Meus amigos, estava
escrito nas tábuas mais imemoriais que o Palmeiras chegaria na final da
Libertadores mesmo sendo um castigo para um time, como o River Plate, que, sem
dúvida, é o time mais consistente da América do Sul. Só isto explica que tenha
levado três gols dentro de casa e, fora, não tenha revertido o placar. Havia
uma predestinação implacável sobre uma equipe que jogou para honrar o bom
futebol buscando o gol sempre. E, na única vez que deu oportunidade, teve o
azar de tudo dar errado. O técnico do Palmeiras, que parece repetir a sorte de
Jorge Jesus, a sorte dos técnicos portugueses, não teve a coragem de um Diniz
de mandar o time para cima para fazer 4 ou 5 no primeiro jogo. O resultado é
que pagou com um imenso sofrimento, no
segundo jogo, onde o River Plate foi absoluto. Comandou o jogo mesmo quando
tinha um a menos como se estivesse passeando em campo. E o Palmeiras teve a
sorte de, o que tem sido raro, em três oportunidades o VAR decidir com uma
precisão impecável. Na anulação do gol, sinceramente, só mesmo a revisão de
imagem poderia pegar o impedimento que houve. Qualquer juiz, por melhor que
fosse, poderia comer mosca sem nenhum constrangimento. O certo é que o time de
Gallardo mostrou que faz o que se espera que um grande time faça: tenha
personalidade, jogue para frente, desejando ganhar, com gana e vontade. A rigor
o River Plate perdeu duas Libertadores por puro azar. A que perdeu para o
Flamengo, onde também dominou amplamente, porém, foi castigado por dois
lampejos de talento do time rubro-negro e a eliminação de ontem, sem a menor
dúvida, uma grande injustiça com um time que, perdendo ou ganhando, demonstra
ter força, ter um jogo coletivo, ser um grande time. É verdade que isto não
acontece por acaso Que Marcelo Gallardo é um grande técnico é uma realidade,
mas, deve-se levar em conta que comanda o River Plate faz muito tempo. Mesmo
perdendo jogadores, como acontece com todos os grandes times sul-americanos,
tem tido como remontar sua equipe e criou um estilo de jogo consistente e
agressivo. Em nenhum momento, nos dois jogos, o time perdeu seu foco, deixou de
jogar, de propor jogo, de procurar o gol. Aqui o nosso reconhecimento à
qualidade incontestável do River Plate, mas, também a um outro grande técnico
português: Jesualdo Ferreira, que disse, com toda razão, que, no Brasil, os
técnicos não preparam equipes. Eles precisam entregar resultados antes de ter
tempo para criar um time. Nós, por esta
razão, não temos, no cenário brasileiro, um grande time, que jogue
coletivamente. Aliás, técnicos, como um Lisca, como um Mancini, como um Guto
Ferreira, Diniz, Tiago Nunes, e até mesmo Rogèrio Ceni são muito capazes, no
entanto, precisam de tempo para trabalhar. E tempo é o que não se dá para que
montem uma equipe. Fez muito bem o Abel quando foi abraçar Gallardo. Tirou o
chapéu para um técnico competente que teve tempo para montar um grande time. E
é impossível, para quem entende e gosta de futebol, não gostar de ver o River
Plate jogar. Que possamos nos espelhar no seu exemplo e poder ver, como tivemos
oportunidade de ver, um grande time jogando. É preciso mudar o comportamento
das direções dos times brasileiros e dar tempo aos técnicos de montar equipes.
Perder ou ganhar é uma questão de acaso. Criar um grande time, como o River
Plate, é uma decisão de rumo e de planejamento.
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