O
presidente Bolsonaro não é um homem que se possa dizer que seja refinado, nem
culto, nem que se destaque por manejar as palavras, enfim, por ser um sofista.
Muito ao contrário, o seu estilo seco e grosso é, por assim dizer, um traço de
sua personalidade. Seu traquejo na arte da diplomacia deve ser comparado à
fineza de um elefante numa casa de louças. Para se eleger, não há como negar, o
presidente foi extremamente competente, pois, só dependia dele e de quem estava
sob suas ordens. Governar é outra coisa. Exige sim, buscar formas de
cooperação, de consenso, até mesmo ceder, o que se considera razoável, em
certas horas. Bolsonaro é intransigente, age como se todos tivessem o seu senso
de dever, seus ideais, seus objetivos. Isto, é cristalino, não funciona muito
bem numa sociedade, como a brasileira, acostumada aos jeitinhos, aos
compadrios, aos acordos de gabinete. Isto não quer dizer que, em muitos
aspectos, ele não acerte até mesmo quando contraria seus próprios seguidores e
grande parte do povo brasileiro.
Agora
mesmo o presidente Jair Bolsonaro está
sendo duramente atacado quando tem razão. Ele disse, em entrevista à TV Record,
na noite de domingo, que a população
descobrirá em breve que foi enganada pelos governadores de Estados e pela
imprensa na crise causada pela pandemia do novo coronavírus e voltou a afirmar
que existe um exagero nas medidas de combate à Covid-19. Bolsonaro está coberto
de razão. A forma açodada, com o fechamento apressado dos estabelecimentos, com
o esvaziamento das cidades, com as restrições ao direito de ir e vir, com o
extermínio em massa de empresas e empregos é completamente irracional. A
explicação é simples: até, agora, quando escrevo, na noite do dia 23, a Itália,
que foi o país mais atingido, teve, com uma população de 60 milhões de pessoas,
6.077 mortos, ou seja, 0,01% da
população! No mundo todo, para 260.319 casos ativos, um total de 16.491 mortos,
uma letalidade de 6,3% dos que adquiriram o vírus. São muitas pessoas? São.
Mas, como ficará o mundo com uma recessão que ameaça ser muito pior que a de
2008? Quantas pessoas, hoje, apenas no Brasil estão sem condições de ganhar o
pão de cada dia? Na verdade, o desemprego, a falta de renda, a pobreza está se
alastrando mais rápido do que o vírus!!! É racional para uma taxa de letalidade
de 1% parar toda a atividade econômica? Quanto não irá se gastar com os
problemas mentais, o estresse, a desordem que virá de uma paralisação tão
brusca (e quase completa) de nossa economia? Thomas Friedman, um dos colunistas
mais influentes do mundo, afirma com razão que “Se essa for a taxa verdadeira,
paralisar o mundo todo com implicações financeiras e sociais é irracional. É como um elefante sendo atacado por
um gato doméstico. Frustrado e tentando fugir do gato, o elefante
acidentalmente pula do penhasco e morre”. São os pobres, os sem emprego, os sem
renda e os que ficarão desempregados que pagarão a conta. Fechar os negócios,
parar a economia pode ser a forma mais fácil de conter a transmissão do vírus,
mas, é o melhor caminho? Pode prejudicar muito mais a sobrevivência, o sustento
e a saúde das pessoas, com um custo muito maior de vidas do que se pensa. O
objetivo de salvar vidas e evitar o colapso do sistema de saúde é nobre, mas,
vale o custo de destruir nossa economia? E, para os que não me conhecem,
esclareço que estou no topo do grupo de risco: tenho mais de 70 anos e problemas
de respiração, mas, penso, que os neurônios ainda funcionam razoavelmente...
Nenhum comentário:
Postar um comentário