A verdade, se ela existe, é a de que a copa das copas sempre será a próxima. Uma copa no Brasil, como não poderia deixar de ser, é mesmo a copa das surpresas, do inesperado, da improvisação. Ainda mais que, hoje, se trata de um excelente negócio internacional. Basta ver a abertura: feita por estrangeiros para estrangeiros onde só Claúdia Leite apareceu, e bem, de penetra. A copa é do Brasil, porém, está muito longe de ser a copa dos brasileiros. Basta ver que os mexicanos, em Fortaleza, estavam em casa contra o próprio Brasil! E que dizer de argentinos, colombianos, chilenos? Todos se sentem à vontade, enquanto que, para os brasileiros, esta é a mais estranha, distante e dispersa copa que já tiveram. Não me lembro de uma copa onde houvesse tanto distanciamento, tanto alheamento ou até mesmo torcida contra como esta. E não são apenas os protestos. O brasileiro comum ou não confia ou não se sente representado por uma seleção que está sendo lhe apresentada da hora do jogo. Se até jornalista confunde o Felipão com um sósia! Imagine o cidadão comum saber quem é Luiz Felipe ou William que possuem rostos comuns!
A Copa, aliás, tem sido uma festa bonita, e torço para que continue assim, apesar da loucura de alguns, não digo nem protestos, mas, badernas mesmo. Nenhuma pessoa de responsabilidade e de bom senso, nos tempos atuais, irá enfrentar o imenso aparato repressivo que está montado apenas para criar problemas para um torneio que, os que gostam de futebol, e grande parte dos brasileiros, só têm a ganhar com o seu sucesso. Copa sim. Quem não gosta do governo não dá para esperar e dizer não a ele na eleição? Bom, mas, isto transcende a estas parcas linhas. O que pretendo mesmo é dizer que tudo está dentro da normalidade, com a improvisação de sempre, estádios prontos de última hora, passarelas balançando, como seria de se esperar, alguns atrasos normais em aeroportos, algumas fraudes, mais que normais em pacotes, passagens e entradas, e a alegria dos encontros, da festa, do futebol e da vida que escorre pelos estádios, restaurantes, bares, hotéis e ruas. E gols, muitos gols, o que é melhor ainda.
A Copa está sendo surpreendente também nos gramados. Uma chuva de gols tem escondido o futebol ruim que se tem jogado. Se bem ainda seja melhor que o da copa passada. Somente a Alemanha, Chile e Costa Rica, até agora, parecem times em que os jogadores não foram apresentados na última hora. É certo que a Holanda e a França aplicaram chocolates fantásticos na Espanha e em Portugal, coisa normalmente difícil de acontecer, em boas partidas. Porém, é preciso acentuar que, inclusive por erros próprios estes times, perderam a estabilidade emocional durante a partida e, quando isto acontece, o vareio passa a ser normal. O mesmo aconteceu, por exemplo, com a Suíça, outro chocolate que a França aplicou. No entanto, as falhas na defesa, as mãos de pano de goleiros e na reposição das bolas explica muito do que houve. Se não fossem os erros, e em demasia, não sairiam, certamente, tantos gols. Se um time, mesmo regular, não erra muito, complica mesmo para os melhores times. Foi o caso da Austrália, um time de qualidade similar a de Portugal, mas, sem um Cristiano Ronaldo, por exemplo, que quase complica a Holanda no segundo jogo. Alguns jogos foram emocionantes. Cito, entre os que assisti, o jogo que tinha contornos de jogo da morte, entre Chile e Espanha ou o Uruguai e Inglaterra, em que os jogadores colocaram a alma nas pontas das chuteiras.
Nesta segunda rodada ainda incompleta já se delineam algumas certezas e um quadro que favorece alguns times. Certamente, salvo se houver um contratempo inesperado, por exemplo, Argentina, Alemanha e França tendem a estar nas quartas, dado os cruzamentos. A tendência é que um ou talvez outros dois saiam de Brasil, Holanda e Chile. Costa Rica ou México podem ser as surpresas. Há as incógnitas de Colômbia, que mesmo avançando sem problemas, não tem jogado bem e do Uruguai, que depois de tropeçar, se rearrumou em cima da Espanha. Mas, enfrenta a Itália, ou seja, um dos dois ex-campeões mundiais terá que, obrigatoriamente, ser companheiro de eliminação nesta fase de Espanha e Inglaterra. Ainda teremos muitas jogadas bonitas, gols inesquecíveis, emoções. Esta Copa, no entanto, não tem, até agora, um time que se possa dizer que está enchendo os olhos mesmo com a enxurrada de gols. Em compensação muitos jogadores tem feito a festa da torcida. Benzema, Luis Suárez, Van Persen e Robben se sobressaem pelos gols que fizeram, mas, há uma pá de grandes jogadores que, pela quantidade, faremos injustiça em tentar citar. Também muitos que estão devendo, inclusive grande parte dos jogadores brasileiros. A esperança é que terão ainda tempo para se redimir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário