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quarta-feira, novembro 30, 2016

UMA RELAÇÃO COMERCIAL MUITO DELICADA


As relações do Brasil com a China terão, a partir de agora, uma dura prova. É que, na atualidade, 80% das medidas antidumping do Brasil são contra a China mesmo este país sendo o maior importador de bens brasileiros. Acontece que, como a adesão de Pequim à Organização Mundial do Comércio (OMC) e ao sistema multilateral do comércio, foi realizada em 2001, agora, o processo, previsto para durar 15 anos, termina no próximo dia 11 de dezembro. Até então, um país que se considerasse afetado por um dumping de produtos chineses pode aplicar uma taxa extra cobrada nos portos contra o bem importado e se utilizava como parâmetro os preços praticados dos produtos de outras partes do mundo para demonstrar que os chineses estavam agindo de forma desleal.
No entanto, a partir do dia 11, a China já sinalizou que espera que esta regra mude e que os governos apenas comparem os preços chineses com outros do mesmo país. Na prática, impor uma barreira ficará mais difícil. E, mais do que isto, os chineses pretendem que todos os seus parceiros comerciais o tratem como qualquer outro, o que significa menos chances de se adotar barreiras comerciais. E, para tornar a questão mais complicada, os diplomatas chineses já deixaram claro esperar do Brasil uma posição de "aliado", principalmente diante dos compromissos assumidos por ambos no Brics. Em suma: a China está pressiona o governo brasileiro para que passe a tratar suas importações como faz com o resto do mundo e a considerar o país como economia de mercado. E isto já tem sido tema de reuniões ocorridas em Pequim e em Brasília. O certo é que os chineses já avisaram que não vão aceitar mais que seus produtos enfrentem determinadas barreiras.
E aí que o bicho pega. Afinal já no ano passado, a Confederação Nacional da Indústria (CNI)  avisou ao governo que não se poderia mudar o  tratamento dado aos chineses sob pena da indústria nacional, que não peca por bons resultados, ficar numa posição mais difícil ainda para competir com as importações chinesas. A posição do governo brasileiro, até porque a exportação para a China, e a necessidade de obter seus investimentos, é fundamental, tem sido ambígua. Por um lado, o ministro de Indústria e Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, afirma que vai cumprir os compromissos com os órgãos internacionais, mas, mesmo afirmando que o setor industrial brasileiro está se adaptando às mudanças, diz, aos setores industriais, que estão avaliando novos mecanismos de proteção que terão de ser criados. É o que se chama de um abacaxi diplomático. E daqueles acrianos, bem grande mesmo.



quinta-feira, novembro 24, 2016

A NECESSIDADE DE UMA POLÍTICA DE ENERGIA SOLAR


É, de certa forma, um feito e, visto por outro ângulo, uma grande contradição, que a Alemanha seja o país com maior capacidade de potência fotovoltaica,  conversão da energia do sol em eletricidade, instalada no mundo. Lá, que não é um país igual ao nosso, que se destaca pelo sol, os painéis fotovoltaicos estão espalhados por toda parte. Em média por ano, a Alemanha consegue suprir mais de 20% das suas necessidades de eletricidade por produção fotovoltaica.
Há razões sólidas para isto. Em primeiro lugar os alemães, o que inclui, políticos e empresários, compreendem a importância de produzir energia limpa e de reduzir as emissões de CO2, bem como o desastre da Usina Nuclear de Fukushima, no Japão, o país resolveu encerrar as atividades de suas centrais nucleares, e acelerou o interesse pela produção de fontes renováveis, em especial pela energia do sol. Desde 2.000, o governo oferece subsídios para quem quer instalar placas. E quem paga a conta dos subsídios? Uma sobretaxa na conta de luz de quem não usa energia limpa. Assim o cidadão que gera sua própria eletricidade, além de economizar, ainda vende o excedente para os vizinhos a preços competitivos.  Lá deram ao programa o nome de energiewende (guinada da energia), conjunto de ações do governo para reduzir emissões. Com isto o país a aumentou em mais de 300 vezes sua geração de energia solar em cerca de 10 anos e se tornou líder global no quesito-o país possui 36% de todas as placas fotovoltaicas em operação no mundo.

