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sábado, janeiro 27, 2018

A ESQUERDA É UMA RELIGIÃO


Walter  Benjamin foi quem disse que o capitalismo era uma forma de religião.  Não deixava de ter uma visão correta ao pensar que, como qualquer pessoa obcecada, o capitalista é uma pessoa que só tem uma ideia: ganhar dinheiro. Mas, fico tentado, por pura ironia, a dizer que, quem se pensa de esquerda, hoje, no Brasil, é também um religioso. É, no mínimo, um adepto do fervor anticapitalista. Foi Marx quem, num momento impensado, estimulou, sem desejar, é claro, a religião mais autêntica do país, no momento, ao dizer que “os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modificá-lo”. As palavras, como grande parte do Marx escreveu, são poderosas, mas, ele acreditava que o capitalismo estava prestes a ruir, quando, na verdade, estava ainda na infância. Como vidente Marx se não foi cego, no mínimo, teve uma visão muito deficiente. No entanto, incitou os idiotas a agir sem pensar, daí, a multiplicação do marxismo vulgar e ativista, especialmente de álcool e de sofá, que se constata no presente.
Não é preciso de muito discernimento para verificar que o capitalismo é, por excelência, quase sinônimo de crise. O que se observa, porém, e Marx foi um precursor desta visão, é que sua capacidade de adaptação, de sobrevivência se mostra, cada vez mais, forte na medida em que a fragmentação e a complexidade do mundo aumentaram. E a explicação maior para isto reside, justamente, em que se baseia num sistema de decisões difusas, ao contrário, da visão socialista que depende da centralização. Crise, desigualdade, crescimento, inclusive dos problemas, é o cerne mesmo do capitalismo, mas, não, como pensaram Marx e Engels, a pobreza, até porque a pobreza é relativa. O que as pessoas de esquerda não sabem agora, é o que fazer. São simplesmente contra. Ficam fazendo o discurso idiota contra os ricos, os grandes bancos, as grandes empresas, a Globo, a elite e por aí vai, mas, não respondem a uma pergunta simples: como substituir o atual sistema? Que sistema propõem para substituir o capitalismo? Como fazer? Quanto a isto a resposta é um profundo silêncio. É como o médico que tenta tratar da doença sem um diagnóstico e não sabe o remédio que vai dar ao paciente. E esta situação mostra que é preciso, de novo, ser marxista antes de Marx, ou seja, interpretar a realidade atual. Não adianta querer mudar o mundo, rapidamente, sem saber para onde. Ficar chorando as pitangas por Lula, ficar protestando apenas, reclamar do “mordomo de vampiro” ou dos coxinhas, estigmatizar Bolsonaro, é uma delícia; fazer faixas e usar camisas “Fora Temer” é fácil, bem como usar o Facebook para atacar quem pensa diferente, mas, pensar e propor mudanças para a nossa realidade é que o problema. É o vazio do pensamento, de propostas e de lideranças que transforma o país num deserto de ideias e o esquerdismo numa fé inabalável.


quarta-feira, janeiro 24, 2018

CONSIDERAÇÕES SOBRE O OBSCURANTISMO CONTEMPORÂNEO


Não tenho mais paciência nem de explicar, quanto mais discutir, questões complexas com a imensa maioria das pessoas. Não que me considere um grande pensador, porém, a intelectualidade brasileira anda pensando de forma tão rasteira que barriga de cobra pode ser pensada como um lugar elevado. Ainda permanecemos, em termos das discussões relevantes, no século passado. Este pensamento dominante de esquerda, por exemplo, do politicamente correto e da ideologia do “coitadinho” são, tipicamente, produtos de sub-pensadores (não vou nomear os mais conhecidos para não dar crédito ao submundo), que são ampliados nos vídeos e facebooks da vida pelos nerds pagos e os (as também para agradar a mediocridade) ativistas de sofá. É difícil, para estes pseudointelectuais pensar, daí, que ainda estão no tempo em que era possível pensar que mais estado fosse uma solução e incapazes de reconhecer que o capitalismo, por mais desigualdade que faça, foi quem melhorou a vida de todos nós.
A incompreensão, para não dizer um termo mais forte, vem de que se apegam a uma definição (nem sabem que isto existe) de pobreza do passado para argumentar que, quem não concorda com suas ideias, ou é alienado ou não tem compaixão com os pobres. A pobreza mental deriva de que a pobreza moderna não é a mesma nem do século passado quanto mais do século XVIII, quando havia, de fato, muito mais pessoas em situação de carência alimentar. Hoje, o que havia no passado, seria considerada pobreza intolerável, mas, foi a norma. E as pessoas não tinham escolas, nem sapatos, nem qualquer tipo de assistência de saúde, por pior que seja. Ignoram que, mesmo que a pobreza seja eliminada, digamos em 25 anos, sempre haverá um “revolucionário” usando a pobreza para justificar seus interesses de poder ou, meramente, pelo desejo de aparecer numa sociedade do espetáculo.
A verdade é que a pobreza estará sempre sendo redefinida por ser uma forma de comparação. A pobreza depende da comparação que se faz. Com o que ou quando se compara. E só mesmo a indigência mental deduz uma correlação entre pobreza e criminalidade. Os pobres são criminosos? Não se pode levar esta correlação que a esquerda faz a sério. A pobreza sequer ajuda a criminalidade. São as ideias vigentes, o discurso idiota de que todos têm direito sem deveres, que basta existir para que o estado dê tudo a todos. É muito bonito o discurso, mas, quem paga. Não são os Chicos Buarques da vida, nem as atrizinhas bonitas, que fazem discursos infantis, que vão abrir mão de sua boa vida para manter os pobres. Depois a grande realidade é que, com todos os problemas, as condições de vida têm melhorado, cada vez mais, enquanto a criminalidade aumenta violentamente. A realidade é que o discurso idiota do politicamente correto, como o incitamento à revolta, ajudam mais ao aumento da violência do que o discurso conservador, e correto, de que é preciso melhorar a educação, trabalhar e se esforçar para melhorar de vida. Mas, terceirizar a culpa para os políticos, para a corrupção, contra a elite, os ricos e outros, estigmatizando quem não segue o discurso fácil, é sempre mais confortável do que pensar. Vivemos uma época obscura onde se empunha tochas apagadas pretendendo fazer luz.