É
claro que os que usam viseiras ideológicas, que são bem menos do que se possa
imaginar, e os que ganharam ou ganham, ou queriam ganhar com o governo Dilma, vão
continuar sempre a dizer que o impeachment dela é um golpe. Se foi um golpe foi
o primeiro golpe popular da história brasileira. Há até mesmo os mais sem
parcimônia que utilizam a velha e surrada defesa de que só os governos do PT
fizeram algo em favor dos pobres. O grande problema disto são os números, que,
apesar de imensamente torturados nos tempos atuais, não conseguem mais esconder
o malogro inevitável de um governo que teve como pretensão contrariar a lógica
mais comezinha. Basta apontar que não existe um caso de desenvolvimento real
via estado. Países desenvolvidos, todos os conhecidos, são de livre mercado e,
mais do que isto, só com livre mercado pode existir liberdade.
Mas,
os pecados dos governos do PT, além do pecado original de desejar que o estado
dominasse tudo, passam também pelos erros primários de condução da
administração pública. Lula, que saiu com uma aprovação recorde, no seu
primeiro governo foi responsável pelo “Mensalão”, obra que por si só, já
merecia o impeachment que ele havia pedido para todos os governos anteriores. E
mais responsável ainda por, quando navegava em mar de brigadeiro, tendo herdado
um país com todas as condições de criar um futuro melhor, sentou-se em cima do
marketing para refazer sua própria biografia e não moveu uma palha para
modernizar o país, melhorar a gestão pública, mudar a sociedade e, para
completar a obra pífia, elegeu uma pessoa sem nenhuma experiência política, que
não se elegeria a síndico de seu prédio, para governar o país vendendo a imagem
de eficiência gerencial que, como seria de se esperar, foi decepcionante.
O
governo de Dilma, por herança e continuidade do populismo barato, levou adiante
a farsa de criar desenvolvimento via crédito e consumo, algo insólito na
história humana, e acentuou, aliás, acentuou não, potencializou os erros nas
políticas relativas aos combustíveis e à energia, área em que, supostamente,
Dilma seria uma especialista. As denúncias da Lava Jato, a descoberta do
Petrolão, foi a cereja do bolo. Se há um golpe é, sem dúvida, um golpe popular
e legítimo. É o golpe do povo que foi às ruas dizer que precisa de um governo
que cumpra seu papel. O governo Dilma chegou, e foi um pouco além, do limite
suportável. E a classe política, verdade seja dita, foi empurrada, impelida a catapultá-la.
Por
esta razão nem mesmo se espera muito do governo Temer, principalmente, porque o Brasil
pós-PT é uma terra arrasada. Serão preciso muitos anos somente para recuperar o
estrago de dois anos de Produto Interno Bruto-PIB caindo numa média de -4% e
para recuperar a destruição das finanças públicas, porém, pelo menos, o Brasil
passa a ter esperança em um governo melhor, um governo que, em primeiro lugar,
faça o dever de casa, controle as finanças, para podermos retomar o desenvolvimento. O momento é de
buscar reconstruir o país dos escombros de uma política ruinosa para o nosso
futuro. Claro que desejaríamos ter políticos melhores, porém, não se pode fugir
da realidade de que teremos que trabalhar com as cartas disponíveis e exercer a
cidadania da forma como foi feita para limpar o caminho da reconstrução.
Nenhum comentário:
Postar um comentário