Como se sabe está se tornando cada vez mais fácil instalar este tipo de energia. Mesmo no Brasil já é possível ver painéis solares fotovoltaicos, que são dispositivos compostos por células solares, que captam a luz solar e convertem a energia do sol em eletricidade, instalados em quaisquer superfícies livres como telhados, fachadas e coberturas de estacionamentos. A captação da energia solar vem se tornando cada vez mais viável devido ao aumento da produção mundial desses equipamentos que produzem energia limpa e renovável. O Brasil possui um enorme potencial fotovoltaico. Basta verificar que, onde temos menos sol, o pior grau de irradiação é 40% superior ao melhor local de irradiação da Alemanha. Além disto, nosso país lidera o mercado de exportação de quartzo em pedra, insumo do silício, elemento principal para a produção de painéis fotovoltaicos. Agora isto não avança sem a adesão popular. Sem que as pessoas entendam que o investimento inicial é, relativamente, mais alto, porém, é muito mais rentável ao longo do tempo. O Brasil, os governos estaduais e municipais, precisam adotar a ideia de investir em energia solar. Na Alemanha, no ano passado, foram gastos US$ 17 bilhões com energia limpa. Suja, ela custaria menos da metade, mas, se estima que, se paga muito mais no longo prazo. Nós, de uma forma geral, precisamos nos conscientizar da importância de gerar energia solar. Os governos precisam imitar o da Alemanha incentivando a energia solar num país que é talhado para isto. Sempre fui um entusiasta deste tipo de energia e fiquei muito contente que, aqui, em Rondônia, tenha surgido uma empresa, a Eletrowatt Solar, com o objetivo de suprir a necessidade de elaboração de projetos e instalação de sistemas voltaicos, atuando, de forma até agressiva, para mostrar que é uma boa forma de economizar e que se trata de um investimento melhor que poupança e CDI. É um sinal de que Rondônia, como em muitos outros campos, possui uma tendência inata a inovar e servir de exemplo para os outros estados. Energia solar é, sem dúvida, um campo onde vale a pena investir. E o Brasil precisa que, no curto prazo, os governos, os empresários e a população invistam neste tipo de energia limpa no qual já deveríamos ter um desenvolvimento muito maior. 

Ilustração: Projeto Fotovoltaico

quinta-feira, novembro 17, 2016

A RIQUEZA DO YOUTUBE


Qualquer discussão, no momento atual, sobre criatividade passa pelas mídias sócias e, por conseguinte, o YouTube ocupa uma posição privilegiada seja nos mercados de produção de mídia, seja no futuro da cultura digital. É verdade que, como o futuro está em formação e sempre nos surpreende, há a possibilidade de que, como outras mídias de sucesso, como já aconteceu no passado, surja algo totalmente inesperado e enterre sua importância, mas, aparentemente isto não aparece no horizonte visível.
A razão mais forte é a de que o YouTube tem crescido cada vez mais não somente na questão do consumo, mas, também como um espaço de produção e, mais ainda, como um espaço dinâmico de inovação e de entretenimento que incorpora, crescentemente, comunidades de fãs que não se importam com a lógica dos mercados de produção de mídia.  Isto colabora para que apresente uma imensa diversidade de narrativas tanto as mais sofisticadas, que não somente recompensam a atenção como acabam se tornando virais, como mesmo aquelas que, menos produzidas, apresentam algum aspecto peculiar que chamam a atenção, seja da massa do público, seja de públicos segmentados. Isto torna o YouTube, de certa forma, uma plataforma que atende a todos os usuários, a todos os gostos. Até mesmo a falta de uma classificação adequada, de títulos que enquadrem os vídeos, parece colaborar para que as audiências aumentem, pois, não existe um comportamento padrão nem desejado para as produções e audiências. Tanto se assiste o que se quer, como se posta o que se deseja. Assim o YouTube é usado de maneiras diferentes por consumidores diversos e surge como um modelo híbrido de cultura popular, por meio de sua produção amadora, de seu consumo criativo, mas, também permite que os profissionais a usem sem o menor problema e todos com satisfação de suas necessidades.

