Antes de passar algum tempo
fora de Porto Velho vi acontecer um fenômeno que identificava como local e,
tendo como motivo a falta de planejamento ou de logística, na medida em que,
por diversas vezes, numa conhecida padaria local procurava pão manual, no fim da tarde, e não havia. Ou, em
dois, ou três, supermercados procurava produtos light e não encontrava
praticamente nada do que desejava. Nem reclamando, nem pedindo para que se
abastecesse com uma maior quantidade, porém, consegui êxito em ser atendido.
Não sei se por acomodação, ou por repetidos erros nas suas estimativas de
demanda, foi necessário comprar o que desejava em outros estabelecimentos. Fora
do nosso Estado, no entanto, como emagreci dez quilos, precisei comprar umas
camisetas e, para meu espanto, o numero que precisei não existia e os tamanhos
existentes eram reduzidos mesmo em lojas de cadeia nacional. A explicação que
me deram foi de que eram importadas e, como na origem os tamanhos, que se
utilizam mais, são alguns médios vieram poucos no tamanho desejado. Houve a
oferta de me enviar, posteriormente, mas, no mínimo, duas semanas depois em
face do processo de importação ser demorado. A escassez de um item ou outro,
numa loja, pode ser indício de sucesso, entretanto, quando a procura, como em
janeiro, se reduz parece ser mais indício de uma estratégia errada. Quando,
todavia, isto acontece de uma forma geral denota, evidentemente, problemas
econômicos maiores.
Esta conclusão tem um reforço consistente na ata
da reunião de janeiro do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom)
na qual o BC apresenta um inventário dos dados econômicos que embasaram a sua
decisão de manter a taxa básica de juros, a
Selic, em 7,25% ao ano. Pode-se
ler na ata do Copom que a recuperação econômica brasileira está menos intensa
do que o previsto por “limitações no campo da oferta”. Para o Banco Central as
empresas brasileiras não estão sendo capazes de entregar o que os seus clientes
querem, na quantidade, preço e prazo que eles desejam. Uma leitura perfeita, no
meu entender. E corroborado pelo fato amplamente apontado por diversos
economistas de que existe uma sensível falta de investimento privado. Qual a
razão se, como apontam os indicadores, o consumo vem crescendo por causa do
aumento da renda dos brasileiros de classe mais baixa e pela abundância de crédito?
Ou seja, se as empresas aumentarem sua produção encontrarão público para suas
mercadorias, então, se o empresário deseja mais lucro qual o motivo para que
isto não aconteça? A resposta reside, sem duvida, na mesma razão pela qual
houve uma queda forte do setor industrial. Os elevados custos, em especial de
impostos, mão de obra e da burocracia, aliado a incerteza do ambiente
econômico, tornam mais atrativos para os investimentos nacionais se instalar no
estrangeiro. Resumindo a questão, temos a conclusão de que não vai adiantar o
governo incentivar o aumento do consumo se não modificar, fundamentalmente, as
condições para criar competitividade para a indústria nacional. Sem perspectiva
de futuro o espírito animal do empresário deve continuar adormecido em berço
esplêndido nas terras brasileiras e somente ser despertado para criar, no
exterior, os empregos qualificados que faltam por aqui. Não adianta enfeitar
estatísticas de emprego com contratação de mão de obra de baixa qualidade sem
crescimento dos índices de produtividade.
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