Bem, não há dúvida que
o fatiamento da vida em caixinhas é uma forma dos homens entenderem sua
complexidade. A vida, a realidade, se é que existe fora da percepção de cada
um, é una, interligada, com suas partes indissolúveis. Em outras palavras: tudo
nos afeta. A questão real é até onde a desastrosa derrota de 7x1 da seleção
brasileira interfere nas eleições. Ou seja, se interfere significativamente. Ao meu ver, e não há nesta observação nada
científico, de vez que, cientificamente, não há correlações demonstráveis nem
positivas nem negativas, a calamitosa derrota influi sim, no curto prazo, mas,
muito pouco, até as eleições. É claro que a
derrota acachapante do futebol brasileiro se reflete no imaginário popular como
mais um fator que acentua o mal estar do povo brasileiro no momento. Porém, seu
efeito deve se diluir também no curto prazo.
É provável, quase
certo, que haverá um impacto imediato nas pesquisas sobre a imagem da candidata
do governo. Dilma deve voltar a cair, talvez até um pouco mais do que levemente
subiu com o bom humor que a seleção ao vencer inflou no País. Aliás, a
tendência de queda que se sentia na sua candidatura deve continuar. A Copa do
Mundo, como é praxe, paralisa, em grande parte, as atividades do País e, mesmo
as convenções, a política, se resumiu ao essencial e, agora, deve ser retomada
com mais intensidade. E, como é natural, a rotina também. E não se pode
esconder que na rotina do brasileiro, desde o ano passado, dos famosos
movimentos de rua de junho, produz um olhar para o cenário com uma perspectiva
muito negativa, o que, é lógico, não favorece o governo. Favorece, isto sim, à
mudança. Este é um fenômeno que ultrapassa o futebol e foi por ele, digamos
assim, amortecido, mas, deve retornar com força total. Porém, não tem a haver
com futebol. Tem muito a haver com o fato de que o brasileiro possui uma carga
muito pesada de impostos e não os vê revestidos em serviços públicos de
qualidade. Não é o resultado do futebol que altera isto, daí, que a campanha
eleitoral não irá passar pelo mau resultado da seleção. Deve passar,
obrigatoriamente, pelas estratégias eleitorais de cada candidato. De qualquer
forma será um pleito difícil e irá girar sobre as mudanças que a população
deseja. Logo, a influência da Copa do
Mundo na hora do voto, a meu ver, será muito pequena. Até porque políticos
jogam em outro campo. E quem deseja ganhar deve encarnar os desejos de mudança
da população.
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