O que se percebe é que se trata de uma  plataforma que fornece acesso à cultura ao mesmo tempo que permite aos seus consumidores atuar como produtores E tal amplitude se transforma na grande riqueza do site que é uma fonte permanente de diversidade ao alcance  de todos ou quase todos. Por esta razão também o YouTube já tem seu lugar na história e, apesar do futuro incerto da mídia, da participação cultural e do conhecimento, enquanto as condições não mudarem, radicalmente, se não existirem grandes mudanças culturais e econômicas atreladas às tecnologias digitais, à internet e à participação mais direta dos consumidores, não é difícil prever que continuará sendo uma das mais importantes mídias sociais do mundo moderno. 

segunda-feira, novembro 14, 2016

YOUTUBE, UM DOS MARCOS DA REVOLUÇÃO DIGITAL


Não sou um especialista em mídia. Sou, na verdade, um curioso. E um curioso, muitas vezes, vencido por uma indomável preguiça. É, por tal razão, que somente, agora, me ocupo de tatear um pouco, fazer um pequeno esforço mental, sobre um indiscutível fenômeno de nossos tempos que é o YouTube. Claro que, episodicamente, já pensei a seu respeito. Afinal o YouTube faz parte do cotidiano das pessoas reais e dos diversos meios de comunicação e, como a globalização, queiramos, ou não, faz parte de nossas vidas.
Há uma tendência a se pensar o YouTube como  um depósito de vídeos, digamos assim, para situar melhor, de conteúdo intangível. Penso que é muito mais que isto. De fato, como a grande maioria das pessoas, não somente conheci o site de mídia social por meio de um vídeo e o uso, constantemente, para assistir vídeos, ou que me são enviados por e-mail, em geral por amigos, ou que, por acaso, encontro no FaceBook ou nos blogs em que clico, atrás de algum tipo de divertimento ou informação. Devo ter algumas gravações no YouTube, mas, não gravei nem pensei, até pouco tempo, em contribuir para o seu crescimento com uma produção própria.
Isto não significa desconhecer sua importância como um elemento essencial da comunicação moderna. Significa apenas que sou, até certo pouco, o que se chama de um BIOS-Bicho Ignorante de Sistemas Operacionais. O certo é que, apesar de um fã de cinema, de vídeos, um seguidor de séries, um curtidor de imagens, exceto com a fotografia, e, certamente, de uma forma sofrível, jamais consegui criar alguma coisa que, a meu ver, passe de amadora. É claro que os amadores possuem vez no YouTube (cães, gatos, pancadas e bêbados também), mas, me considero ridículo o suficiente para não acrescentar novos motivos para provocar sorrisos.
Quando penso no site o que me salta aos olhos é sua capacidade promocional. Ainda que os seus aspectos de relacionamento social não sejam poucos significativos. Mas, o que me espanta mesmo é que seja, como é, um dos maiores sintomas do que chamamos de cultura participativa. O Youtube, mais do que qualquer outro tipo de mídia social, me parece que gerou, inconscientemente mais para os usuários que as empresas, modificações nas relações de poder entre os segmentos de mercado da mídia e seus consumidores.  Mais que isto: abre um canal para, qualquer um participar ativamente da criação e circulação de novo conteúdos, o que produz novas configurações econômicas e culturais. Apesar de ser de uma empresa hoje (Google), no entanto, não deixa de ser um site incômodo e contestador (até hoje não gerou lucro), o que lhe dá aspectos potencialmente libertários. Nos debates que se travam a seu respeito ninguém sabe para onde vai, porém, não se pode negar que, cada vez mais cresce de importância, e é um difusor notável do que se chama de cultura popular. Pode-se discutir o seu valor, e até a legitimidade de certos sucessos que produz, todavia, impossível negar que, como o mundo moderno, se nos causa mal estar é devido à sua diversidade e fragmentação. Isto é ruim ou é bom? Fico com Einstein.


