Não
sei se vocês ainda lembram, mas, a afastada presidente Dilma, lá pelo começo de
março, fez, em rede nacional, um discurso culpando a crise mundial pelos problemas
do Brasil e pedindo paciência aos brasileiros.
Recebeu, como bela e imediata resposta, pelo país inteiro, e ainda mais
nas grandes capitais, gritos, vaias, xingamentos, panelas batendo e buzinas protestando
contra seu pedido bizarro. Não era para menos, pois, no seu discurso, no Dia da
Mulher, teve o desplante de dizer que as dificuldades que o país estava passando
resultavam da crise financeira mundial e da "maior seca da história",
e completou com assombrosa falta de senso que "Entre muitos efeitos
graves, esta seca tem trazido aumentos temporários no custo da energia e de
alguns alimentos. Tudo isso, eu sei, traz reflexos na sua vida. Você tem todo
direito de se irritar e de se preocupar. Mas lhe peço paciência e compreensão,
porque esta situação é passageira". Incrível, mas, teve a coragem de dizer
que o Brasil tem condições de vencer os "problemas temporários" e que
o governo absorveu, até o ano passado, todos efeitos negativos da crise e que
"agora" tem "que dividir parte deste esforço com todos os
setores da sociedade”, de forma que a
vitória "será ainda mais rápida se todos nós nos unirmos neste
enfrentamento”. São palavras de quem, como se viu a forma com que foi festejado
seu afastamento, se encontrava completamente fora da realidade.
A
cristalina verdade é que o brasileiro não tem mais paciência nem compreensão.
Os números da violência refletem isto, mas, não são frutos apenas dos roubos gritantes
e sorrateiros, como no caso ora revelado dos consignados, e da corrupção que a
Lava Jato já mostrou ser sistêmica. É muito mais do que isto. A revolta do
brasileiro, que se revela diariamente, vem de que os políticos que deveriam ser
os canais de resolução dos problemas da sociedade viraram solucionadores de
seus próprios problemas. A sociedade brasileira acordou ao ver que, além de
arcar com uma carga monstruosa de impostos, de carregar no lombo o desperdício e
a corrupção, ainda por cima suporta a mais hedionda burocracia do mundo. É incrível
a carga de exigências de atestados, de documentos, de comprovações que os
brasileiros enfrentam a cada dia. Até em bancos oficiais, que deveriam primar
por atender ao público, para se ser atendido, é preciso enfrentar três filas ou
para pagar impostos se sofre com emissões de guias, com cadastros, com senhas e
acessos que não funcionam. A verdade é que, qualquer coisa pública no Brasil,
funciona sempre contra o brasileiro. O governo nos ensina que só temos deveres,
seja de pagar impostos, de prestar informações, de estar com tudo em dia, mas,
por outro lado, e os direitos? Os direitos, como se comprova parece que se
restringem aos cidadãos de primeira classe, os poderosos e os políticos, ou aos
que nada tem que são assistidos como “coitadinhos”. Enfim, chegamos ao cúmulo
do absurdo quando o Partido dos Trabalhadores, ao ascender, perseguiu,
justamente, quem trabalha. Não é de estranhar, portanto, que não haja mais
paciência nenhuma nem com a política, nem com governos. O Brasil precisa,
inclusive para voltar a ter paciência, de menos governo, menos impostos e menos
ainda de burocracia.
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