É
um sintoma positivo verificar que milhares de jovens pelo Brasil afora se
prepararam para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), uma prova que pode
garantir a entrada deles na universidade. Mas, é preciso avaliar que,
atualmente, muitos que conseguem seu diploma não encontram espaço no mercado,
ao contrário do passado quando um diploma era garantia de emprego. Qual a
razão? São muitas, porém, entre elas o fato de que significativa parte dos que
ingressam na universidade buscam poucas áreas em geral relativas ao comércio,
administração, ensino, direito, saúde e engenharia. E, mesmo que o país não
estivesse em recessão, não haveria vagas para tantos formandos, principalmente,
tendo em vista que com a multiplicação das instituições privadas, ao lado da
maior oferta das bolsas do Prouni e do Fies (Fundo de Financiamento
Estudantil), de 2000 a 2014, a quantidade de instituições de nível superior cresceu exponencialmente. Resultado: um aumento substancial de novos formandos, pois, de
acordo com o Censo do Ensino Superior, em 2014, um milhão de pessoas saíram das
salas de aula. Em 2004, eram apenas 630 mil.
Que
fazer? Em primeiro lugar há de se realizar o combate a uma ideia elitista de
que diploma seja sinal de status e dinheiro, que, hoje, é mais importante. Já
se observa um deslocamento de pessoas que verificaram ser muito melhor e mais
lucrativo, por exemplo, fazer cursos técnicos. É preciso desmistificar a ideia
de que, obrigatoriamente, ter um diploma é a forma mais adequada para se
melhorar de vida. Talvez isto seja mais fácil de se verificar, por exemplo, com
o curso de administração que, em 2014, correspondia a 30% dos concluintes. Ora,
é impossível acreditar que existiriam empresas suficientes para oferecer vagas
para todos. É claro que muitos acabam em subempregos. Mas, o caminho das
universidades deve ser o de oferecer outras alternativas com o de, no decorrer
do curso, pregar para os alunos o empreendedorismo. Pessoas com nível superior
possuem muito mais condições de criar novos negócios e se, muitas vezes, não o
fazem é por não serem preparadas para este fim. Também a universidade precisa
diversificar seus cursos, oferecer novas oportunidades fora das áreas
tradicionais. Hoje é comprovado que o número total de graduados de muitos
cursos é superior ao que o mercado pode suportar. É preciso que as instituições
de nível superior inovem, porém, o próprio aluno pode começar a buscar
alternativas identificando áreas de interesse que, nem sempre, passarão pela
graduação. E, se houver, certeza da escolha, da identificação, não é difícil de
lembrar do caso de Bill Gates que largou a escola para se transformar no mito
em que se transformou. Diploma, agora, mais do nunca, não é tudo.
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