Se houve um consenso na Conferência sobre
Relações Exteriores-CORE 2012, realizada pela Fundação Alexandre Gusmão em
parceira com a Universidade de Fortaleza-UNIFOR, no dia 29 último, foi o de que
o Brasil ganhou importância no cenário internacional. Tal destaque foi
enfatizado, por exemplo, pelo próprio presidente da FUNAG, Embaixador José
Vicente de Sá Pimentel, pelo Embaixador Carlos Henrique Cardim, que enfatizou a
importância do Brasil, a partir do mapa mundial e pela globalização do futebol,
bem como nas palavras da Ministra Vera Cintia Cunha Alvarez que disse ser este
"o momento do Brasil" ressaltando que nós temos o que mostrar, numa
conjuntura recessiva, a partir de uma "política pública extremamente
necessária para todos os países"
que seriam as experiências de programas sociais redistributivos como o Bolsa
Família. Também o emérito professor Renato Baumann ressaltou a proeminência do
Brasil e sua crescente participação nas decisões internacionais ressalvando,
porém, que se o Pais se tornasse de fato um protagonista central na
multipolaridade "seria o primeiro caso de um país se tornou poderoso por
meios pacíficos". Outros que também ressaltaram a crescente importância do
Brasil, como o fizeram, por exemplo, o professor Renato Galvão Florês Junior,
que, aliás, elencou e analisou os atores importantes da cena mundial, fizeram
questão de destacar o softpower que
nosso País propõe com uma agenda social positiva.
De fato o
Brasil, nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e no atual, mesmo com os
baixos índices de crescimento, conseguiram melhorar a distribuição de renda e
aumentar o consumo interno, em grande parte graças a uma melhoria dos
estratos sociais mais pobres, por um crescimento da renda que não tem
contrapartida produtiva, bem como uma notável expansão do crédito e, em
consequência do endividamento das famílias. É verdade que, diante da crise, o
Brasil apresenta uma relativa solidez econômica, estabilidade política e
conquistas sociais significativas, mas, o paradoxo brasileiro é que, ao
vendermos externamente, uma imagem de capacidade de resolver nossos problemas e
propor uma formula para os outros países, em contrapartida, como ressaltou o
Embaixador Valdemar "O Brasil está
perdendo mercado para a China em todos os mercados e até internamente" por
conta não somente do câmbio alto, da falta das reformas fundamentais (tributária,
trabalhista e política, entre outras) e a insuportável burocracia que afetam a
nossa competitividade.
Em suma, o
Brasil melhorou, porém, como comprovam os baixos índices de investimentos e os
gargalos da infraestrutura e a ausência de um ambiente econômico adequado e estável
ao desenvolvimento não resolvemos nossos problemas fundamentais. Assim, se, como acentuou o professor Marcos Ferreira
Costa Lima, "O Brasil está caminhando para uma liderança maior", os
que pensam criticamente apontam que estamos longe de resolver os nossos
problemas e a desigualdade interna, inclusive regional, o que não nos
autoriza a dar lições a ninguém. Se isto não é um empecilho para termos uma
agenda positiva e propositiva nas relações internacionais, no entanto, devemos
ter a humildade de reconhecer que há um dever de casa a ser feito. Que o
paradoxo brasileiro é que pretendemos resolver os problemas mundiais sem ter
resolvido os grandes problemas internos cujos principais ítens da agenda
permanecem os mesmo a quase duas dezenas de anos.
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