, especialmente de álcool e
de sofá, que se constata no presente.
Não
é preciso de muito discernimento para verificar que o capitalismo é, por excelência,
quase sinônimo de crise. O que se observa, porém, e Marx foi um precursor desta
visão, é que sua capacidade de adaptação, de sobrevivência se mostra, cada vez
mais, forte na medida em que a fragmentação e a complexidade do mundo
aumentaram. E a explicação maior para isto reside, justamente, em que se baseia
num sistema de decisões difusas, ao contrário, da visão socialista que depende
da centralização. Crise, desigualdade, crescimento, inclusive dos problemas, é
o cerne mesmo do capitalismo, mas, não, como pensaram Marx e Engels, a pobreza,
até porque a pobreza é relativa. O que as pessoas de esquerda não sabem agora,
é o que fazer. São simplesmente contra. Ficam fazendo o discurso idiota contra
os ricos, os grandes bancos, as grandes empresas, a Globo, a elite e por aí vai, mas, não respondem
a uma pergunta simples: como substituir o atual sistema? Que sistema propõem
para substituir o capitalismo? Como fazer? Quanto a isto a resposta é um
profundo silêncio. É como o médico que tenta tratar da doença sem um
diagnóstico e não sabe o remédio que vai dar ao paciente. E esta situação mostra que é preciso, de novo, ser marxista antes de Marx,
ou seja, interpretar a realidade atual. Não adianta querer mudar o mundo,
rapidamente, sem saber para onde. Ficar chorando as pitangas por Lula, ficar protestando apenas, reclamar
do “mordomo de vampiro” ou dos coxinhas, estigmatizar Bolsonaro, é uma delícia; fazer faixas e usar camisas “Fora Temer” é fácil, bem como usar o Facebook para atacar quem pensa diferente, mas, pensar e propor mudanças para
a nossa realidade é que o problema. É o vazio do pensamento, de propostas e de lideranças que
transforma o país num deserto de ideias e o esquerdismo numa fé inabalável.