Aconteceu em Rondônia,
mais precisamente no Audicine do SESC Esplanada de Porto Velho, neste último
dia 19 de março, quarta-feira, o lançamento nacional do Projeto Palco Giratório
2014, que será estendido para mais de 120 cidades brasileiras que receberão 768
apresentações artísticas previstas para acontecerem até o mês de dezembro. O
público rondoniense teve a oportunidade de assistir, na noite da quarta-feira
(19), no Teatro Um do Sesc Esplanada, o espetáculo de abertura comandado pela
Companhia Solas de Vento, de São Paulo, com a apresentação do espetáculo
“Homens de Solas de Vento”. É a 17ª edição do Palco Giratório, uma ação ímpar
no cenário cultural brasileiro, que muito tem ajudado na consolidação, na
promoção e difusão das artes cênicas a partir da circulação de espetáculos,
grupos e coletivos de teatro, dança e circo. Trata-se de uma iniciativa, de
caráter nacional do Serviço Social do Comércio-SESC que tem como objetivo estimular
o exercício da cidadania cultural, a diversidade, a formação e o
desenvolvimento de aptidões e práticas artísticas que envolvem oficinas,
debates, intercâmbios, pensamentos e conversas com os públicos depois dos
espetáculos.
É, no momento atual,
sem sombra de dúvidas, o maior estímulo nacional ao estudo, à pesquisa de
metodologias e de criação artística e de fomento às produções locais, ao mesmo
tempo, que estabelece parcerias institucionais e favorece o intercâmbio
cultural entre os artistas, produtores e o público. Esta ação somente se torna possível pelo
sistema de gestão compartilhada entre o Departamento Nacional do SESC e seus
departamentos regionais que, em cada estado, possibilitam uma ação cultural que
se caracteriza por uma imensa diversidade e efetiva abrangência nacional.
Importante também é o fato de se ter estabelecido uma rede de artes cênicas e
consolidado uma Curadoria Nacional que faz a seleção de espetáculos para compor
a programação do Palco Giratório a partir de critérios que se baseiam na
filosofia dos grupos, na capacidade de formar e na criatividade, de modo que, o
que se busca, é dar oportunidade ao diverso sem perder de vista os impactos e
os contextos sociais. A gerente de cultura do Departamento Nacional do SESC,
Márcia Rodrigues, afirmou que serão mais de 500 mil pessoas assistindo às
apresentações nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. Para ela, "O
Palco Giratório existe há 17 anos, este é o quarto ano de lançamento nacional,
pela primeira vez, com muito orgulho, sendo realizado em Rondônia. Nosso
objetivo é promover o intercâmbio e a articulação de grupos teatrais, de dança,
enfim, formar aldeias culturais. Saímos do tradicional eixo sul, consolidamos
novos lugares e públicos".
Mas, o que de fato
diferencia o Palco Giratório é sua capacidade de promover o que o próprio
Ministério da Cultura não consegue, que é uma política cultural que fomenta a
formação e a criatividade. O projeto abre espaço para o novo e consegue
abranger os diversos olhares da produção nacional, a partir de uma avaliação
sensível e honesta dos artistas e seus trabalhos, sem privilegiar, como
normalmente acontece, os nomes já estabelecidos e atentando para os processos e
dinâmicas capazes de gerar discussões, reflexões e até mesmo a perplexidade.
Enfim, a grande vantagem do projeto tem sido a capacidade de fortalecer e
desenvolver a produção local e lhe proporcionar possibilidades de alcançar
outras fronteiras. Nada mais significativo que registrar o depoimento do ator Daniel
França, de um grupo do Amazonas, que fez questão de deixar claro sua felicidade
em participar afirmando que "Nunca imaginei que eu pudesse ser integrante
do Palco Giratório. Era um sonho pra mim, e hoje me sinto feliz e realizado com
isso. O Sesc é uma instituição privada que não deixa o teatro morrer, e que faz
por nós, artistas, muito mais até do que o poder público faz". De fato, o
Palco Giratório é um grande promotor das novas formas, um repositório de
diferenças e uma amostra de que é possível se promover cultura de forma
democrática, coletiva e representativa da riqueza cultural brasileira. Por isto
mesmo é um projeto que veio para ficar e de que se pode construir um país
melhor com trabalho e a determinação, mas, sem o desejo impor formas, mas, sim
a capacidade de organizar, de coordenar a imensa diversidade que caracteriza o
nosso país. O Palco Giratório é a maior prova de que não se pode desejar inovar
com um pensamento único. Só a diversidade é que nos salvará.
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