Que nós vivemos tempos em
que se repetem os pensamentos, as notícias e as imagens sem análise não se
trata de novidade nenhuma. O que mais me impressiona, porém, é a completa falta
de noção que passou a dominar as redações dos denominados órgãos de imprensa, a
grande imprensa em especial, as agências de notícias e os portais que dominam a
veiculação das notícias. É comum, repetindo as palavras de Millôr Fernandes de
que “Imprensa é oposição, o resto é secos e molhados”, que os jornalistas sejam
oposição ao governo (embora a moda tenha se acentuado, agora, pois, passaram
anos aplaudindo governos anteriores), porém, o que se pede de quem escreve para
o público é, no mínimo, que procure, mesmo colocando sua posição, analisar os
fatos e não ser explicitamente contra e, fortemente, partidário. Até aparece, e
aqui não digo que não possa ter algum conteúdo de verdade, como chamada para um
artigo a citação de que “em um ano, Bolsonaro emitiu mais de 1,6 afirmações
falsas ou enganosas”. Convenhamos que o presidente pode, de fato, ter mentido,
mas, a base para isto provém de onde? A resposta é de que vem de uma pouco
conhecida entidade denominada de Artigo 19, aliás, que criou um Relatório
Global de Expressão. Nada contra organizações assim, mas, em geral, apesar de
possuírem pessoas com espirito público e, muitas, capacitadas, são direcionadas
por um viés que é nitidamente anti-bolsonarista. Na maioria das vezes são
pessoas ligadas às causas de direitos humanos, de defesa de minorias, do
politicamente correto, ou seja, é quase como analisar o presidente sob a ótica
dos lulistas! Também é preciso ver que grande parte da população não tem o
menor interesse no que Bolsonaro diz ou deixa de dizer. Bem, mas, esta não é a
questão, no fim, pois até mesmo a agência de notícias do governo federal quando
anuncia os resultados de indicadores o que faz? Ressalta o aumento da inflação,
quando, efetivamente, a notícia mais relevante é a de que o Produto Interno Bruto-PIB,
a soma de tudo que se produz em bens e serviços no país, na previsão do mercado
financeiro aumentou!!! Esta aí o nó da questão. A imprensa trata de assuntos de
menor importância e é uma difusora permanente de más notícias. Todo dia reprisa
o número de mortos, mas, não dá nenhuma atenção ao fato de que o país vacina
quase três vezes mais, hoje, do que os Estados Unidos. Não dá a mínima para uma
recuperação visível da economia que é o que interessa para nós, pobres mortais,
que precisamos de renda para sobreviver. Que isto atue contra o governo
Bolsonaro é ruim. Sob o ponto de vista econômico é péssimo por não contribuir
para a estabilidade e a previsibilidade, contudo, este é um problema de
Bolsonaro. O que me incomoda é que, como alguém que gosta de redação e da
imprensa, é que as redações pareçam dominadas por robôs. Até parece que o que
importa é ser contra, o que basta é criar polêmica, fazer a notícia ter ar de
sensacionalismo-algo antes execrado no jornalismo marrom. Até os termos que
usam são amadoristas. Nos estimulam a ver o que “viralizou”. Meu Deus!
Viralizar não é ser importante, notável nem mesmo fundamental. É, nas mídias
sociais, o que dá mais citações, mais likes! Penso que o jornalismo perde
totalmente sua importância quando se pauta pelas redes sociais. Vira,
efetivamente, um prisioneiro dos robôs e dos algoritmos. É de ser perguntar:
para que manter pessoas nas redações se tudo está padronizado? Se não há bons
jornalistas fazendo a escolha e a análise das matérias; se as notícias, as visões
e as fotos são as mesmas, então, não é de espantar que os ouvintes/leitores
estejam migrando para as redes sociais. A imprensa desta forma está se tornando
irrelevante e, o que é mais grave, sendo vista, cada vez mais, como menos
confiável.
Ilustração: Em alta.
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