Bem,
ultimamente, tenho até me recolhido à minha insignificância por vários motivos,
mas, o principal é que, sendo uma pessoa democrática e pouco afeita aos
debates, em especial os irracionais, não convivo bem com o bom mocismo e a
pregação socialista massificada que tem sido feita no país seja por meio de uma
suposta defesa dos “mais pobres”, seja por desculpas ambientais ou pela praga
do politicamente correto, mas, que, a meu ver, desaguam numa posição fascista
na medida em que sempre se procura estigmatizar quem não concorda. E olha que
não gosto muito do PSDB, até já votei, como já votei no PT, mas, minhas
posições não foram, até onde avisto, próximas dos tucanos, nem me agrada o
comportamento dos ditos “coxinhas”, embora, seja uma injustiça com uma comida
saborosa, principalmente, se bem feita. Mas, na verdade, o último exemplo de
tipo de discussão deplorável que assisto estarrecido, é esta idiotice da
menoridade penal que é discutida como se fosse conversa de bêbados em bar, sem
a menor consciência ou serenidade, como se fosse uma disputa de torcidas
uniformizadas onde o que vale é xingar ou até mesmo bater no outro. E me
pergunto, na minha reconhecida falta de capacidade, quantos estão, de fato,
habilitados para discutir a questão? Não sei nem pretendo responder. Sei que,
hoje, se lê muito pouco e se entende de tudo tanto que, apesar do que já li, me
confesso cada vez mais impotente para discutir com as sumidades que pululam nos
faces da vida.
Penso
que todo mundo que tem um pouco de senso já se indignou com as injustiças da
vida. Confesso que já fui um seguidor, um leitor voraz, um marxista convicto.
Talvez, tenha lido muito mais Marx do que, para ser modesto, 90% dos que o
citam. Mas, até o próprio Marx não se considerava marxista ainda vivo. Depois
da queda do Muro de Berlim a defesa de uma sociedade estatal, de uma sociedade
coletiva é uma tarefa ingrata e contra os princípios básicos da vida, mas,
aparece uma imensa horda urrando bordões ultrapassados ainda crentes que estão
salvando o mundo e, em geral, guiados por pessoas que somente
pensam no poder. Querem “justiça social”, porém, não possuem a menor ideia do
que seja “justo”. O maior exemplo é que execram o liberalismo que, queiram ou
não, continua a oferecer a menos ruim definição de justiça social que é a de
que “cada um deve viver do seu trabalho” e não, como desejam os “justos
sociais” que um percentagem de seu trabalho seja apropriado por outro. É justo
você pegar uma percentagem daquilo que produzi com meu trabalho? Aqui, vale o
pensamento do economista Walter Williams, negro e norte-americano, que sempre
foi contra esta teoria torta de ajudar o “pobrezinho”. Escreve ele com
precisão: “Se eu vir uma pessoa com fome e
então decidir abordar violentamente uma terceira pessoa com o intuito de, por
meio de ameaças, intimidação e coerção, tomar o dinheiro dela para repassar ao
faminto, o que você pensaria de mim? Creio e espero que a maioria de nós veria
tal ato como roubo. Será que tal conclusão muda se nós coletivamente
concordarmos em tomar o dinheiro de uma pessoa para alimentar o necessitado? O
ato ainda assim seria roubo. Atos imorais como roubo, estupro e
assassinato não se tornam morais quando feitos coletivamente por meio de uma
decisão majoritária”. Este é um raciocínio válido e que mostra que a democracia,
como todas as coisas, se utilizadas sem o devido peso, sem a razão, não passa
de um golpe contra a liberdade. É o que temos assistido no Brasil onde até
mesmo a impunidade e ser uma pessoa acima
das leis, está sendo arguida como merecida para alguns que, supostamente, defenderam
os pobres, quando só cuidavam de seus próprios interesses. A democracia deve
sim ser a vitória da maioria, mas, não pode jamais ser usada, como muitos usam,
para aplastar os princípios éticos e o direito das minorias. É preciso lembrar
que é justo rebelar-se e que nenhum governo, em nome de qualquer direito, pode
se impor usando a democracia para cercear a liberdade.
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