Os tempos atuais são tempos muito difíceis em razão de que a verdade e
o bom senso estão sendo jogados na lata de lixo sem o menor escrúpulo. É evidente
que há dois bandos de alucinados disputando espaço na mídia com a única (e
incoerente) ambição de tentar convencer os outros de qualquer forma de sua
verdade. São, mais ou menos, como os crentes que insistem em querer fazer os
agnósticos serem salvos pela força de sua insistência, rezas e discursos
repetidos. O grande problema, de todas as coisas deste tipo, é que, apesar do
baixo nível de educação, as pessoas costumam fazer o que lhes dá na cabeça e
seguir os líderes que queiram. Seja alguém preparado, ou não; com capacidade,
ou não, de resolver os problemas; com propensão, ou não, para estadista;
falastrão, ou não. A questão é que, contra os quereres de uma parte do que se
pensa a inteligência nacional, o povo embicou para o outro lado. E para tentar
mudar o rumo da disparada parece que estão usando de tudo que é possível.
Acontece que a manipulação só se torna possível quando tem traços de realidade.
Os exemplos são claros, e não me proponho a participar desta disputa
tresloucada de versões, porém, é indiscutível que a mídia e as pesquisas, por exemplo,
estão muito longe de exercer o seu papel que seria de refletir e analisar a
realidade. A mídia é um caso muito mais complexo por sua composição
multidiferenciada, mas, no seu todo, somente tem tido um papel vergonhoso de
difundir a versão que lhe interessa de todos os fatos. A atenção dada a fatos
irrelevantes, mas, espetaculares, sob o ponto de vista de tentar reforçar seus
interesses, tem nos proporcionado a elevação de personagens de terceira ou quarta
classe ao centro do palco quando nem mereciam estar sob as luzes. São escolhas
que tornam a grande imprensa, principalmente, cada vez mais irrelevante na
medida em que se dissocia da realidade e dos interesses de seus leitores. Há um
enorme negacionismo em quem acusa os outros de negacionista, pois, insistem, em
negar a realidade dos fatos. Basta ver, nos exemplos recentes de pesquisas de
opinião, que se deixou de lado as pesquisas, no sentido de buscar,
efetivamente, a opinião pública para uma versão socialmente nefasta de escolher
amostras seletivamente, de modo que não se procura mais verificar o que o
público pensa, mas, determinar sua opinião. Ou seja, deixaram de ser pesquisas
para serem ferramentas de tentativas de formar a opinião pública. O filósofo
Habermas já dizia que “Não pode haver intelectuais se não há leitores”. Agora,
se pretende fazer eleição sem eleitores e líderes sem votos contra uma população
que deseja comércio aberto, renda, empregos e liberdade. E, mais do que isto,
aprendeu que ao povoar as ruas faz diferença. É um experimento de manipulação
que não tem como dar certo.
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