Houve
um tempo onde o jornal foi a única maneira viável de se manter informado, de se
ter acesso as notícias. O jornalismo, nesta época, arrebanhava leitores, era o
centro das atenções e, por isto mesmo, quando bem feito, se traduzia, de
imediato, em gordas receitas publicitárias. O fim desta era de predomínio, e
conforto, das mídias impressas se verificou com o surgimento da publicidade
digital, e se agravou, depois, com as mídias sociais. O jornal, de fato, foi
levado as cordas, de vez que as receitas se evaporaram. A publicidade diminuiu
e o jornalismo passou a perder fatias expressivas de suas receitas. De forma
que, início dos anos 2000, os jornais, as revistas, a mídia impressa, de uma
forma geral, começaram a escorregar, alguns lentamente, outros, de forma
acelerada, para o abismo.
A
publicidade na mídia impressa perdeu proeminência e seus números, ainda mais
comparados aos custos, pareciam minúsculos comparados ao alcance do meio
digital, das redes sociais, capazes de atingir, e segmentar, um público cada vez maior. As receitas de
impressão despencaram, a web assumia de vez o protagonismo e até se apregoava,
reiteradamente, que era o fim do papel, que ninguém mais lia os papéis. O
jornalismo teve que, rapidamente, se adaptar. As mídias de papel tiveram que
aderir ao digital para sobreviver. As formas digitais tomaram, definitivamente,
o palco e, como consequência, os jornalistas foram demitidos, as redações
ficaram vazias, e a questão ficou reduzida a produzir conteúdo da forma mais
barata possível. Claro que não foi a solução para os problemas, na medida em
que a qualidade do jornalismo diminuiu sem impedir que uma sucessão de empresas
fechassem suas portas. É uma competição desigual: mídias sociais proporcionam conteúdo
gratuito. Jornalismo tem custos e custos elevados. Não tem como competir com
preços livres. E o modelo de vida baseado na publicidade está morto e
enterrado. É preciso um novo modelo.
Até
agora não parece ter se encontrado este caminho. Mas, por outro lado, há uma
explosão de mídia impressa e segmentada acompanhada de uma mortalidade muito elevada.
Isto somente mostra que existe espaço, e mercado, para o jornalismo de
qualidade; que, ao contrário do que muitos apregoam, o jornal, a revista, não
vão morrer. Persiste, todavia, o grande problema como fazer um jornal, uma
revista lucrativa. A mídia impressa, a velha e boa mídia impressa, tem lugar no
mundo moderno, mas, precisa ser de boa qualidade, analítica, agregar
informações relevantes. Num momento em que há uma falta de confiança
generalizada nas instituições, nos políticos e nos poderes, que põe em risco a
própria democracia, em que o capitalismo que garantiu a liberdade, o
individualismo e a fé estão sendo questionados, as pessoas, cada vez mais,
procuram quem possa lhes dar direção, parâmetros, meios
de entender a realidade e agir. Este é o papel dos jornalistas que farão a
mídia impressa sobreviver. O caminho não
pode ser o da rapidez do mundo midiático, do fast-food das notícias ou do
desfile de fofocas sobre celebridades. O público já recebe isto de graça nas
redes sociais. Já está viciado nos cliques. O jornal, a revista para criar um
novo público precisa desintoxicar, ultrapassar o superficial e oferecer aos que
procuram verdades, a melhor versão possível dela. Só isto não basta. Fazer
jornal está além dos jornalistas. Ainda falta quem delineie uma forma lucrativa
de fazer mídia impressa, mas, a crise é a mãe da invenção. Enquanto isto não
acontece muitos jornais e revistas continuarão a morrer.
Ilustração: Jornal Correio do Brasil.
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