Postaram,
no Facebook, no grupo Saudosismo Portovelhense, o primeiro ônibus de linha a
chegar em Guajará-Mirim, em 1967. Isto me levou a pensar como os ônibus
mudaram. E os usos e costumes desde quando, em meados da década de 70, aportei em
Porto Velho. Ainda se comia tartarugas no seu Amorim, na Pedro II. No fim da
tarde, havia um tacacá no centro ou ainda se comia uma boa maniçoba. Nem falo
de caranguejo ou de deliciosas tapiocas no café da manhã. Mas, é da vida, as
coisas passam. Porto Velho possuía um bom carnaval, festas juninas maravilhosas,
um ar provinciano e pacato que sumiu com o tempo.
Somem
muitas coisas no tempo. O Luís Matos, um escritor de fatos e coisas do Guaporé,
lembrava que sumiu o costume de dançar a “Desfeiteira”, dança típica do Vale do
Guaporé ao som de acordeon, sanfona ou fole, qualquer nome que se queira dar,
que podia ser acompanhada do pandeiro, se existisse, mas, invariavelmente, do
bombo, um instrumento de percussão, feito artesanalmente de couro de viado
retesado sobreposto a um pau oco de um metro. Um instrumento rústico de bom
som, porém, de poucas notas, daí o som monótono e repetitivo, o mesmo tra-lá-lá
sempre. Que era animado era. A diferença da dança consistia em que, quando o
sanfoneiro parava, o par que se encontrasse na sua frente tinha obrigação de
dizer um verso alto para todo mundo ouvir. Muitas vezes os versos que saíam
eram irreverentes e havia pares que fugiam, mas, o sanfoneiro ia atrás para obrigar
todos a declamar um verso. Muitos eram jocosos e, mesmo os imorais, eram de uma
imoralidade implícita. Também sumiu o costume denominado “saca-borracho” (tira
bêbado) que era o de, logo ao começar o baile, o dono da casa apresentar uma
criança de colo como autoridade máxima. Se alguém se excedia na cachaça, logo
aparecia o pai com a criança e o mandava dormir. Ia compulsoriamente, sem
reclamações. Outro costume que desapareceu foi a parte do chapéu, que era um baile onde um dos
dançantes aparecia com um chapéu e dançando colocava na cabeça do outro. Que
procurava se livrar rápido, pois, se a parte terminava, a música parava, quem
estava com o chapéu na cabeça pagava um litro de vinho para as damas. São
costumes que se perderam no tempo. Como o famoso “Bloco da Cobra” são só
saudosismo rondoniense.
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