Considerado um dos mais
brilhantes economistas do Brasil, com participação na elaboração dos Planos
Cruzado e Real, o Doutor em Economia e economista André Lara Resende, numa
entrevista veiculada no Estado de São Paulo, no dia 07 de julho último, sob o título
“Projeto do PT parece o do regime militar”, afirma que o mix de políticas do
governo federal está equivocado, pois, para que a economia melhore será
indispensável que se estimule a oferta de moedas e os investimentos e não, como
tem sido feito, estimular a demanda e o aumento dos gastos públicos correntes.
Segundo ele,
“Espantamos o investimento estrangeiro de longo prazo com a falta de
estabilidade das regras, com uma regulação barroca e discriminatória, com uma
política macroeconômica incompetente e a opção pelo capitalismo de Estado”. E
complementa que “A partir de 2008, o PT adotou um projeto anacrônico. O curioso
é que ele é parecido com o do regime militar. Esse projeto está levando ao
crescimento medíocre. O governo usou o pretexto da crise financeira nos países
avançados para aumentar os gastos públicos e dar estímulos ao consumo”. Também
afirmou que “Se após a crise de 2008 fosse para fazer política macroeconômica
anticíclica (conjunto de medidas que em período de retração econômica incluem
redução de tributos, aumento do crédito e do gasto público para ativar a
economia), a opção correta teria sido baixar os juros e não aumentar os
gastos”.
E criticando a falta de
aproveitamento do Brasil em relação ao otimismo do mundo em relação ao nosso
país declara que “Perdemos, é verdade, uma grande oportunidade”. E segue
dizendo que “Deveríamos ter aproveitado a oportunidade para investir mais e
melhor na infraestrutura e na educação, principais fatores determinantes da
produtividade”. E fazendo um chamamento para a revisão do modelo de crescimento
econômico brasileiro afirma que “O projeto de desenvolvimento do século 21 deve
levar em conta as evidências de que o bem estar depende da qualidade de vida,
cujos elementos fundamentais são o sentido de comunidade e a confiança nos
concidadãos, a saúde, o tempo com a família e os amigos e a ausência de stress
emocional. As grandes propostas totalizantes ideológicas deixaram de fazer
sentido”.
E, como um analista
preciso, completa “Hoje o que importa são questões concretas relativas ao
cotidiano, à eficiência administrativa. É preciso rever um Estado que absorve
36% da renda nacional, mas, investe menos de 3% e consome grande parte dos
recursos para sua própria operação. O Estado não pode continuar a ser percebido
como um expropriador ilegítimo de uma fatia expressiva da renda da sociedade,
sem contrapartida de serviços à altura, como um criador de dificuldades em
todas as esferas da vida”.
Não é preciso mais
tecer muitos comentários no que está muito bem colocado. De certa forma um
Estado é melhor quanto menos incomoda o cidadão, quanto mais suas regras são
estáveis e permite maior previsibilidade e transparência nos negócios. O que
André Lara Resende colocou, com propriedade, é que as ruas pediram seriedade e
eficiência do Estado e, isto somente será possível, com a revisão do projeto
político que se encontra em andamento. Não se trata apenas de um crescimento
maior, ou menor do Produto Interno Bruto-PIB, se trata de que ou mudamos nossa
política macroeconômica ou, de fato, tenderemos a piorar ainda mais os nossos
problemas que já são imensos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário