O Brasil, apesar de ter
avançado em muitos pontos, passa por uma crise sem precedentes na sua história.
As suas elites atuais (inclusive as que dizem ou mesmo até pensam que não são
elites) se mostram incapazes de criar um projeto viável para o País. O que se
lê (ou vê e ouve) no noticiário reflete a pobreza das expectativas e da mais
completa falta de visão futura: são manchetes de crimes, a discussão tediosa e
inútil sobre os mensaleiros ou a falsa polêmica criada em torno de um cartel do
passado, talvez, gerada para distrair dos crimes presentes. Tudo uma fuga da
realidade, da necessidade que o país impõe de mudar, de se atualizar, de cuidar
de ter desenvolvimento e competitividade, o único caminho possível para um
futuro melhor.
Vivemos tempos
desinteressantes. Há uma evidente ruptura entre a sociedade e as instituições
com os principais personagens no palco dando espetáculos solos de falta de
visão e de que consigam compreender um mínimo dos tempos em que se vive. Os
partidos políticos são o reflexo da falência do sistema apresentando todos os mesmos,
e esfarrapados, discursos de que “ouvem as ruas” quando somente procuram, da
mesma velha maneira, manter ou alargar o poder. Cessado o susto, iniciado em
junho com os movimentos nas ruas, o que se vê é que tudo está se passando como
se nada houvesse acontecido. Apenas os perdedores, governos, políticos,
partidos, fingiram fazer algum tipo de esforço para minimizar os estragos com
os olhos postos na próxima eleição.
A minirreforma (não
riam, por favor) eleitoral transformou-se em minúscula. Um esparadrapo no
buraco por onde jorra a lama do poder econômico que a tudo corrompe sem ser,
nem por um segundo, perturbada. Não houve, rigorosamente, nenhuma proposta
séria de mudança. Nenhum político tomou qualquer atitude ou propôs alguma
medida que possa ser considerada um sinal de que há a determinação da mudança,
o desejo da mudança. Os problemas brasileiros prosseguem sendo empurrados com a
barriga. As receitas, as velhas e gastas receitas, são as mesmas. Vamos ter
mais do mesmo em 2014. O problema é que o vácuo, hoje os cientistas constatam,
não é um vazio. E o otimismo de certas análises tem uma alegria falsa do Baile
da Ilha Fiscal. Parece que até mesmo o cálculo político está impregnado da
noção de que é possível continuar tudo sempre da forma que está. E a inação
nunca foi o caminho das mudanças. E do vácuo,
infelizmente, alguma coisa se cria mesmo quando não há quem dê uma direção ao
que vai nascer. Estamos, pois, à deriva, esperando que, por milagre, o melhor
aconteça.
Um comentário:
Gostei do blog. Vejam o vídeo de Aline da Cidade das Pirâmides sobre o Karma. http://www.youtube.com/watch?v=adiM-pm2sGA&feature=share&list=UUBvY_tI9xN0wVbBqJMxSr6g Abraços.st 2861
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