Nos
últimos tempos tem sido uma discussão recorrente a questão da sobrevivência da
imprensa impressa, com maior evidência para o desaparecimento de jornais e
revistas tradicionais do Brasil e do mundo inteiro. Uma coisa, porém, é a
discussão, em tese, de uma brutal realidade. Outra é deparar, como deparamos,
com a primeira página do centenário jornal “Alto Madeira”, uma testemunha ocular
da história de Rondônia, onde, na edição de 21 de setembro, quinta-feira,
anuncia em comunicado direto, que, o jornal Alto Madeira, depois de cem anos de
circulação, irá em 01 de outubro de 2017, circular com a sua edição de nº 2837,
pela última vez na forma impressa. E deixa claro que por falta de sustentação
econômica, pois, conforme afirma “reconhecimento e admiração sempre obtivemos
de todos”.
Na
verdade, estamos todos de luto com o fim de um ciclo da imprensa de Rondônia. É
verdade também que se trata de um fenômeno mundial, pois, recentemente, se
lamentava em Portugal o fechamento de um grande grupo da imprensa de lá e,
aqui, foram, pelo menos, oito grandes, e antigos jornais, brasileiros, que
deixaram de circular. Alguns, como o Jornal do Brasil e o Jornal do Comércio do
Rio de Janeiro, verdadeiros baluartes da imprensa nacional. O fechamento do Alto
Madeira, porém, para Rondônia, é muito mais sentido. De uma forma ou de outra,
o AM sempre teve um papel fundamental não somente na nossa política, como na
nossa cultura. Foi não apenas o berço dos grandes jornalistas e intelectuais do
estado, como esteve, permanentemente, aberto para as novas ideias, para a arte,
para a cultura, para os que desejassem divergir. Um espaço democrático e,
notadamente, regional. Impossível ter sido importante e não ter aparecido nas
páginas do jornal que documentou por cem anos a nossa história.
É
lamentável ainda mais porque a nossa imprensa fica, cada vez mais pobre. Dos
jornais que foram importantes no século passado resta apenas, solitário, o mais
novo, o Diário da Amazônia. Num espaço de meio século desapareceram grandes
títulos, como A Tribuna, o Guaporé, O Estadão do Norte, Diário do Povo, a Folha
de Rondônia e, agora, o a maior de todos eles, a grande árvore de nossa
floresta, o Alto Madeira, que, parecia capaz de resistir aos tempos. Termina,
por incrível que pareça, depois de ter passado as maiores tormentas, mas,
deixa, sem dúvida, um grande legado. O Alto Madeira será sempre um orgulho para
todos nós, de Rondônia, que amamos esta terra. Deixa de circular, mas, não de
ocupar um lugar memorável na história de nossa imprensa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário