Reforma, o nome
já está dizendo, é algo que se faz quando o que existe tem problemas. Em geral
se reforma algo que não está dando certo seja uma casa, uma política ou um
governo, no fundo, se precisa consertar
algo que não funciona direito. O sentido seria o de melhorar, buscar a solução
de alguma coisa ou de mais espaço ou conforto. Ocorre que, em política, como se
sabe, reforma vira redistribuição de cargos. E, na grande maioria das vezes,
não se melhora, nem se conquista espaço, mas, se faz trocas pela pressão dos
problemas políticos, ou seja, quem faz cede às circunstâncias e faz trocas
cedendo poder. Não deve ser muito diferente com a reforma que anuncia a presidente
Dilma Rousseff que, tem como fito apenas acalmar o PMDB e PSD. Não é uma
questão gerencial. É uma questão de tentar rearrumar o tabuleiro do xadrez
eleitoral de 2014.
Começa pela cessão ao PSD do recém-criado
Ministério da Pequena Empresa. Fruto de pressão das entidades dos micros e
pequenos que desejavam mais espaço e, mais uma vez, são frustrados. Como em todas
as iniciativas deste segmento o poder federal sempre atende sem nada dar de
fato. Nem precisa lembrar do Estatuto da Micro Empresa ou o Simples que, são
melhoras pontuais que somem na burocracia, no exercício efetivo. A operação se
repete: conseguiram um ministério para, ironia maior, premiar Kassab, um
administrador que, por descuido, ajudou o PT!Também se fala, com outros
ministérios, em se premiar o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif
Domingos, e o peemedebista Gabriel Chalita, ex-PSDB, que ajudou a eleger Haddad.
E, se comenta, o PMDB vai ganhar o Ministério da Ciência e Tecnologia. Não
serão, pelo jeito, alterações significativas. Só mesmo um cala boca, uns afagos
pontuais. Ainda assim Dilma, por menos alterações que faça, até agora, só nos
dois primeiros anos do mandato, trocou 15 ministros!
O ponto nevrálgico da questão é
de que este tipo de reforma, como tantos outros similares, peca por não ter
efeito prático nenhum. Não muda a forma de governar, não aprimora o governo,
não se faz em busca de melhor execução e eficiência. Nem mesmo, em termos
políticos, faz sentido. Os partidos somente topam entrar neste jogo pelos cargos
ou na tentativa de criar feudos, sem preocupação outra que não a de buscar
formas de empregar aliados ou gerar fundos, ou seja, plantar as sementes de escândalos
futuros. É a partilha de um botim imaginário que pode, ou não, ser concreto.
Mas, nada significa, em termos de coalização ou apoio ao governo. É, de ambos
os lados, um faz de contas. É só a propaganda de que se muda, mas, somente dançam
os nomes em torno das cadeiras. A política real está longe de passar por tais
reformas e, se não houver uma mudança real, a fama de “gerentona” de Dilma irá
se desgastar com a continuidade da falta de execução e o aumento contínuo dos
restos a pagar, que tem sido marca de seu governo. Não será esta reforma que
irá alterar os pífios números da economia. É preciso que se mudem os rumos da
política econômica.
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