Nós,
brasileiros, somos um povo inculto e belo. Até já pensamos, criamos a ilusão,
recentemente, de ter futuro sem trabalhar, de ter direitos sem ter deveres, a
versão tupiniquim de um paraíso lulista, um líder de sindicato que sempre
pensou ser legal viver às custas dos outros. Mas, está longe de mim desejar
criticar Lula, agora, quando começa a enfrentar seu inferno astral. Meu tema é
a dificuldade do país avançar com o arremedo de democracia que criamos, com o nível
de educação que tem a nossa população, de vez que a grande verdade é que nossos
políticos-por mais que se reclamem deles- reflete, como uma amostra de
qualidade, aliás, o nível de nossa cultura.
As eleições
municipais, neste momento, refletirão isto. Tivemos que escolher entre
candidatos que, em sua grande maioria, não representam nossos anseios. E, muito
pior, no meio de uma disputa que aparentou ser mais uma batalha de lama do que
uma disputa de propostas. Não estou desejando julgar ninguém. Nem, como podem
pensar alguns, a questão se resuma a Porto Velho, embora também se inclua no
mesmo balaio. A definitiva sentença dessas eleições foi dada pela quantidade
imensa, em todo o país, dos votos invalidados. Trata-se, como se verificou, de
um fenômeno nacional. Há um descompasso imenso entre o que se deseja e o que
nos é oferecido. Ainda hoje fui abordado por um jornalista que me colocou entre
a cruz e a espada em relação ao futuro pleito para presidente ao perguntar se
seria Ciro Gomes ou Bolsonaro! Não me deixem em tal situação que me considero
incapaz de ter uma resposta sequer razoável. Cada um, como diz a canção
popular, “sabe a dor e a delícia de ser o que é”, porém, um dos requisitos que considero
essenciais para se exercer liderança é a maturidade, o que não vejo nos nomes
citados. E a conversa me deixou, efetivamente, preocupado com os rumos futuros
do país.
Consolei-me
ao pensar na sociedade norte-americana onde há um Bob Dylan que recusa o Nobel
que lhe é dado de modo muito duvidoso. Ele, um sábio, nem se deu ao trabalho de
recusar formalmente. Mas, os norte-americanos conquistaram muito mais este
prêmio do que qualquer outro país. E em setores muito mais significativos como física,
química, medicina. Como em muitas outras coisas dão um banho, pois, se somar os
cinco países que vem depois (Reino Unido, Alemanha, França, Suécia e Rússia)
eles conquistaram mais Nobel do que todos juntos. Não por acaso. Não só possuem
a primeira universidade do mundo, Harvard, como mais 12 entre as quinze
classificadas como melhores. E são inventivos, competitivos, com instituições consolidadas.
O que me consola diante disto? Estão escolhendo entre Hillary Clinton e Donald
Trump. Ou seja, se eles que já amadureceram, já educaram uma grande parte de
sua sociedade estão num dilema como este, então, nós temos salvação sim. Volto
a acreditar, com toda a mediocridade, que Darcy Ribeiro tem razão: somos a Roma
do futuro. Claro que uma Roma que acontece uma segunda vez dará razão à Marx. O
Brasil, no entanto, jamais esquecerá De Gaulle.
Ilustração: Forbes.
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