sexta-feira, novembro 11, 2016

ACRIÂNIA, A REVOLUÇÃO ACREANA SOB UMA PERSPECTIVA ATUAL


Li, por problemas de tempo, em duas partes, mas, com sofreguidão o livro de Emanuel Pontes Pinto, “Acriânia-A Revolução do Acre e a Ferrovia Madeira-Mamoré”, que tem como tema norteador a Rebelião Acreana, ocorrida na região dos rios Purus e Acre, entre o final do século XIX e início do século XX, que foi essencial na formação de Rondônia e do Acre, bem como a foram como foram resolvidos os conflitos de fronteira entre Brasil e Bolívia. Pontes Pinto, com clareza e metodologia, foi buscar no desconhecimento do território, que portugueses e espanhóis julgavam-se no direito de possuir, as razões que acirraram uma questão que teve muito mais de econômica, na medida em que o fator real foi mesmo a riqueza derivada da borracha, e os interesses que, de fato, ultrapassavam a região e iam encontrar sua gênese em especial nos interesses norte-americanos.
O livro de Emanuel Pontes Pinto, ao tratar de um tema por tantos já tratado, consegue ser uma bela obra histórica por, graças a uma boa pesquisa e ao conhecimento prático e cultural do Autor, inovar no seu conteúdo pela visão moderna e escorreita que, ao se livrar de fardos meramente factuais ou discussões paralelas, constrói uma história de carne e osso, de coerência que, para a leitura, é, acima de tudo, clara, agradável, fiel aos fatos relatados e de fácil compreensão mesmo para quem não tenha um conhecimento anterior sobre a questão.
É uma excelente retrospectiva histórica que revela o que é essencial: a região se tornou brasileira graças aos nordestinos que migraram para a Amazônia, viraram extratores de látex da seringueira, se estabeleceram nos vales do altos rios Purus, Acre, Juruá e Javari, que, antes eram desabitados, estabelecendo a posse brasileira da região. Ainda que o  governo da Bolívia tenha enviado expedições militares contra a revolta acreana, e até mesmo o governo brasileiro não tenha dado apoio aos brasileiros na região, seria uma anomalia submeter toda uma população nacional aos ditames de um exército estrangeiro, pois, povo boliviano, de fato, não havia na região. Aliás, bolivianos existiam mais, abrasileirados, em territórios reconhecidos como brasileiros, como do Estado do Mato Grosso, e estabelecidos como donos de grandes seringais.
De qualquer forma, e de uma forma civilizada, a possibilidade de um conflito, meramente por interesses financeiros externos, foi pacificada com a assinatura do Tratado de Petrópolis, em novembro de 1903, pelo Brasil e a Bolívia. A construção da ferrovia Madeira-Mamoré, no período de 1907 a 1912,  originando Porto Velho e Guajará Mirim, uma consequência não esperada dos fatos anteriores. Uma felicidade para nós, brasileiros, que, hoje, vivemos na área.
O fato é que no seu livro “Acriânia”, Pontes Pinto, esclarece com a competência de historiador, os interesses políticos e econômicos europeus que determinaram uma parte importante de nossa história e enriquece, o acervo de produções sobre a Amazônia com uma visão que, não sendo nova, é frutífera em abrir uma caminho vasto para que outros também olhem com um olhar diferente a história renovando os fatos e atualizando a escrita que, no caso dele, é da melhor qualidade. Quem se interessa pela Amazônia não pode deixar de ler.



quarta-feira, novembro 09, 2016

REDES SOCIAIS E SEUS RISCOS PARA AS EMPRESAS


Que tudo muda não há dúvida. Heráclito de Éfeso, ainda nos primórdios gregos, já afirmava que “Nada é permanente, exceto a mudança”. Porém, ao que parece, a mudança, nos últimos tempos, ganhou o ritmo alucinante da rapidez, da instantaneidade, do on-line permanente. Antigamente ainda cabia a pergunta: mudou o mundo ou mudamos nós? Hoje, já se sabe, mesmo quando não se percebe, que mudou o mundo e mudamos nós. E, numa velocidade impressionante, desabam as tradições, mudam os hábitos e costumes. Basta olhar a internet e as redes sociais, que são, na realidade, a grande expressão desta mudança. Uma grande parte da vida moderna se processa, atualmente, nas redes sociais. Até coisas antes impensáveis, como namorar, noivar ou casar, já acontece por meio das redes sociais.
Também nos negócios esta nova realidade impactou de forma pesada. O uso das redes possibilita uma maior interação entre o empresário e o cliente, um alcance maior do público e possibilita a venda segmentada. Por um custo mínimo ou nenhum custo. Hoje se vende de tudo pela rede, desde bens duráveis, como imóveis, carros, passando por eletrodomésticos, computadores, móveis, até confecções, alimentos, bugigangas de todos os tipos. Tudo está disponível ao comprador a apenas um clique e, em muitos casos, com a comodidade da entrega em domicílio. Trata-se de uma realidade indiscutível que uma mídia publicada nas redes sociais pode alcançar maior número de pessoas do que uma propaganda veiculada na TV, por exemplo. Nas redes sociais se tornou possível lançar anúncios para públicos com faixas etárias e sexo específicos obtendo, muitas vezes,  ganhos elevados. Esta a razão pela qual empresas, sejam de grande, médio ou pequeno porte, investem no uso das redes sociais para anunciar a marca ou o produto e para ter um relacionamento maior com o cliente. Inclusive por ser mais barato que os meios publicitários veiculados em TV, rádio e outdoors, que demandam muito maiores investimentos.
As redes sociais como o Facebook, Instagram, WhatsApp, entre outros, são eficientes para possibilitar uma aproximação com os clientes sem tanto ônus ao anunciante. Todavia, tudo tem seu lado negativo. Nestes tempos de era digital, há muita portunidade de interagir e trocar informações rapidamente, é, se as redes sociais são um dos principais meios de comunicação e expressão de opinião, é imperioso que as empresas estejam atentas à sua imagem no universo virtual. E deve se cuidar tanto do público: interno (colaboradores) e externo (clientes). Neste sentido, as redes sociais exigem agilidade e prontidão, pois, os usuários da internet são imediatistas: exigem respostas rápidas. Portanto, para se posicionar bem nas redes sociais há sim um custo imprescindível que é o de ter  profissionais especializados, como social media ou assessor de comunicação e, não raro, quando se deseja ter página no Facebook uma, ou mais, pessoa encarregada exclusivamente de monitorar os comentários. As redes sociais, se bem utilizadas, não se enganem, são excelentes ferramentas de comunicação e de relacionamento com o cliente, todavia, podem ser eficientes tanto para o bem como para o mau. Como tudo muda é preciso estar atento às mudanças, principalmente, nas redes sociais. O que, às vezes, foi bom, ontem, pode ser um veneno, hoje. E um pesadelo quando a empresa se vê atingida por comentários negativos nas redes sociais e, algumas vezes, sem tomar conhecimento. O pesadelo é maior ainda quando os sites de reclamação, como o Reclame Aqui, passam a incluir o nome da empresa como fonte de reclamações. Por isto, mais do que nunca, ao se utilizar as redes sociais é preciso avaliar bem seus riscos.


