Na semana passada foi
notícia em toda a imprensa o resultado do Pisa, o
Programa Internacional de Avaliação de Alunos, que se trata de um ranking
organizado pela Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é aplicado a 470 mil alunos
de 15 anos, oriundos de 65 países industrializados, incluindo países emergentes,
que é, sistematicamente, feito de três em três anos para comparar os níveis e
os investimentos em educação nos diversos países. Infelizmente, como é do
conhecimento geral, o Brasil, neste século XXI, tem se notabilizado por não
sair das últimas posições. Por mais que se tente despistar o vexame, a
realidade é que estamos em 55.º lugar em leitura e compreensão de texto; em
58.º na matemática e 59.º em ciências, e, no cômputo geral, em 55º lugar.
Não é
surpresa para ninguém este resultado. Efetivamente a educação somente tem sido
prioridade no discurso político e está longe de ser na prática, no dia à dia.
Em relação à educação, em todos os campos, há muita retórica e pouca mudança. A
grande realidade é que os professores, além de mal pagos, estão completamente
desamparados em escolas normalmente em nada (e muitas vezes em condições muito piores)
do que as do século passado. Cobra-se do
professor que resolva os problemas da educação quando ele, como os alunos,
acabam sendo as maiores vítimas de um sistema que os condena a serem olhados
como coitadinhos, como mera massa de manobra, e de pancada, para a inércia que
torna o sistema educacional o setor mais atrasado de nossa realidade.
Há uma
completa pasmaceira, que é coberta por planos e promessas falaciosas, como a de
investir 10% do PIB na educação. Investir mais dinheiro na educação do jeito
que está é o mesmo que insistir em tratar o doente dando mais de um remédio que
não funciona. A questão real não é dinheiro, embora o dinheiro possa ajudar,
mas, sim de instrumentos, de gestão, de determinação de mudar, de fato, a
educação no País. Um exemplo fantástico disto é o de que, enquanto as
universidades federais e seus cursos aumentam o número de alunos em condições
precárias, se gastam milhões na criação de novas universidade e escolas
técnicas, em geral em edificações, por razões bastante plausíveis
politicamente, mas, que não resolvem nada em termos educacionais.
Somos um país no qual se cobra dos professores a
produtividade dos professores norte-americanos, que ganham 20% a mais do que a
média de todos os salários do país, enquanto os pobres professores brasileiros
ganham 20% a menos. Como a carreira não é atraente será que os melhores a
procurarão? E, muitos, sem o menor preparo, desprestigiados e desanimados,
ainda enfrentam na sala de aulas jovens que vivem no tempo da internet, dos
vídeos, dos audiovisuais e dos games, com cuspe e giz. Como resultado será que é
de estranhar que 5,3 milhões de brasileiros, entre 18 e 25 anos, não estudam
nem trabalham? Será que espanta saber que 23% dos jovens da faixa etária avaliados
pelo Pisa não estão sequer na escola e que 70% deles são mulheres, pessoas que,
em tempos passados, seriam as sementes de grandes professoras? É tempo de olhar os resultados do Pisa como o que eles
são: o fracasso do modelo político brasileiro. Um sinal de alerta de que é
preciso acabar com o País de faz de contas e construir o Brasil real e começar
por cuidar, de fato, da educação.
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