As
próximas eleições presidenciais, pelo menos no Facebook, onde, supostamente,
estão pessoas de classe média e escolaridade um pouco acima da média, de fato,
já começaram pelas manifestações constantes das pessoas. Um dado que se
ressalta é que, pelo menos no Face, o Partido dos Trabalhadores já perdeu feio
a batalha de argumentos. Não somente porque desertaram do partido importantes
ícones que, no passado, levantaram a sua bandeira, como pela completa falta de
argumentos e de esperança que o governo e Dilma podem oferecer. O caso mais
recente do cantor Ney Matogrosso é exemplar. Ney, um artista normalmente
tímido, não aguentou o clima do país e desabafou, numa entrevista à televisão
portuguesa, afirmando que as coisas no Brasil andam ruins pela ineficiência
governamental e os péssimos serviços públicos. O que fizeram em relação as suas
declarações? Procuraram desqualificá-lo ora dizendo que está senil ou que,
agora, deixou de ser rebelde, pela idade não é uma pessoa digital, nem capaz de
avaliar bem a situação, enfim, é um títere da Rede Globo. Mas, ninguém vem
dizer, em público, que a segurança é ótima, a educação é a melhor do mundo ou a
nossa saúde é padrão Fifa, que as estradas são tapetes ou o transporte coletivo
é de primeiro mundo.
Aliás,
apesar de ser o governo quem alimenta imprensa, inclusive de recursos, a
cegueira ideológica (ou muitas vezes intere$$eira) faz com que se venda a farsa
de que a imprensa cria um discurso oposicionista, em especial a Globo que
oculta o que pode dos “malfeitos” do governo, de que tudo vai mal no país. É
menos verdade. Acontece é que as coisas vão mesmo muito mal e não é possível
ocultar, com tanta deterioração em todos os setores, daí que a proteção que a
imprensa tenta dar ao governo se torna vulnerável. Não dá mais, como no
passado, para ficar somente cantando loas, como nos tempos de Lula da Silva.
Até porque a imagem de Dilma é de um ser completamente distante, incapaz de, ao
menos, fazer o jogo de cena que o metalúrgico fazia de que se importava com as
pessoas.
Um
dado muito interessante da pesquisa Datafolha mais recente é de que, num
segundo turno, entre os entrevistados de renda familiar de 2 a 5 salários
mínimos, Dilma tem uma intenção de voto de 43% contra 39% de Aécio Neves. Ou seja, é um
empate técnico mesmo entre os mais pobres. E isto deve se acentuar ainda mais
com a Copa quando serão mostrados os gigantescos e suntuosos estádios recém
construídos, com fartos recursos públicos, que contrastam com as dificuldades
de uma população que consumiu muito se endividando e, hoje, em especial nas
cidades, enfrenta uma grave crise urbana. É uma questão que deve ficar clara
com os estádios: se podem se fazer estádios com qualidade por que não se pode
ter escolas, hospitais, creches, transporte público e segurança de que tanto
precisamos? E o atual governo, no poder faz 12 anos, não pode mais colocar a
culpa da má qualidade de tais serviços em FHC. Neste sentido a Copa é uma
herança mais que maldita de Lula para Dilma. Que vai haver segundo turno ninguém mais
duvida, porém, o que é mais surpreendente é a velocidade que se observa na
aceitação que o discurso oposicionista passou a ter e, mesmo nas classes de
menor renda, a certeza que o governo se exauriu e que está na hora de trocar de
governo. E se este sentimento se acelerar, como parece que está se acelerando,
Eduardo Campos passa a ter uma grande chance de crescimento e a mudança, então,
será inevitável. Se o time não joga bem o primeiro que cai é o técnico.
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