O atraso sempre foi uma
característica brasileira. E, convenhamos, não há nada demais em ser atrasado,
quando sempre se foi assim. A questão, agora, talvez seja, que, com as mudanças
do mundo, os atrasados se vestiram de progressistas e desejam que todo mundo
pense igual a eles. Aliás, nem é pensar que não pensam, mas, sim que todos pensem
igual a eles, que não pensam. Estou
quase mudando de opinião sobre a frase de efeito, muito boa e impactante por
sinal, de Humberto Eco que escreveu “As redes sociais deram voz a uma multidão
de imbecis”. No meu modo de entender isto jamais foi uma verdade. O que as
redes sociais fazem é difundir a mediocridade, o que não é nada demais. Afinal
é o resultado médio da sociedade. É, para o bem ou para o mal, o retrato
momentâneo da educação e do nível do povo. Claro que macaco não olha para o
rabo e, por isto, há uma disputa enorme por pregar no outro lado o que faz
parte de ambos os lados: a intolerância, os fake news, a necessidade de culpar
o outro e ganhar a discussão. Daí os tempos obscuros que vivemos: o tempo que
deveria ser gasto em melhorar, em buscar conhecimentos, em aprender se escoa em
discussões inúteis onde se procura vencer o outros com os argumentos notáveis
do copia e cola. Até na discussão o pensamento é colonizado. Há, no momento,
uma polarização do século passado, um comportamento do século passado que se
encontra em voga como se não houvessem passados décadas da queda do Muro de
Berlim. Embora ninguém saiba mais ao certo o que é esquerda ou direita. Só Caetano Veloso é capaz de
explicar, mas, dizendo que a esquerda é uma utopia que, na realidade, sempre
foi catastrófica, mesmo assim nos exigem que voltemos ao passado e escolhamos
um lado. Obrigatoriamente desejam que nos aliemos a um lado. Os notáveis não
pensadores modernos não nos permitem viver sem ser engajados. Como se a vida
não fosse muito mais que a política que, aliás, imemorialmente, sempre foi um
lado ruim, podre mesmo da vida. Por que tenho de ter posições políticas? Quem
me obriga a isto? Nasci num país onde o estado continua a ser pesado, uma cruz
difícil de carregar, um fardo para o cidadão. Já tive lados e, na minha idade,
aprendi, a duras penas, que se ganha- se querem usar o passado- a máquina do
governo com a esquerda, porém, se governa com a direita. Foi assim com o
burguês Lula da Silva, o operário dos ternos, vinhos e charutos de elite, está
sendo assim com o impensável Bolsonaro, será assim com qualquer outro que vier.
E, pior ainda, se pegarmos o rumo da Argentina. É risível que os progressistas
brasileiros, os que se dizem progressistas, defendam mais governo, critiquem
privatização, defendam o descalabro das contas públicas, aplaudam a bagunça das
regras, como se desenvolvimento não fosse mais respeito as normas. Como se
democracia não fosse respeitar a opinião dos outros. É o atraso, vestido de
progresso, que, por exemplo, critica Juliana Paes por ter opinião e não
embarcar, cegamente, como fazem muitos, na base de Maria vai com as outras, em
que é indispensável criticar o governo por não ser de esquerda. Todo governo é
de direita. Progresso é procurar formas de impedir que os governos interfiram
tanto nas nossas vidas. O grande atraso da esquerda brasileira é que continua
no século passado, apesar de usar mídias sociais, computadores e celulares. Perdeu
o bonde do tempo se apropriando de tudo que era possível até dos panelaços, que
viraram sons de panelinhas. Bolsonaro, apesar deles, pelo menos, aponta para a futuro,
para a direção certa, precisamos é de
mais liberdade, empreendedorismo e educação.
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