O Partido dos
Trabalhadores (PT) sempre teve o problema genético de ter um viés estatista, de
desejar controlar a economia e a sociedade a partir do governo. Se, com Lula da
Silva, este, pelo menos, conservava canais de comunicação com a sociedade para
diminuir os impactos das intervenções, o mesmo não ocorreu na gestão Roussef.
Esta se caracterizou por impor à sociedade, cada vez mais, uma filosofia e uma
política que contraria os princípios básicos de uma sociedade democrática e
pluralista, e o que deve ser a bússola mais importante para orientar a vida
econômica, que é a lei da oferta e da
procura, que, foi, sistematicamente, desrespeitada no seu governo.
Entre os graves
equívocos que se observa fica patente que a intromissão demagógica sobre os
preços de bens e serviços, em especial, na formação de preços dos combustíveis,
da energia e dos transportes urbanos foi o mais extremamente danoso. Porém, não
se pode esquecer de outros também nocivos, como a utilização indevida da taxa
de câmbio para controlar a inflação e atrair e proteger capitais estrangeiros
especulativos, o descompasso entre a política salarial e o aumento do salário
mínimo efetuando transferências de rendas sem qualquer atrelamento à
produtividade do trabalho, a utilização da Selic, taxa de juros básico, fixada
com preocupação única de regular a demanda agregada e, por fim, o crescimento
dos tributos e, em alguns casos, da burocracia aumentando o preço que a
sociedade paga para manter um estado obeso, perdulário e ineficiente.
Por todos estes
equívocos estamos chegando num cruzamento perigoso na medida em que, como não
existe almoço grátis, será preciso mais recursos para manter o equilíbrio
fiscal e monetário. A tentativa, ora em curso, de aprovar a proposta que modifica
a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) para ampliar o abatimento da meta de
superávit primário para 2014 (PLN 36/14), enviada pelo governo ao Congresso, já
demonstra que estamos chegando ao limite das possibilidades da política atual
que não tem mais como gerar crescimento e sim ser motivo de instabilidade. O
problema é que a presidente Dilma, reeleita, terá enormes dificuldades de
corrigir os equívocos da política econômica derivados da administração ruim do
sistema de preços com a eclosão do escândalo do Petrolão. Tendo que reorganizar
o governo, e sua política econômica, a presidente tem contra si, além do fato
de que quase tudo aconteceu na sua gestão, ou quando era presidente do conselho
da estatal, a taxa de juros, que é o principal instrumento para combater a
inflação, tem sido usada mais como instrumento para atrair recursos
estrangeiros e coibir o déficit previsto de US$ 80 bilhões das contas externas, ao mesmo tempo que são gastos R$ 250 bilhões anuais de juros sobre a dívida
externa, no momento em que o país, praticamente, estagnou. A impressão que fica,
enquanto não se tiver uma resposta, mais consistente, é que o governo também estagnou e não sabe
aonde quer chegar e, por isto mesmo, age ao sabor do momento, reativo apenas às
circunstâncias.
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