O Brasil vive tempos visceralmente novos, embora, o velho sempre teime
em morrer e, principalmente, resista na forma de tentativa de
enquadramento por meio da burocracia, muitas vezes, da utilização
maléfica da própria liberdade, mas, em especial, na mente das pessoas
que não mudam, que não percebem que velhas formas não funcionam mais,
com a mesma eficiência, quando se está diante de um período totalmente
novo, no qual houve uma explosão de protesto multifacetado,
policromático, independente e, notadamente, articulado por pequenos
grupos, das redes sociais, do marketing viral, que não segue as regras
que foram utilizadas no passado. A ida as ruas, neste mês de junho, em
todo o Brasil, nos seus poucos dias, conseguiu mobilizar um espectro
importante da sociedade, composto pela classe média que tem sido,
sistematicamente, reprimida e espremida, pelas políticas públicas e por
impostos, cada vez maiores, e um autoritarismo sufocante que, na suposta
defesa de direitos sociais, impede e sufoca até mesmo o tradicional
humor brasileiro com a imposição legal de coisas que não tem nada a
haver conosco como é o caso do politicamente correto ou da imposição de
cotas raciais numa sociedade por si mesmo já miscigenada. Este que, pode
ter sido o início de outros movimentos ainda imperceptíveis, mas, que,
certamente, virão, não somente porque os tempos de tais lideranças se
esgotaram, como pelo fato de que o fenômeno que assistimos foi o de um
furacão, que se formou inesperadamente, concentrando uma grande força
reprimida, saiu arrasando pelas ruas e que, todavia, permanece, depois
dos estragos, em estado latente, sem se dissipar, com uma força e uma
capacidade de se formar novamente, a qualquer instante, basta que se
reproduzam motivos para novas insatisfações. O que ficou patente,
explícito, demonstrado é que foi uma reação ao partido que está no
poder, aos políticos que estão no poder. É sim uma reação da classe
média, embora com muito apoio das classes mais baixas, contra absurdos
como a brutalidade policial, os horrorosos serviços públicos e até mesmo
a perda de renda e de importância das pessoas que tem conhecimento, que
tem sido execrada seja como funcionários públicos, seja sob o nome, que
deveria ser elogioso, de “elite”. Afinal, em qualquer país do mundo
civilizado, o que se espera é que seja a elite quem vá dirigir seus
destinos e não os despreparados, os menos cultos. Pode-se dizer que este
tipo de movimento também acontece nos países desenvolvidos, na
Argentina e na Venezuela. É verdade. Porém, também lá é o cansaço dos
governados com os governantes, é o mesmo descompasso entre o que se
espera e o que a representação política faz. Em especial é, de uma forma
clara, o cansaço com as esquerdas- para se termos um diagnóstico
realista. Que ninguém espere que saía deste movimento lideranças ou um
partido. Não é provável. O provável é que o povo descobriu que não
precisa de sindicatos, partidos políticos, associações de classes ou
qualquer tipo de instituição, para exercer sua força e que os políticos e
governantes precisam atender as demandas e insatisfações da sociedade.
Foi como se fosse um basta as manipulações. No meio da Copa das
Confederações disseram que desejavam mais do que “Pão e Circo”. É
evidente que a compreensão deste momento ainda irá ser adequadamente
clarificada, embora, já tenha mudado o jogo e dado um chute nas velhas e
conhecidas formas de controle. Quem está no poder que se cuide. Com o
monstro nas ruas mais do que nunca o poder será efêmero.
Nenhum comentário:
Postar um comentário