Há entre os economistas,
que se dedicam a analisar o País, quase um consenso de que falta coerência à
política econômica atual que oscila entre esforços para criar uma taxa mais
alta de crescimento e o combate à inflação, que, pelos aumentos sucessivos da
taxa Selic, ultimamente vem ganhando. Aliás, uma vitória de Pirro, na medida em
que fará com que, este ano, o Produto Interno Bruto-PIB, tudo que se fabrica no
País (bens & serviços) durante o ano, tenha um crescimento abaixo do
esperado, que já foi 4% nas contas governamentais, e, hoje, na estimativa do
mercado, se crescer muito, poderá, no máximo, chegar aos 2,5%. Com certeza, o amortecimento
da economia, no final de 2011, com reflexos até agora, adveio de um excessivo
rigor na aplicação de taxas de juros mais elevadas que, tem como efeito colateral,
o aumento da dívida pública e do endividamento de empresas e famílias. O que ainda mantém o
otimismo moderado do mercado é o fato de que o ritmo da queda do emprego esteja
sendo menor do que o da produção. É preciso lembrar, aqui, que, em 2010, ainda
com Lula, foram criadas 2,136 milhões de vagas com carteira assinada, um
recorde. Em 2011, quando a presidente assumiu o comando, a oferta caiu cerca de
27%, para 1,566 milhão de postos. Como resultado dos erros de 2011, em 2012,
com a atividade econômica perdendo mais fôlego ainda, a abertura de vagas
desacelerou, sendo abertas 1,3 milhão de empregos formais. As previsões mais
otimistas acreditam que este resultado se repetiria no final de 2013. Apesar de
menor, a geração de emprego ainda pode ser considerada boa, capaz de segurar a
taxa de desemprego em níveis baixos, porém, a dúvida dos economistas é até
quando. Um sintoma foi o baixo crescimento da demanda por empregos temporários
neste final de ano e a perspectiva de que o percentual dos que ficarão
empregados, que sempre esteve na faixa dos 20%, deve ser reduzido para um
patamar entre 12 a 15%. A maior parte dos empresários, apoiados por análises de
seus auxiliares, afirmam que, se os custos diretos e indiretos associados ao
emprego formal não forem atacados, é grande a possibilidade da presidente Dilma
Rousseff terminar o seu governo com o mercado de trabalho com um desempenho
francamente ruim. O que vai determinar isto serão os próximos meses, pois, se a
economia se recuperar, são maiores as chances do mercado de trabalho continuar
dinâmico. Caso contrário, a tendência do emprego será a de continuar a
despencar.
O que se verifica é que
o Brasil corre riscos, nos próximos anos, de ter um desempenho mais fraco no
mercado de trabalho, com efeitos fortes sobre o emprego e renda, se a economia
continuar, como está patinando e, sem uma recuperação mais robusta. Os sinais
de exaustão do modelo baseado no consumo e no crédito ficaram mais evidentes,
neste segundo semestre, sem que o governo consiga dar uma resposta adequada à
dificuldade de recuperação da economia. Se, no começo do próximo, persistirem os
mesmos resultados, as perspectivas para 2014/2015 tendem a apontar para o
agravamento do quadro, com a continuidade de níveis de crescimento medíocres e
uma maior queda na geração de empregos.
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