Ilustração: Economia - Cultura Mix

sexta-feira, novembro 04, 2016

O mundo além do diploma


É um sintoma positivo verificar que milhares de jovens pelo Brasil afora se prepararam para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), uma prova que pode garantir a entrada deles na universidade. Mas, é preciso avaliar que, atualmente, muitos que conseguem seu diploma não encontram espaço no mercado, ao contrário do passado quando um diploma era garantia de emprego. Qual a razão? São muitas, porém, entre elas o fato de que significativa parte dos que ingressam na universidade buscam poucas áreas em geral relativas ao comércio, administração, ensino, direito, saúde e engenharia. E, mesmo que o país não estivesse em recessão, não haveria vagas para tantos formandos, principalmente, tendo em vista que com a multiplicação das instituições privadas, ao lado da maior oferta das bolsas do Prouni e do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), de 2000 a 2014, a quantidade de instituições de nível superior cresceu exponencialmente. Resultado: um aumento substancial de novos formandos, pois, de acordo com o Censo do Ensino Superior, em 2014, um milhão de pessoas saíram das salas de aula. Em 2004, eram apenas 630 mil.

Que fazer? Em primeiro lugar há de se realizar o combate a uma ideia elitista de que diploma seja sinal de status e dinheiro, que, hoje, é mais importante. Já se observa um deslocamento de pessoas que verificaram ser muito melhor e mais lucrativo, por exemplo, fazer cursos técnicos. É preciso desmistificar a ideia de que, obrigatoriamente, ter um diploma é a forma mais adequada para se melhorar de vida. Talvez isto seja mais fácil de se verificar, por exemplo, com o curso de administração que, em 2014, correspondia a 30% dos concluintes. Ora, é impossível acreditar que existiriam empresas suficientes para oferecer vagas para todos. É claro que muitos acabam em subempregos. Mas, o caminho das universidades deve ser o de oferecer outras alternativas com o de, no decorrer do curso, pregar para os alunos o empreendedorismo. Pessoas com nível superior possuem muito mais condições de criar novos negócios e se, muitas vezes, não o fazem é por não serem preparadas para este fim. Também a universidade precisa diversificar seus cursos, oferecer novas oportunidades fora das áreas tradicionais. Hoje é comprovado que o número total de graduados de muitos cursos é superior ao que o mercado pode suportar. É preciso que as instituições de nível superior inovem, porém, o próprio aluno pode começar a buscar alternativas identificando áreas de interesse que, nem sempre, passarão pela graduação. E, se houver, certeza da escolha, da identificação, não é difícil de lembrar do caso de Bill Gates que largou a escola para se transformar no mito em que se transformou. Diploma, agora, mais do nunca, não é tudo.