Quando se fala de escola de samba no Rio de Janeiro,
embora existam muitas escolas maravilhosas, há algumas que são como os grandes
clássicos ou os grandes times: por mais que não tenha a glória de outrora
continuam lendários. Não escondo que, por razões históricas e sentimentais,
Mangueira, Portela e Vila Isabel se inserem, para mim, na ordem das grandezas
incomensuráveis. Suas cores, a beleza dos seus desfiles, o som, a dança, o
samba e a história falam por si só. Dão a tais escolas uma aura que poetiza o
seu entorno. E, por mais que digam que o carnaval de hoje já não é mais o
mesmo, devo dizer que isto não importa. Ainda há vida nas quadras, nas rodas de
sambas e mesmo nas disputas dos sambas enredos.
E sinto este frescor e esta vida quando, como agora,
uma profusão de sambas enredos disputam a oportunidade de serem escolhidos para
o desfile das escolas. Em particular, por amizade, me importo muito com o
desfecho da escolha do samba de Vila Isabel. Lá um dos sambas, que tem como
tema a cor do som, é o de Grande da Caneta que divide a autoria com Betinho
Santana, Almeidinha, Malandro Maneiro e Ricardinho Professor, os dois últimos
que são os interpretes. Como acontece com os sambas enredos atuais a música é
bem melhor do que a letra, embora muito bem adaptada, e gosto muito do refrão
que diz:
“A Vila é raça, é amor pra vida inteira/ o som da cor
que faz o corpo balançar/ A negritude que orgulha a sua tez/ vem kizombar outra
vez!”
A kizomba é um estilo musical e de dança africana, que
surgiu, em Angola, a partir da fusão do semba, do zouk e de outros gêneros
estrangeiros, como o merengue e algumas baladas da Música Popular Brasileira
(MPB). A palavra, porém, que se originou a partir do kinbundo - língua africana
que ainda é falada na Angola, ajudou a construir algumas expressões e termos
brasileiros com o significado de "exaltação do povo", como forma de
celebrar a vida e a libertação dos escravos africanos. Kizombar é um
aproveitamento, como fazem muitos compositores, de palavras que nem sempre são
correntes. Mas, corrente mesmo é a paixão pelas escolas, as disputas que marcam
a escolha dos sambas enredos. Torço pela vitória deste samba enredo de Vila
Isabel. Não poderei, ir as quadras para assistir, como
em anos passados, o processo de seleção, mas, gostaria muito de poder “kizombar
outra vez” no carnaval de 2017 com o samba de Grande Caneta e parceria. Quem sabe?
De qualquer forma para quem quiser sentir um gostinho do samba enredo postei no
Jornal Diz Persivo (http://persivo.blogspot.com.br/).
É uma forma de, mesmo distante, dizer para os amigos de Vila Isabel que estão
no meu coração e lembrança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário