Sinceramente sempre tive uma grande atração pelo jornalismo. Aliás, para dizer a verdade começou mesmo pelo rádio com “Jerônimo, o Rei do Sertão” (sei que nem é coisa da qual se fale, pois, já tem mais de cinco anos!). Era pura ficção assim como “O Balança, mas não cai” era comédia. Gostava muito de futebol e futebol, naqueles tempos de Fortaleza, era Paulino Rocha e Gomes Farias (olha o museu). Porém, fui mesmo saber o que era bom jornalismo, fora das páginas de “O Povo” e do “Correio do Ceará”, com os comentários diários de Blanchard Girão na rádio Dragão do Mar. A vida era mansa e as tragédias eram quase desconhecidas. Um morto, uma morte, era um acontecimento que ocupava manchetes só na página de polícia. Hoje, a morte, a tragédia, o seqüestro, o crime ocupa todos os espaços. Por tal razão não choca, não diz nada.
Como no texto de “Uma Autobiografia Imaginária” de Sérgio Sant’anna "No princípio, costuma-se contar rigorosamente os mortos, até que as estatísticas percam toda a sua importância. Um só morto é muito mais chocante e solene que um milhão de mortos.Um milhão de mortos tornam as pessoas habituadas à tragédia. Como nas grandes guerras, com bombardeios pesados e armas atômicas. E quando lançarem a bomba final e apocalíptica que aniquilará a todos, isso não será nem mesmo uma tragédia, porque não haverá nenhuma consciência a refletir o desastre. Será apenas o silêncio e o fim simultâneo de todos, como todos terminam isoladamente, por chegar ao fim. Por encontrar sua própria e exclusiva bomba." A bomba de hoje, que é coletiva, é o descalabro do mundo que se reflete no descalabro da imprensa. É o que sinto em relação ao caso Èloa. Não se tratou de fazer jornalismo. Sim de criar sensacionalismo. E o sensacionalismo não causa reflexão nem busca de soluções. Serve apenas aos poderosos que aplicam a solução que lhes agrada. A democracia não cresce, em eleições como às agora realizada, na qual o senso comum é ofuscada pelo marketing, a racionalidade cede diante do uso (e abuso) do clientelismo e do dinheiro.
Escrevo, evidente, tentando ser a favor do jornalismo. Tentando ir além da imagem, além do senso comum, que é a marca do bom jornalismo. Ir contra esta catarse que faz milhares se comportarem como uma manada indo a um enterro de uma jovem como forma de fuga dos problemas, por pura provocação do sensacionalismo. Dizem que jornalista é um médico frustrado e cruel: mata a informação deixando os zumbis como prova de seu crime. O médico, pelo menos, acaba com a existência. Infelizmente, este jornalismo inodoro, amorfo, que não analisa, que não disseca a notícia, que só entretém os bois, está longe de ser bom jornalismo. A técnica avançou enquanto o cérebro, o conhecimento, a cultura diminuiu. Com ou sem diploma é uma lástima.
Como no texto de “Uma Autobiografia Imaginária” de Sérgio Sant’anna "No princípio, costuma-se contar rigorosamente os mortos, até que as estatísticas percam toda a sua importância. Um só morto é muito mais chocante e solene que um milhão de mortos.Um milhão de mortos tornam as pessoas habituadas à tragédia. Como nas grandes guerras, com bombardeios pesados e armas atômicas. E quando lançarem a bomba final e apocalíptica que aniquilará a todos, isso não será nem mesmo uma tragédia, porque não haverá nenhuma consciência a refletir o desastre. Será apenas o silêncio e o fim simultâneo de todos, como todos terminam isoladamente, por chegar ao fim. Por encontrar sua própria e exclusiva bomba." A bomba de hoje, que é coletiva, é o descalabro do mundo que se reflete no descalabro da imprensa. É o que sinto em relação ao caso Èloa. Não se tratou de fazer jornalismo. Sim de criar sensacionalismo. E o sensacionalismo não causa reflexão nem busca de soluções. Serve apenas aos poderosos que aplicam a solução que lhes agrada. A democracia não cresce, em eleições como às agora realizada, na qual o senso comum é ofuscada pelo marketing, a racionalidade cede diante do uso (e abuso) do clientelismo e do dinheiro.
Escrevo, evidente, tentando ser a favor do jornalismo. Tentando ir além da imagem, além do senso comum, que é a marca do bom jornalismo. Ir contra esta catarse que faz milhares se comportarem como uma manada indo a um enterro de uma jovem como forma de fuga dos problemas, por pura provocação do sensacionalismo. Dizem que jornalista é um médico frustrado e cruel: mata a informação deixando os zumbis como prova de seu crime. O médico, pelo menos, acaba com a existência. Infelizmente, este jornalismo inodoro, amorfo, que não analisa, que não disseca a notícia, que só entretém os bois, está longe de ser bom jornalismo. A técnica avançou enquanto o cérebro, o conhecimento, a cultura diminuiu. Com ou sem diploma é uma lástima.
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