O professor, hoje Mestre,
Maurílio Galvão, é um amigo de longa data que tem muitos serviços prestados à
Rondônia, embora as pessoas lembrem mais do tempo em que foi administrador de
Ariquemes, ou melhor, prefeito mesmo, quando implantou uma parte do que, agora,
já se tornou uma cidade de porte médio, se faz preciso salientar sua importante
participação, não somente na implantação da base do Estado de Rondônia, bem como
por ter sido um dos professores que iniciou a Fundação
Universidade de Rondônia-UNIR. Aliás, antes da nossa universidade, porque
Maurílio ensinou no CESUR, núcleo que deu origem a ela. A família Galvão tem
seu passado, pelo que, até então, sabia, ao Distrito Federal. De lá veio o
próprio Maurilio e morava sua mãe, que por lá viveu até os cem anos e faleceu
recentemente. Para minha surpresa Maurilio me oferta um livro de outro membro
da família, Marlene Galvão, que li, sofregamente, para descobrir que as raízes
familiares dos Galvão estão fincadas também em Tocantins.
A obra de Marlene “Os
sonhos de Eliodora”, editado pela Ícone Gráfica e Editora, apesar da forma
simples e direta em que foi escrita é um excelente testemunho, de vez que,
mesmo utilizando nomes ficcionais, se percebe ( e a autora confirma) que se
trata de uma recuperação da história familiar com um adendo saboroso que
enriquece sobremaneira o livro: o registro da cultura e do linguajar de
Tocantins, em especial das cidades de Taguatinga e Ponte Alta do Bom Jesus. Marlene
Galvão consegue o feito de transformar o cotidiano de um povo, e suas
lembranças do passado, numa história saborosa de ler que, além de nos brindar
com o sotaque da região, nos faz percorrer as crenças, as premonições, os sonhos, as festas e mitos que
somente se perpetuam pela manutenção de padrões de comportamentos que formam o
que denominamos de raízes culturais. Neste sentido, para muitos que viveram
nesta região, o livro tem o sabor extra de uma recordação de bons tempos, de
festas que, pelas mudanças, dificilmente irão resistir, daí que também o livro
contribui para a manutenção da cultura tocantinense.
Certamente quem tiver
um pezinho no sertão, e quase todos nós brasileiros temos, ao ler o livro de
Marlene Galvão irá se identificar com a vida simples, com os cantos de galos,
fatos, comidas e, para quem vive em regiões onde é uma tradição, reviver o “manto
vermelho sagrado com a pomba branca retratando o Divino Espirito Santo”, que, para
quem conhece, é uma festa inesquecível na qual os romeiros entoavam seus cantos
misturando a fé com a folia num momento que une reflexão, alegria e crença. Sem
dúvida, o livro de Marlene Galvão pode até não fazer um grande sucesso, por sua
própria opção regional e de ser uma memória de uma história de família, porém,
é uma leitura fácil, gostosa e que, ao fim, nos deixa com um desejo de quero
mais e a sensação de que, muitas outras pessoas, deveriam fazer o que ela fez
tão bem: registrar a história de uma época no seu cotidiano. Assim, com
méritos, escreve ficção e história dando sua contribuição à cultura de nossa
região.
Nenhum comentário:
Postar um comentário