A situação econômica
brasileira, com todos os problemas que apresenta, de vez que em recente avaliação
da agência de classificação de risco, a Standard&Poor's diminuiu, de neutra
para negativa, a perspectiva de nota para a economia brasileira, é boa. Quando
falo em boa, na verdade, estou apenas minimizando alguns profetas que falam que
“o país está quebrado” que vem por aí uma crise violenta e outras previsões
mais nefastas ainda. Não é esta uma probabilidade provável, ainda que possível,
pois, tudo é possível, como também não dá para acreditar nas previsões
otimistas do ministro Mercadante, que, como membro do governo, vê tudo cor de
rosa, afirmando que o Brasil terá “um excelente segundo semestre”, graças ao
pacote de investimentos do governo federal com o leilão de extração da camada
pré-sal do Campo de Libra, a abertura de portos no Nordeste (depois da
aprovação da Medida Provisória dos Portos) e das novas concessões para
exploração da iniciativa privada de estradas, ferrovias e aeroportos.
Nem mesmo é crível
acreditar no que afirma sobre as contas públicas no Brasil
estarem sob controle. Se for correto, para efeito comparativo, citar que a
dívida do Brasil equivale a 35% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto em países
como Portugal, Estados Unidos e Japão, esta dívida chega a 125% do PIB, somente
o partidarismo pode justificar a inverdade de que “O Brasil desendividou o
Estado”, como disse Mercadante, quando, nunca antes neste país, se teve uma
dívida tão alta (só trocaram a externa pela interna) e, ao contrário dos países
citados, nós temos os juros mais altos do mundo e o superávit primário é
aplicado, fundamentalmente, na manutenção dos lucros de bancos e rentistas. Com
juros mais altos, com o endividamento também alto das famílias e o crédito mais
difícil, o inexplicável é que os empregos se mantenham altos, porém, o consumo
teria que estacionar como estacionou. Porém, mesmo assim, os números mostram
que estamos nos mantendo no mesmo patamar de consumo, às vezes, com uma injeçãozinha
governamental de recursos, um pouco mais, um pouco menos.
Na última semana, pela
terceira vez, o Boletim Focus, que aponta as previsões do mercado consultando
os especialistas financeiros, mostraram que a estimativa dos analistas do
mercado recuou de 2,93% para 2,77% em relação ao PIB de 2013 e, para 2014, a previsão de crescimento da economia
brasileira caiu de 3,50% para 3,40%. Talvez na semana que se inicia com os resultados ruins do primeiro semestre a estimativa seja menor ainda. Mas, nada que assuste. O pessimismo que ronda alguns setores da
indústria se justificam pela falta de medidas mais efetivas para que possam
competir com o setor externo e do comércio em razão de que esperavam um
crescimento maior que não acontece. Só a agropecuária navega em berço esplêndido
alicerçada na venda de soja para a China. A questão real não é o presente onde
nos manteremos como temos estado, mas, que não se criam condições para o futuro
e sem reformas, sem incentivo ao setor produtivo para novos investimentos
continuaremos a ter níveis de crescimento medíocres sem criar o futuro que
todos nós desejamos. O pessimismo ou otimismo exagerado sobre o presente é
apenas prelúdio da eleição do próximo ano.
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