O ensino brasileiro,
todos sabem, passa a muito tempo por uma crise. Embora o número de vagas nos
cursos públicos tenha aumentado isto, sem dúvida, se fez em detrimento da qualidade.
E, nós, professores, constatamos que, a cada ano, recebemos turmas com uma menor
quantidade de alunos e com problemas de entendimento que, por mais que se
queira negar, provém do fato de que foram afrouxados os sistemas de avaliação e
de entrada no ensino superior. A crise, no entanto, ultrapassa isto e se
desenvolve em cima de que enquanto as universidades ficam, cada vez mais,
burocráticas, o mundo se torna mais flexível, fragmentado, digital e
especializado. Mais: na medida em que o diploma não é mais garantia de melhoria
econômica e de emprego o ensino superior perde atrativo. Inclusive, a evasão é
enorme porque os alunos de hoje, práticos e com as dificuldades econômicas,
fazem cálculos: gastam somente, por exemplo, para ir a Universidade de
Rondônia, 13 quilômetros na BR, no mínimo, se de ônibus, R$ 225, 00 por mês,
sem contar que lá terão que gastar com alimentos, o que é muito mais caro do
que a mensalidade de uma formação por EaD.
Esta é uma das razões-quase todas as federais são distantes-pela qual,
principalmente a partir da pandemia de Covid-19, o ensino à distância aumentou
enormemente e se tornou maior do que o presencial. E com a grande vantagem de
que é o ensino que se adapta ao aluno e não o contrário. As nossas
universidades estão paradas no tempo, sem aparato tecnológico e deveriam mudar,
inclusive a oferta de formações e disciplinas. Não há clima para isto por
conformismo e conforto. É preciso lembrar que, entre os direitos da Constituição
de 1988, ficou estabelecido que a educação, como um direito social, deve
assegurar a liberdade de iniciativa privada, desde que sejam respeitadas as
normas gerais e a qualidade do ensino público. Isto implica em que a educação,
um direito fundamental, deve ser acessível para todos e de qualidade,
independentemente de ser público ou privado, presencial ou à distância. Os
cursos de EaD possuem práticas presenciais, muitos deles mais do que exigido
legalmente, e qualidade. Além de que, para muitas localidades, são a única
forma de acesso a uma educação melhor. A
questão não é de ser presencial, ou não, mas de ter qualidade e é ao MEC que
cabe regular e avaliar a qualidade. E há muitos cursos de EaD cuja qualidade é
muito melhor do que muitos cursos presenciais. A questão é que seja qual for a
modalidade precisamos é de ensino de qualidade para todos e o aluno, ou
profissional, deve ter a liberdade de escolher a modalidade que quiser. É
preciso sim que o ensino mude, se adapte a uma nova realidade e se torne
flexível. Não há espaço mais para o ensino ter uma ótica só e ficar indiferente
ao que acontece na sociedade. Não precisamos de mais regras e sim de criar
formas do ensino ter a qualidade que deve ter e o ensino à distância é um meio
indispensável para a melhoria do ensino brasileiro.
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