Hoje, que já ultrapassamos a
primeira década do século XXI, criou-se, cada vez maior consciência, de que
cidades que possuem universidades tendem a ter um diferencial significativo
para gera mão de obra qualificada e ambiente urbano favorável a diversidade
econômica e cultural que permite a proliferação e a acolhida de novas ideias.
É, como se costuma dizer, um local que tende a ser a estufa do que chamamos de
economia criativa, nome que se criou para as atividades econômicas que envolvem
as artes, publicidade, cinema, vídeos, moda e até a criação de software e
aplicativos para internet. Muitas cidades, no mundo atual, estão atraindo
investimentos e conseguindo se desenvolver graças ao aproveitamento deste tipo
de vantagem. O Rio de Janeiro, talvez, seja, no Brasil, o melhor exemplo, em
especial pela implantação de 7 parques tecnológicos, 20 centros de pesquisa e
22 incubadoras o que, pode não ser uma garantia de inovação, mas, não resta
dúvida, que, pelo princípio da quantidade, deve gerar frutos, principalmente,
se aliarmos a isto a atração que já exercem as belezas naturais e o ambiente
boêmio da cidade maravilhosa.
O Rio é o Rio. Mas, quem disse
que apenas o Rio pode ter uma economia criativa? Afinal, se olharmos em volta
veremos que Porto Velho, onde, fora a Fundação Universidade Federal
de Rondônia-UNIR e o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de
Rondônia-IFRO, proliferam mais de uma dezena de faculdades que, em geral,
possuem, no mínimo, cinco cursos (com a oferta de três cursos de Medicina), já
dispõe de um número extraordinário de mais de 15 mil alunos e, mesmo com suas
deficiências de infraestrutura, tem todo o potencial para basear na economia
criativa uma estratégia para o seu desenvolvimento futuro. Porto Velho, por
mais problemas que tenha, possui uma história de cosmopolitismo que lhe
habilita a ter o ambiente necessário para reter talentos, bem, até por sua
economia incipiente e sem excelência nos serviços, ser um campo fértil para
empreendedores e para o desenvolvimento de inovação. É, com um bom
planejamento, por vocação, uma cidade comercial e de serviços que tem tudo para
ser uma economia criativa.
E sempre surgem iniciativas de
empreendedorismo voltado para este campo que são bem sucedidas. Alguns já se
tornaram uma tradição como a Banda do Vai Quem Quer, o Arraial Flor do
Maracujá, um projeto como o da versão local do “Sempre um Papo”, os Stand Ups ou
o Festcine Amazônia que, em 2013, completou seu décimo primeiro ano de edição,
porém, iniciativas novas aparecem toda hora. Não faltam pessoas criativas na
capital do Estado de Rondônia, como comprovam as iniciativas do SESC, da
Fundação Iaripuna, com o Mercado Cultural sendo o centro
de um movimento que só não floresceu mais pela falta de apoio. No escuro da insensibilidade
pública muitos grupos de intelectuais jovens demonstram exuberância criativa
seja no vídeo, na pintura, na literatura, na música ou mesmo nas artes cênicas
ainda que nosso teatro continue a ser uma promessa em andamento. É bem verdade
que Porto Velho é até conhecida como a cidade do “Já teve” por ter tido, no
passado, muitas coisas melhores, mas, ainda temos muitos talentos desconhecidos
criando na escuridão.
O que nos falta? Infelizmente
são políticas públicas. Há muito discurso sobre o que se vai fazer...porém,
nossa economia criativa, que deveria ser a locomotiva do progresso, continua
estagnada num novelo de iniciativas que se acumulam sem gerar a riqueza de
oportunidades que deveria. Ainda falta a determinação de aproveitar o filão da economia
criativa que esta aí, pulsante, diamante bruto, a esperar que a vontade de um
governante iluminado faça seu nome criando beleza, bem estar, prazer e
progresso. Quem se habilita?
Ilustração: www.bahiamercantil.co
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