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quinta-feira, novembro 10, 2005

O DESPREPARO DAS LIDERANÇAS

Nós todos sabemos que não vivemos uma época que se destaca propriamente por suas virtudes nem pelo bom comportamento das figuras públicas. Não se precisa fazer uma rememoração do ministro Nelson Jobim tomando banho de calção com o ex-presidente Fernando Henrique, nem lembrar de Lulla da Silva jogando papel no chão ou dizendo termos poucos condizentes com a liturgia de seu cargo para uma admiradora na platéia ou os pouco recomendáveis espetáculos proporcionados pelos Inocêncios, Valverdes e Heloísas ou, por fim, a pouco recomendável conduta do senador Arthur Virgilio afirmando que seria capaz de bater no presidente o que já não havia ficado bem nem num deputado jovem como ACM Neto. E, para completar, a pouca (e descortês) consciência da senadora solar, portando, em plenário, uma camiseta com o dístico “Fora Bush” que, em outros tempos, já seria tido como falta de decoro. Afinal Bush, por menos simpático que seja, é um presidente norte-americano e, como um convidado do governo brasileiro, deve ser recebido com respeito por mais inoportuna que seja sua visita.
Se bem que, de fato, a descompostura parece ter tomado conta do mundo inteiro, bem como o nível das lideranças anda muito baixo. Basta verificar a papagaiada de anti-cúpula, em Mar del Plata, feita na sexta-feira, quando, ao lado de Diego Maradona, o presidente Hugo Chávez procurando capitalizar o ódio contra George W. Bush e contra os Estados Unidos proporcionou um espetáculo de vale tudo de baixíssimo nível que, para ser suave se pode classificar como grosseria, porém a rigor foi pura baixaria. Não é admissível que um líder de um país, alguém que se compara a Simon Bolívar (que não merece uma referência tão bizarra) se dê ao desplante, certamente descontrolado por ser aclamado ali como o novo líder da esquerda sul-americana, puxou o coro com a platéia: "Alca, Alca, Alca, al carajo". Convenhamos que poderia ter poupado nosso continente de um espetáculo que visto de fora, além de deprimente, colabora para sejamos desvalorizados por falta de postura e consciência política.
De todos estes fatos o que se ressalta é que, apesar de termos avançados em termos de democracia e de fortalecimento das instituições, com certeza, ainda falta muito para que nossas lideranças venham a corresponder aos anseios das nossas populações de que possam não somente ter uma visão das demandas públicas, conhecimento para resolvê-las, bem como um comportamento compatível com as altas funções que ocupam. Não só no Brasil, mas em toda a América Latina, o que se observa é que não construímos ainda estruturas políticas capazes de impedir que pessoas despreparadas, inclusive sob o ponto de vista democrático e cívico, ocupem altas funções, daí a falta de decoro, os escândalos e o triste espetáculo de que pessoas que nos representam passem para o público o despreparo para o exercício de funções tão importantes.

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