É
verdade que, desde Keynes, os progressos na economia tem sido feitos,
fundamentalmente, por agregação. São, de fato, por assim dizer, incrementais,
sem tocar nos grandes fundamentos do estado da arte. No entanto, não se pode
deixar também de acentuar que alguns novos desenvolvimentos são muito interessantes.
Não tanto sob o aspecto econométrico, que tem sido acentuado mais pelo
desenvolvimento da inteligência artificial, porém, do que denominamos de
economia comportamental, a união, quase heterodoxa da psicologia e da economia
que se consolidou, de forma inesperada, com, em 2002, o Prêmio Nobel de
Economia para o psicólogo Daniel Kahneman, que, por sua obra, e determinação,
fez mais do qualquer outro para criar o campo da economia comportamental. Mas,
o que é economia comportamental? Uma definição possível é a de que seja o campo
da economia que usa a psicologia com a finalidade de entender o comportamento e
os processos de decisão de consumo dos agentes econômicos.
Para
melhor esclarecer é preciso dizer que o comportamento é a forma como as pessoas
reagem aos estímulos internos ou externos. Todas as decisões que tomamos,
inclusive as econômicas, estão sujeitas à influência de fatores emocionais,
culturais, cognitivos e psicológicos. Na
economia tradicional o comportamento dos agentes econômicos, como empresas,
profissionais da área e o governo, possui o pressuposto da racionalidade,
enquanto que a economia comportamental cria um contraponto à isto, sugerindo,
ao acrescentar alguns fatores cognitivos e emocionais na tomada de decisões
econômicas, que elas não são tão racionais como se pensa. Embora, verdade seja
dita, esta vertente econômica se baseie no modelo tradicional
"neoclássico", ao introduzir à psicologia se demonstra que, por
exemplo, se trata de forma diferente a possibilidade de uma perda da possibilidade
de um ganho ou que a forma como se oferta um produto pode influir no seu consumo.
Nem todos concordam com isto, pois, por
exemplo, Nick Chater, psicólogo da Warwick Business School , é um crítico da
abordagem da economia comportamental por entender que "O cérebro é a coisa
mais racional do universo", embora complemente que "mas a maneira
como resolve problemas é ad hoc e muito local." Ou seja, na sua visão
formular leis gerais do comportamento humano pode não ser um caminho muito bom.
O que não impede que a Economia comportamental seja uma das ideias mais quentes,
inclusive em políticas públicas. Até o governo britânico usa a disciplina para
melhorar suas políticas públicas e mesmo a Casa Branca criou sua própria equipe
de insights comportamentais. De qualquer forma compreender a psique do
consumidor e a irracionalidade da tomada de decisão humana parece ter um caminho
promissor. E muitos governos, organizações e empresas estão utilizando seus
princípios para criar produtos ou
serviços vencedores, inclusive também como meio para testar no mercado novas
soluções.
Ilustração:
https://i.pinimg.com/.
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